Guilherme Kolling, de Tóquio
Uma das agendas que mais gerou expectativas quando foi anunciada a missão do governo gaúcho ao Japão e à China aconteceu na manhã desta terça-feira (19), em Tóquio: a reunião do governador Eduardo Leite com dirigentes da Toyota na sede da empresa. Isso porque a montadora japonesa confirmou um plano de investimentos de R$ 11 bilhões para o Brasil e já demonstrou interesse em ampliar suas atividades no Rio Grande do Sul.
Um centro de distribuição (CD) da Toyota opera em Guaíba desde 2005. Funciona como uma “porta de entrada” de dois modelos de carros fabricados pela empresa na Argentina, Hilux e SW4. Os veículos são recebidos e “nacionalizados” na unidade gaúcha, onde ocorre a finalização da montagem, com peças instaladas no Estado, fornecidas por duas fabricantes locais.
A prefeitura de Guaíba informa que já há área ao lado do CD disponível para uma eventual ampliação, que incluiria o recebimento de dois novos modelos da Toyota feitos em solo argentino. Um começou a ser fabricado neste ano, trata-se da van Hiace, que antes era importada do Japão.
CD da montadora japonesa no Estado foi debatido em reunião com dirigentes da empresa no Japão
Mauricio Tonetto/Palácio Piratini/Divulgação/JC
Após o encontro com dirigentes da Toyota, que ocorreu em reunião fechada à imprensa, o governador destacou a importância da visita para fortalecer a relação de confiança e viabilizar eventuais futuros investimentos em solo gaúcho. “A decisão de novos investimentos não parte da noite para o dia, passa por uma relação de confiança, que estamos buscando estabelecer nessa nossa vinda aqui no Japão”, afirmou.
Nesta entrevista, Eduardo Leite ainda informa que o Estado está disposto a conceder novos incentivos para que a Toyota amplie suas atividades no Rio Grande do Sul. E informa que, além de debater a operação do CD de Guaíba, também falou com os dirigentes da indústria japonesa sobre descarbonização e veículos movidos a hidrogênio.
Jornal do Comércio – Há uma expectativa pela ampliação do CD da Toyota em Guaíba, com a importação de novos modelos de carros da Argentina. E também que o Estado receba uma parte dos R$ 11 bilhões de investimentos anunciados pela empresa para o Brasil. Houve alguma sinalização neste sentido?
Eduardo Leite – O esforço aqui (no Japão) é posicionar o Rio Grande do Sul para essas empresas, incluindo a Toyota, para destacá-lo aos olhos dos possíveis novos investimentos que venham a fazer. Já existe uma operação da Toyota no Rio Grande do Sul, que faz hoje a importação da Hilux e a instalação da proteção da estrutura da caçamba. Nós apresentamos a eles a possibilidade de novos incentivos ajustáveis, porque o Estado está disponível para conversar sobre incentivos para viabilizar novos investimentos que a Toyota observe para o País. E também, como a Toyota lidera discussões para implantar o uso do hidrogênio como matriz energética para os veículos do futuro, posicionar que estamos discutindo no Estado a respeito do tema. Nós acreditamos que a decisão de novos investimentos não parte da noite para o dia, passa por uma relação de confiança que se estabeleça. Essa relação de confiança nós estamos buscando estabelecer nessa nossa vinda aqui no Japão. Ou seja, mostrar com clareza o desejo, a disposição, o interesse e os ativos que o Rio Grande do Sul tem para novos investimentos que a Toyota venha a fazer.
JC – Foi um momento de aproximação, para preparar a possibilidade desse futuro investimento em Guaíba...
Leite – É isso. Até porque um tema muito importante de posicionar para a Toyota é a qualidade de mão de obra, de recursos humanos que temos, da formação técnica que o Estado consegue prover em termos de recursos humanos, a luz dos desafios que a própria empresa enfrenta, mesmo no Japão, porque tem uma população envelhecendo mais aqui, vão procurar novos mercados, e o mercado sul-americano é um dos mercados que deve estar sob os olhares. Tanto é que estão fazendo os investimentos anunciados recentemente, e queremos posicionar o Rio Grande do Sul para que a decisão de investimentos (em solo gaúcho) possa acontecer.
JC – Mas na reunião, falaram especificamente de Guaíba?
Leite – Falamos de Guaíba, falamos de Guaíba... E falamos sobre as perspectivas do Estado em termos de energia renovável.