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90 anos do jc

- Publicada em 24 de Maio de 2023 às 16:32

JC 90 anos: Do sonho de Jenor Jarros nasce um novo jornal

Com pouco mais de 20 anos, Jenor Cardoso Jarros decidiu criar um boletim informativo do comércio em Porto Alegre

Com pouco mais de 20 anos, Jenor Cardoso Jarros decidiu criar um boletim informativo do comércio em Porto Alegre


/ARQUIVO/JC
A sigla JC remete ao Jornal do Comércio e às iniciais do fundador da publicação, Jenor Cardoso Jarros. Não por acaso, a empresa que publica o diário de economia e negócios do Rio Grande do Sul se chama Empresa Jornalística J. C. Jarros. As histórias do jornal e do homem se confundem: o respeitável tabloide de páginas coloridas que, aos 90 anos, publica diariamente centenas de notícias nasceu de um sonho de Jenor: ter seu próprio negócio e ser editor de um jornal.
A sigla JC remete ao Jornal do Comércio e às iniciais do fundador da publicação, Jenor Cardoso Jarros. Não por acaso, a empresa que publica o diário de economia e negócios do Rio Grande do Sul se chama Empresa Jornalística J. C. Jarros. As histórias do jornal e do homem se confundem: o respeitável tabloide de páginas coloridas que, aos 90 anos, publica diariamente centenas de notícias nasceu de um sonho de Jenor: ter seu próprio negócio e ser editor de um jornal.
Com pouco mais de 20 anos, decidiu criar um boletim informativo do comércio em Porto Alegre, cidade que em 1933 tinha 300 mil habitantes. O País era comandado por Getúlio Vargas, e o mundo ainda sentia os efeitos da crise internacional com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929.
Mas o jovem estava decidido a levar adiante seu empreendimento. Tomou um empréstimo, comprou uma velha máquina de escrever Remington, um mimeógrafo usado e alugou uma apertada salinha na rua General Câmara, nº 28.
Nascia o Consultor do Comércio, periódico que informava aos atacadistas da época a entrada de produtos coloniais na Capital e o movimento de vapores no porto, como eram chamados os grandes navios cargueiros.
Jenor Jarros tinha força de vontade e conhecimentos adquiridos quando trabalhou para Alencastro Antunes, que também editara um boletim - os assinantes depois foram herdados pelo Consultor do Comércio.
Ele contava ainda com dois colaboradores decisivos para o sucesso da empreitada: sua noiva Zaida e o amigo Ismael Varella - ambos, aliás, seguiram no Jornal do Comércio após a morte do fundador, décadas mais tarde.
Nos anos 1930, Zaida era uma jovem professora que, à noite, depois do expediente, revisava a soma dos números colhidos ao longo do dia para que fossem datilografados corretamente ainda na manhã seguinte bem cedo, passados no mimeógrafo e distribuídos aos assinantes do boletim. Varella era o braço direito de Jenor.
Assim, o pequeno grupo fazia todas as tarefas necessárias à circulação do boletim. "Aquele homem que, ainda no verdor dos anos, percorria a cidade com um maço de jornais debaixo do braço... Poucos sabiam que aquele homem solitário carregava muito mais do que um simples pacote de jornais: ele carregava um tesouro. Estava vivendo o sonho de um jornal, que já estava nascendo, como modesto boletim", descreve o jurista Francisco Talaia O'Donnell, contemporâneo de Jenor Jarros e depois colaborador do jornal.
As poucas páginas impressas em formato de jornal foram crescendo e conquistando assinantes no Rio Grande do Sul. "Jenor Jarros costumava dizer que ele era tudo no jornal: editor, diretor, entregador e faxineiro. Poucos são os que poderão dar testemunho de como foi árdua e difícil a caminhada inicial que transformou em realidade o grande sonho do fundador do Jornal do Comércio. Fica aqui o testemunho de um grande admirador da obra que viu nascer e crescer. Alguns, quando viam Jenor sobraçando seu jornal, comentavam mais ou menos assim: 'Coitado do Jarros, perdendo seu tempo numa luta inglória, com esse jornal que jamais poderá crescer, pois ele não tem capital, não tem máquinas, não tem nem sede. É mais uma iniciativa que morre na praia'. Estes não imaginavam que, além do jornal, ele carregava algo mais, um sonho, grande sonho que o conduzia", conta O'Donnell, em artigo no livro Jornal do Comércio 60 anos, do jornalista Homero Guerreiro.

Do mimeógrafo à impressão em cores

No começo, nos anos 1930, Consultor do Commercio era feito em mimeógrafos

No começo, nos anos 1930, Consultor do Commercio era feito em mimeógrafos


REPRODUÇÃO/JC
A evolução editorial do Jornal do Comércio ao longo de nove décadas foi acompanhada pela modernização de sua impressão. No início, um mimeógrafo adquirido por Jenor Cardoso Jarros em 1933 garantir a impressão do boletim Consultor do Commercio.
Na década de 1940, pequenas impressoras passaram a ser usadas no trabalho. Eram complicadas de operar e frágeis — receberam dos funcionários os apelidos de "Mimosa" e "Dengosa".
O ano de 1953 marca um novo formato do então Consultor do Comércio e também a aquisição de uma impressora meia-folha, a Mercedes Original Glockner. A máquina, que exigia uma preparação com linotipos e uso de chumbo, foi utilizada até 1970. Nesse ano, em 9 de novembro, o Jornal do Comércio passou a imprimir em offset.
Uma máquina Goss Community havia sido encomendada por Jenor Cardoso Jarros, que não pôde acompanhar sua operação, pois faleceu em 1969. A estreia em offset foi alvo de grande expectativa, que culminou com uma festa, com direito a desfile da máquina em veículos identificados e presença de autoridades na primeira impressão.
Adaptada, a rotativa segue em uso até hoje. Mas o parque gráfico foi muito modernizado de lá para cá, especialmente depois dos anos 1990.
A primeira edição com capa e contracapa coloridas saiu 25 de outubro de 1999. Com novas máquinas adquiridas, o Jornal do Comércio passou a ser impresso totalmente a cores nos anos 2000. Com investimentos em tecnologia e maquinário, o JC conseguiu uma ótima qualidade em sua impressão, performance que é mantida até os dias atuais.