A linha de metrô que leva da estação central até o local onde ocorre a Feira de Hannover estava vazia no meio da manhã desta segunda-feira, primeiro dia de atividades do maior evento global de tecnologia industrial.
Além do excelente serviço prestado pelos trens locais – limpos, rápidos e com boa frequência – os vagões pouco ocupados eram um termômetro da feira de 2022, que retoma as atividades presenciais após dois anos de pandemia.
Ao invés dos 6 mil expositores que ocupavam os 27 pavilhões do local que sedia o evento, neste ano são cerca de 2,5 mil empresas, instituições e órgãos públicos com estandes. Ainda assim, é um espaço enorme, difícil de vencer em um dia, ainda que seja com uma caminhada em um bom ritmo. Para se ter uma ideia do tamanho da feira, ônibus circulam pelo local levando o público de um espaço a outro.
A inovação segue sendo o eixo principal de Hannover, com expectativas sobre o que seria apresentado após dois anos de pandemia. Uma caminhada pelos primeiros pavilhões da feira deixa claro que a automação, Indústria 4.0 e Inteligência Artifical seguem sendo palavras-chave nesse universo, e os robôs ou braços artificiais manejando caixas, objetos ou manipulando pequenas estruturas são o que mais atraem a atenção do público.
Gigantes alemãs como Siemens, Festo e Pepprl+Fuchs, com grandes estandes, chamam atenção, até com artefatos que voam, caso de um robô em forma de pássaro, que voava em um dos pavilhões vazios, comandado por controle remoto.
Outro fator que chama a atenção é a quantidade de empresas de alta tecnologia de Portugal, país parceiro da edição deste ano. É o caso da Afinomaq. Tal qual no espaço de empresas alemãs, havia um braço de robôs que trabalhava empilhando caixas, simulando uma linha de montagem em tamanho menor, adaptado ao espaço do estande. E também uma máquina para preencher embalagens de produtos alimentícios, como catchup e mostarda.
O diretor de vendas da Afinomaq, Ricardo Coelho, repetiu a seu modo o discurso do primeiro-ministro português, Antônio Costa, na cerimônia de abertura de Hannover, observando que Portugal é conhecido por suas belezas naturais, pelo vinho do Porto, pelo jogador Cristiano Ronaldo, mas não pela sua indústria de alta tecnologia, e que isso começa a mudar.
Para Coelho, em sua primeira participação em Hannover, outro fator que pode ajudar é a maior preocupação dos países em promover um comércio exterior que não cause dependência muito grande de um país, problema que emergiu com força a partir da invasão russa na Ucrânia – nações europeias promoveram sanções, mas são dependentes de energia da Rússia – e com o lockdown na China, afetando estoques e reposição de insumos em cadeias de produção.