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Publicada em 04 de Abril de 2025 às 08:51

CEO da Siemens Brasil diz que país deve mostrar sustentabilidade em Hannover 2026

Pablo Fava vê possibilidade de atrair investimentos industriais do mundo para o País

Pablo Fava vê possibilidade de atrair investimentos industriais do mundo para o País

Guilherme Kolling/Especial/JC
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Guilherme Kolling
Guilherme Kolling Editor-chefe
de Hannover A alemã Siemens é possivelmente a empresa com maior presença na Feira de Hannover. Além do seu megaestande no Pavilhão 9 do evento, sempre movimentado com visitas de delegações de todo mundo, a multinacional também está presente em diversas outras áreas, em parcerias com big techs e empresas de vários países.
de Hannover


A alemã Siemens é possivelmente a empresa com maior presença na Feira de Hannover. Além do seu megaestande no Pavilhão 9 do evento, sempre movimentado com visitas de delegações de todo mundo, a multinacional também está presente em diversas outras áreas, em parcerias com big techs e empresas de vários países.
Atento ao mercado europeu e conhecedor da realidade na América Latina, o CEO da Siemens Brasil, Pablo Fava, experiente em Hannover, avalia que a participação brasileira como país parceiro em 2026 pode ser um marco para futuros investimentos diretos estrangeiros no País, especialmente na área industrial.

Para isso, o executivo defende que seja mostrado o maior ativo brasileiro, a sustentabilidade das operações industriais no País – pela disponibilidade de recursos e energia –, e destacadas as oportunidades para empresas de todo o mundo reduzirem sua pegada de carbono atuando em território brasileiro.

Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Fava fala ainda da demanda de maiores estruturas para processamento de dados, o que também pode gerar negócios no Brasil, e da atuação da empresa no Rio Grande do Sul.

• LEIA TAMBÉM: Empresas trocam competição por cooperação na Feira de Hannover

Jornal do Comércio – O que o Brasil deve fazer para aproveitar ao máximo a oportunidade de ser o país parceiro da Feira de Hannover

Pablo Fava – Primeiro, temos que vender o nosso País aqui (em Hannover). Essa é uma feira internacional, com visitantes de todo o mundo, e uma grande oportunidade de se posicionar. Na nossa perspectiva Siemens, o que tem de vantagem no Brasil: cadeia alimentar segura, eficiente e sustentável. E, principalmente, qualquer produção que você faça no Brasil, as nossas indústrias têm uma infraestrutura com um grau de sustentabilidade muito maior do que a média mundial. Isso temos que explorar, pode ajudar muito a criar consciência sobre como o Brasil pode ser um ponto de investimentos industrias do mundo. Desde que você ataque a pegada de carbono, como fazer com que meu produto seja eficiente sob a perspectiva de descarbonização. O Brasil tem que se posicionar como um local para receber investimentos produtivos. E essa é uma grande oportunidade. Então, Hannover 2026 vai ser o momento em que poderemos vender para o mundo nessa perspectiva. É um marco essa oportunidade.

JC – A Inteligência Artificial está por toda a parte na Feira de Hannover. Mas as estruturas necessárias para o processamento de dados demandam muita energia e água, estamos vendo até o lançamento de novos resfriadores de data centers aqui nos estandes. Em última análise, isso exige recursos naturais e energia. Como avalia esse desafio sob o ponto de vista ambiental?

Fava – Essa é mais uma oportunidade para o Brasil. Quando você precisa de grandes capacidades para processar montanhas de dados, o que você está fazendo é condensar a energia. E precisa fazer isso em um lugar, em um país, em um ambiente que você tenha energia disponível, sustentável e em grande quantidade. O Brasil é especial para isso. Hoje você pode processar dados, minerar dados no Brasil de forma muito mais eficiente do que em outros lugares. Por isso tem um marco da Inteligência Artificial no Brasil, porque tem que identificar muito bem quem é o dono do dado, porque um dado pode fluir para o Brasil e voltar para o exterior sendo processado no Brasil, permitindo que se gere valor no País, sem que se coloque nenhum risco de segurança de dados para quem tenha que processar o dado no Brasil. Isso é uma grande oportunidade de investimento em infraestrutura no Brasil e está acontecendo. De fato, no momento, o Brasil está se posicionando como um centro de processamento de dados.

JC – No ano passado, na Feira de Hannover, o governador Eduardo Leite fez uma visita ao estande da Siemens, em que você o recebeu, e houve uma conversa sobre a possibilidade de atrair algum investimento nessa área de inovação, fazer algum projeto conjunto. Houve avanço?

Fava – Exatamente uma semana após essa visita, houve aquela chuva e o problema gigante lá no Rio Grande do Sul (enchentes de maio de 2024). Então, nosso trabalho esteve muito focado na recuperação das indústrias que ficaram embaixo da água. O melhor dos trabalhos que eu vi ali foi do Senai, em recuperar essas áreas, iam nas indústrias, retrofitavam tudo (revitalizavam as máquinas), traziam para dentro do Senai, limpavam o que podiam limpar, trocavam. Nós entramos ali com o Senai, se tinha componente da Siemens, nos colocávamos à disposição para o que precisasse ser implementado. E diretamente atuamos para grandes empresas que não precisavam do Senai, em algumas indústrias. Tivemos um foco grande nisso, foi o ponto de maior destaque durante o ano (no Rio Grande do Sul). E foi exatamente uma semana após a visita (do governador) aqui, foi impressionante. E obviamente teve o trabalho, com nossas equipes, caminhões com comida, roupa, medicamentos, nos engajamos nessa perspectiva.

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