Não existe certeza de como irá se comportar a Bolsa de Valores no próximo ano, mas quem tiver paciência e serenidade poderá ganhar muito em até cinco anos. A projeção foi feita por painelistas do Fórum Econômico, realizado no dia 10 de outubro no Instituto Caldeira, em Porto Alegre.
Com o objetivo de discutir o mercado financeiro e aproximar os principais players locais, o Fórum teve dois painéis voltados não só para profissionais da área, mas para interessados e novos investidores no mercado financeiro.
Ao discorrerem sobre o Cenário e Investimentos no Brasil, Frederico Vontobel, da Vokin Investimentos, Rafael Weber, da RJI Investimentos, e Werner Roger, da Trigono Capital, apontaram a possibilidade de uma alta no mercado de ações. Porém, se ressentem sobre a elevação dos juros, sobretudo para Small Caps (empresas listadas na Bolsa com valor de mercado considerado baixo), que são as mais sensíveis aos juros altos.
Roger avaliou os três principais índices, Ibovespa, Dividendos e Small Caps. Seguradoras, concessionárias e rodovias são pouco sensíveis aos juros, exemplificou. Já em relação ao dólar, Ibovespa tem 37% de exposição a esse fator e Small Caps, apenas 19%. Roger também destacou a performance dos Índices nos últimos 36 meses. O índica SMLL, por outro lado, mais exposto a empresas sensíveis à taxa de juros, teve um retorno negativo de 55%. Na avaliação de Roger, a questão macro (top down), que envolve políticas governamentais, é dominante.
Weber, por sua vez, ao avaliar os ciclos de maior dificuldade, observou que a renda variável sempre acaba sendo mal vista. Porém, é neste momento em que os ativos ficam mais atrativos. O representante da RJI Investimentos entende que o momento é desafiador para o mercado, que se comporta de maneira semelhante ao cenário de 2015. "E em 2016 a Bolsa subiu muito", lembrou, sugerindo que, em breve, investidores poderão ter bons retornos.
Ele lembrou que o Brasil sempre teve ciclos econômicos densos e profundos, com uma volatilidade na política nacional. Para ser um sobrevivente no mercado financeiro, é preciso diversificar, sem ter foco em apenas uma classe de ativos. O executivo citou estratégias para combater a volatilidade, mesclando a carteira com papéis mais tradicionais e outros mais emergentes. "Se, por exemplo estou só com blue chips, vale a pena pegar Ibovespa porque não há taxa de administração", observou.
Weber também falou da dificuldade em disciplinar o investidor, que tem a tendência de compra na alta. Ele sugere Small Caps para composição da carteira, que deve trazer também empresas maduras e outras com perfil de crescimento.
A composição ideal ficaria com empresas de valor, em uma média de 60% a 70%, e empresas satélites, entre 30% e 40%, como forma de enfrentar a volatilidade do mercado. "Não é fácil fazer o stock picking. Tudo é projeção. Por isso, nunca pode ter um risco exagerado na carteira", recomenda.
Para o CIO da Trígono Capital, Werner Roger, há outros aspectos que devem ser considerados para orientar a escolha por ações. Quando houver a queda de juros e o PIB aumentar, movimento que vem se consolidando, o investidor estrangeiro ficará mais confortável para voltar a olhar para o País. "A China também deve estar no foco e, este é o ano do dragão. O Brasil é um apêndice da China, se há movimentos positivos por lá, há também por aqui na sequência", avaliou Roger.
Ainda mais otimista que os demais, Weber acredita que o momento de alta da Bolsa está próximo. "Estamos vivendo um momento semelhante a 2015, quando os juros reais estavam altos. Em 2016, a Bolsa subiu quase 50% e algumas empresas, 100%", disse. Para o analista, o momento não é fácil, mas investir na Bolsa e em boas empresas é fundamental para uma carteira.