A baixa produtividade do trabalhador brasileiro foi apontada como um dos fatores a engessar o crescimento econômico do País e do Rio Grande do Sul na palestra do economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antonio da Luz, no Fórum Econômico, realizado em 10 de outubro. Mas, de acordo com ele, o que provoca esse fraco rendimento são fatores estruturais defasados, com impacto sobre todo o ambiente.
"Vivemos muito mais uma economia de serviços, pós-período de industrialização. Mas a agricultura tem participação maior no valor adicionado do PIB do Rio Grande do Sul na relação com a Federação. E muito maior ainda em relação aos Estados Unidos. Porém, o que precisamos não é mudar a matriz produtiva, mas fazer melhor o que fazemos", afirmou.
O economista ponderou que a mão-de-obra brasileira é mal preparada e mal aproveitada. O que reduz a produtividade. E boa parte desse desempenho fraco se dá por contexto. "As instituições brasileiras não incentivam o aumento de produtividade. Nossa infraestrutura é precária. No transporte de grãos, por exemplo, que é feito em caminhões, seríamos muito mais eficientes com ferrovias ou hidrovias."
Ele criticou, ainda, o sistema tributário, com muitos impostos a serem recolhidos, em vez de concentrar em um menor número de taxas. E, igualmente, um regramento restritivo que impõe licenças a serem pedidas e concedidas. "A irrigação não avança porque não entendemos que a agricultura mudou ao longo dos tempos. Em todo o mundo, irrigação é sinônimo de produtividade. Aqui, é problema ambiental", apontou.
O economista-chefe da Farsul avaliou que, para melhorar a performance e os resultados, o Rio Grande do Sul precisaria aprimorar a estrutura de comunicação e de energia, especialmente no meio rural, além de alcançar solidez fiscal.
"Outro aspecto que pesa negativamente é a nossa economia fechada, protecionista. Precisamos melhorar o ambiente de negócios, abrir a economia. E construir um lugar melhor para se viver, para atrair pessoas. Perspectiva é o que mantém as pessoas aonde elas estão", definiu Luz, que reforçou também a inovação e a tecnologia – campo em que o Estado vem se tornando um importante polo – como ferramentas determinantes para o crescimento econômico.