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Publicada em 08 de Março de 2024 às 19:22

Agricultura familiar comemora consolidação de sucesso na Expodireto

Laís e Pressi esgotaram a venda de barras de cereais e voltaram para casa com muitas encomendas

Laís e Pressi esgotaram a venda de barras de cereais e voltaram para casa com muitas encomendas

TÂNIA MEINERZ/JC
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Claudio Medaglia
Claudio Medaglia
De Não-Me-Toque
De Não-Me-Toque
Espaço de passagem obrigatória para quem visita a Expodireto Cotrijal, o Pavilhão da Agricultura Familiar, mais uma vez, mostrou a força desse segmento. Com um faturamento de R$ 3,1 milhões, 20,9% acima do registrado na última edição da feira, os expositores comemoraram os resultados e a abertura de novas frentes de negócios.
“Foi uma ótima feira, cumprindo todas as expectativas, com intensa visitação do público e recorde de vendas. Muitos produtores venderam todos os seus produtos e tiveram que buscar mais em casa de novo, então para nós foi uma Expodireto muito boa”, avaliou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Carlos Joel da Silva.
O dirigente destacou, ainda, que, além das vendas realizadas durante a semana, diretamente nos estandes, muitas agroindústrias fecharam negócios que se estenderão adiante dos portões do parque da Expodireto. “Houve fechamento de contratos para venda fora da feira, para a entrega futura de produtos. Foi um evento muito positivo”.
No Pavilhão, o público encontrava 47 estandes de artesanato, 13 de plantas e mudas de flores e três com arte indígena, além de alimentos produzidos por 163 agroindústrias, todas com Selo Sabor Gaúcho do Programa Estadual de Agroindústria Familiar, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR). Pães, cucas, geleias, licores, sucos, embutidos, queijos, biscoitos e mel foram algumas das opções oferecidas.
O que também deu água na boca foram os 13 tipos de barras de cereais produzidas pela Família Pressi Agroindústria, de Santo Antônio do Palma. Chamou a atenção a diversidade de sabores: araçá, amendoim, uva, laranja, bergamota, jaboticaba, guabiroba, uvaia, goiaba, butiá, nozes, cacau e açaí, sendo os três últimos os campeões de vendas.
William Pressi, 26 anos, levou a Não-Me-Toque 1,5 mil barrinhas de 30 gramas, produzidas sem conservantes, que comercializou a R$ 3 cada. Ele e a companheira, Laís Velasques, produzem cerca de 30 mil barras por ano, vendendo em 20 feiras, além de abastecer a cesta de merenda escolar de municípios da sua região. Os produtos, orgânicos, têm validade de 60 dias. Mas Pressi produz toda semana, conforme a variedade demandada.
“Ainda na quarta-feira acabaram todas as barras! Ficamos no estande recebendo encomendas e fazendo contato com novos clientes. Por ser produção totalmente artesanal, não havia tempo hábil para produzir mais barrinhas para a feira. A procura por nossos produtos foi acima do esperado! Estamos muito contentes e satisfeitos com a Expodireto”, exultou o jovem.
De São João da Urtiga, o agrônomo Emanuel Hollenbach foi à mostra com mel, extrato de própolis e velas com cera de abelha. As velas, além de visualmente atrativas, não usam derivados de petróleo, como a parafina, ressalta. O produto caiu no gosto do público da Expodireto.
Em sua primeira experiência na feira, a Mel Vivaflor vem de uma experiência muito positiva, após estrear na Expointer em 2023 e já conquistar o 3º lugar no concurso de produtores da agroindústria familiar com o mel extraído na propriedade. Hollenbach projeta, agora, ampliar o número de colmeias na propriedade de 25 hectares, com certificação orgânica de frutas e hortaliças.
“Cada uma das 60 colmeias rende em torno de 30 quilos de mel por ano. Mas o custo da produção de mel é alto, e a rentabilidade gira em torno de 10%. Estamos ainda experimentando esse momento das feiras, mas a Expodireto foi um grande evento”, avaliou o agrônomo.
Quem vendeu abaixo do esperado, mas ainda assim saiu satisfeito da mostra foi o casal formado por Valmir Debona e Fabiana Casagrande, de Sarandi. Em sua primeira Expodireto, eles trouxeram biscoitos, roscas e amanteigados, produzidos semanalmente na agroindústria da família.
São quase 30 sabores, com destaque para os biscoitos de café e de cacau, o carro-chefe de vendas. “Com base em outros eventos da nossa região, talvez tenhamos superdimensionado nossa participação na Expodireto, onde ainda não somos conhecidos. Mas a feira compensa muito. Em valores comercializados e, principalmente, na divulgação e para vendas futuras”, disse Debona.
O secretário de Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul, Ronaldo Santini, destacou a boa performance da participação da agricultura familiar nas feiras pelo Estado e, principalmente, a valorização da produção.
“São produtos que rememoram receitas de família, trazem um reencontro com as memórias afetivas e valoriza os que trabalham na propriedade familiar. Cada receita traz um sabor, cada produto traz o tempero daquela região, daquela família. O processo de produção em larga escala, quando começa a ser industrializado, perde essa essência. E é isso que a gente procura manter com os agricultores familiares”.
Ele também enalteceu a liderança das mulheres nas agroindústrias familiares do Rio Grande do Sul. “Quase dois terços dos empreendimentos estão sendo comandados por mulheres e jovens. Isso também faz um diferencial muito grande na hora de promover a sucessão familiar, a permanência da família na propriedade, valorizando ainda mais esse produto, resumiu”.

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