A qualificação de mulheres para assumirem um papel que muitas já desempenham nas propriedades rurais foi tema em evidência na Arena Agrodigital da Expodireto Cotrijal nesta quinta-feira (7). O empreendedorismo transformando o agronegócio e os desafios e oportunidades da gestão financeira estiveram nas falas de duas das idealizadoras do Programa Eu Mulher Agro (EMA), impulsionado pela Corteva Agroscience.
Filha de empreendedor rural autodidata, Nicéia Wünsch decidiu levar a sério a vocação. Diretora e professora da LFEX - Treinamento e Assessorias na áreas de Gestão Empresarial, liderança, atendimento, estratégias e SIPAT, ela e a especialista em finanças Ieda Bavaresco Machado dominaram a cena apresentando o perfil dos conteúdos repassados ao longo dos quatro meses de curso online do programa, que ao final de julho, quando se encerra a terceira edição, terá capacitado cerca de 1,7 mil mulheres por todo o Brasil, desde 2021.
Entre as lições apresentadas no painel na Expodireto, uma das mais importantes, alerta Ieda, é a importância da disciplina na administração das finanças. “É preciso ter algum tipo de controle eficiente para saber a real situação do negócio. Se não tivermos esse acompanhamento e quisermos, por exemplo, fazer algum novo investimento, buscando recursos no mercado, esse financiamento pode virar uma despesa fixa que não irá se pagar”, avisa.
No fundo, a ideia do EMA é encorajar mulheres – e suas famílias – a se apropriarem da condução e da gestão de um negócio. “Queremos mostrar que elas podem criar produtos, ter ideias, ter o seu próprio dinheiro dentro da propriedade. E aí surgiu o EMA, numa conversa entre três mulheres que vivem do agro também. Desenhamos um projeto no qual elas pudessem ter o conhecimento e enxergar: ‘eu posso fazer alguma coisa aqui’. E ocupar um espaço, valorizadas”, diz Nicéia.
Segundo ela, o empreendedorismo rural sempre existiu, mas quase não se fala sobre isso. A proposta é fazer com que a mulher comece também a usar os conceitos do empreendedorismo na propriedade, alcançar posições de liderança e se sentir parte desse espaço.
“Além das aulas gravadas, a aluna tem o e-book, tem quiz, tem os cases, as lives, quando podem interagir e conversar com especialistas. Se ela não pode estar nesse dia, essa aula vai para a plataforma depois e ela assista no outro momento”.
Na terceira edição, que se inicia nos próximos dias, oito cooperativas parceiras estão fazendo a captação das mulheres para o curso. Ao longo dos quatro meses de atividade, são 60 horas-aula, com temas sobre empreendedorismo e gestão, incluindo também o cooperativismo, uma novidade em relação aos módulos anteriores. A validação da apreensão dos conteúdos se dá pelos feedbacks.
“Como consultoras, temos uma vivência muito forte no agro, atendemos empresas do agro. Então, ali, naquelas conversas, a gente sabe qual é a necessidade. O conteúdo é modulado de acordo com a necessidade que a gente percebe nas propriedades que atendemos”, encerra Nicéia.