O crescimento vertiginoso da Expodireto Cotrijal que, ano após ano, supera os próprios recordes em termos de público, comercialização e participação de comitivas internacionais surpreende e a coloca como candidata a superar sua irmã mais velha, a Expointer, e tornar-se a maior feira de negócios do agro no Rio Grande do Sul.
Apesar de dirigentes serem unânimes ao afirmar que são feiras diferentes e que por isso fica difícil comparar, os números não deixam dúvidas. Se levarmos em conta que a Expointer dura mais tempo, tem mais público e mais modalidades comercializadas (como animais e veículos) e teve, em 2023, faturamento parecido com o da Expodireto, conclui-se que realmente a feira de Não-Me-Toque está muito perto de ser considerada a maior do Estado em termos de negócios.
Em 2023, a mostra de Não-Me-Toque comercializou R$ 7,04 bilhões, somando os valores da venda de máquinas e implementos (R$ 6,3 bilhões), agricultura familiar (R$ 2,5 milhões), pavilhão internacional (R$ 114, 9 milhões) e compras à vista (R$ 570 milhões). Já a Expointer, no mesmo ano, faturou R$ 7,98 bilhões, dos quais R$ 7,3 bilhões vindo das máquinas, R$ 8,67 milhões das agroindústrias familiares, R$ 56,4 milhões do artesanato e comércio e R$ 12,8 milhões com a venda de animais. Em termos de público, 320 mil pessoas visitaram a Expodireto, durante os cinco dias de feira e 822 mil estiveram na Expointer, nos nove dias de feira.
O doutor em Economia Aplicada e professor da Universidade de Passo Fundo, Julcemar Bruno Zilli, diz que a Expodireto é, de forma comparativa, um ponto de referência no cenário das feiras agropecuárias, especialmente quando comparada à Expointer. "Embora a mostra de Esteio seja historicamente reconhecida como uma das maiores e mais tradicionais feiras do País, a Expodireto tem demonstrado um crescimento mais dinâmico e acelerado ao longo dos anos, tanto em termos de participação de expositores e visitantes quanto em volume de negócios realizados. Enquanto a Expointer mantém sua importância como um evento emblemático para o agronegócio gaúcho, a Expodireto se destaca como um símbolo do potencial de crescimento e inovação do setor em nível nacional", analisa.
O sócio consultor da Safras e Cifras, Alessandro Acosta, diz que com toda estrutura que o parque oferece, com empresas focadas em levar soluções e com um público qualificado, os números em negócios só tendem a crescer. "O aumento do volume comercializado é exponencial: em 2023, os dados da organização oficial mencionam negócios na casa dos R$ 7 bilhões, o que representa 42% de crescimento se comparado à edição anterior. Essa movimentação de recursos baliza a importância do evento para a economia do Estado, já que estamos falando dos números da edição de 2023, onde a feira aconteceu exatamente em um período de frustração de safra para a maioria dos produtores do Rio Grande do Sul. Ainda assim a feira apresentou crescimento", destaca.
Para Zilli, uma das métricas mais evidentes do crescimento da Expodireto é o número de expositores, que aumentou a uma taxa de 7,1% ao ano. Em 2000, a feira contava com 114 expositores, número que saltou para 573 em 2023. "Esse aumento substancial não apenas demonstra o interesse crescente no evento, mas também a diversificação e expansão das empresas e instituições que reconhecem a importância estratégica da Expodireto como uma plataforma para apresentar inovações, produtos e serviços."
Além disso, o espaço físico da feira também teve que se adaptar para acomodar esse crescimento. Dos 32 hectares iniciais, a área do evento expandiu-se para 131 hectares no último ano. A ampliação não apenas permite uma maior variedade de expositores e atividades, mas também demonstra crescente relevância.
Paralelamente ao aumento do tamanho da feira e do número de expositores, a quantidade de visitantes tem acompanhado esse crescimento de forma notável. Com uma taxa de crescimento anual de 8,93%, a Expodireto atraiu mais de 320 mil visitantes em 2023, consolidando sua posição como um dos principais eventos do calendário agropecuário nacional. O aumento no número de visitantes não apenas demonstra o crescente interesse do público pelo evento, mas também a relevância da Expodireto como uma oportunidade para profissionais do setor, pesquisadores, estudantes e entusiastas conhecerem as últimas tendências e tecnologias.
O presidente do Sindicato da Indústria de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers/RS), Claudio Bier, traçou um paralelo entre a Expointer e a Expodireto. "São duas feiras fortes e irmãs, uma em cada época do ano. Cada uma tem as suas peculiaridades, mas as duas são grandes instrumentos de venda para todo o setor."
Acosta acrescenta que diferentemente da Expointer, onde, por vezes, a programação engloba atividades culturais, na Expodireto o foco está em levar conhecimento, apresentar novas tecnologias e soluções ao produtor e proporcionar um ambiente favorável aos negócios.