A expectativa de colheita de uma safra de verão sem quebra, depois de dois anos seguidos de estiagem, é apontada como responsável pelo clima de otimismo que paira sobre o setor de máquinas agrícolas gaúcho.
Para o presidente do Sindicato de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers/RS), Claudio Bier, a Expodireto é uma grande ferramenta de venda do setor de máquinas agrícolas. "É uma feira importantíssima que está no centro da região produtora de soja, que hoje é a commodity que mais se produz no Estado. É uma feira muito organizada, procurada por muitos compradores de todas as partes do Brasil e do exterior, e nós temos uma esperança muito grande que ela venha a ter uma venda tão boa quanto foi a do ano passado", avalia o dirigente.
Bier destaca a perspectiva de uma grande safra de verão, principalmente de soja e arroz, depois de três anos sem colheita boa. "O clima está colaborando, está chovendo bem, então, isso anima o comprador. Embora o preço da soja esteja caindo, teremos uma produtividade boa. O agricultor se anima e vai às compras porque sabe que se comprar máquinas novas, cada vez ele vai produzir mais no mesmo pedaço de chão."
Além do cenário positivo no campo, um novo programa do governo federal para fomentar a mecanização das propriedades familiares tende a aquecer ainda mais as vendas. "Os produtores vão precisar de tratores, colheitadeiras e equipamentos para atender a demanda da safra de verão e, além disso, contarão com o programa Nova Indústria Brasil, que pretende aumentar, até 2033, dos atuais 18% para 70% a mecanização na Agricultura Familiar - com a exigência de que pelo menos 95% das máquinas adquiridas, em sua maioria de pequeno porte, sejam de fabricação nacional. "São fatores que devem permitir a retomada dos negócios em 2024", afirma Bier.
O presidente do Simers acrescenta que os fabricantes têm capacidade de produção para atender as necessidades do mercado. "Essa demanda vai fortalecer o setor. Alcançar 70% de industrialização nas pequenas propriedades pode parecer ousado, mas é plenamente possível. O parque industrial gaúcho, que responde por 60% da produção de máquinas do País, tem todas as condições de fornecer o que o agricultor familiar quer e precisa", avalia.
Claudio Bier relata que, em reunião com o ministro de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, em Brasília, apresentou todo o potencial da indústria nacional de máquinas e equipamentos agrícolas. "Demonstramos para a equipe do Ministério que o setor tem capacidade para repetir o Mais Alimentos, inclusive adaptando, para as pequenas máquinas, a tecnologia embarcada que já é utilizada nos grandes equipamentos." O programa a que Bier se refere foi lançado junto com o Plano Safra 2023/24, com medidas para estimular a produção e a aquisição de máquinas e implementos agrícolas específicos para a agricultura familiar. "No início, apenas de 3% a 4% dos pequenos produtores estavam tecnificados e hoje o número é bem maior", relata.
O diretor de vendas da Massey Ferguson, Alexandre Stucchi, diz que os agricultores têm buscado cada vez mais por máquinas e tecnologias que auxiliem na produtividade e na eficiência, gastando menos e com menor impacto ao meio ambiente. "Percebemos uma demanda diversificada na Expodireto: há uma procura significativa por máquinas voltadas tanto para grandes áreas quanto para pequenas propriedades. Há também uma crescente demanda por tecnologias para agricultura de precisão, como piloto automático e gestão agrícola", afirma o executivo.
Segundo ele, isso reflete a variedade de clientes e suas necessidades específicas no cenário agrícola atual. Entre os destaques de lançamento da Massey durante a mostra de Não-Me-Toque estão as colheitadeiras híbridas HD, que possuem a exclusiva transmissão Heavy Duty, que proporciona até 25% a mais de capacidade de rampa, mesmo em terrenos com elevada inclinação.
O CEO da Mahindra no Brasil, Jak Torreta Jr., diz que a expectativa é boa, porque a empresa vem crescendo ano a ano. Mesmo com o mercado caindo mais de 20% em 2023, teve incremento de pelo menos 5%. "Temos certeza de que vai ser melhor do que no ano passado. É uma feira fantástica, muito bem organizada, onde realmente se faz negócios." Para o executivo, apesar de o mercado ter sinalizado com alguma reação nos preços de soja, milho, algumas commodities, não é um clima de total otimismo. "Temos uma situação um pouco melhor do que se desenhava, mas sabemos que a safra tem perdas, especialmente de rentabilidade. O agricultor efetuou investimentos em anos anteriores em máquinas, em estrutura e está pagando."