Senar capacitou 2,6 mil pessoas ao longo da feira

Treinamentos sobre uso de drones e manejo do solo foram ofertados durante a Expodireto

Por JC

Moraes ministrou o curso sobre manejo do solo durante a programação da mostra
Cerca de 2,6 mil produtores e trabalhadores rurais passaram pelas oficinas oferecidas pelo braço gaúcho do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) na 23ª Expodireto Cotrijal. Na feira, realizada de 6 a 10 de março, em Não-Me-Toque, foram ofertados treinamentos sobre uso de drones e manejo do solo, duas das mais atuais e importantes modalidades de capacitação nos contextos tecnológico e climático do estado.
Formar mão de obra capacitada para o meio rural é o papel primeiro do Senar. E para explorar as potencialidades de equipamentos cada vez mais modernos e de alta tecnologia, é preciso investir em quem irá operá-los, diz o coordenador de Apoio Estratégico, Umberto Moraes.
"Para operar um drone, é preciso respeitar normas de aviação, a legislação da Associação Nacional de Aviação Civil (Anac), observar cuidados específicos, como uso de equipamentos de proteção individual (EPI). Drones são ferramentas auxiliares importantes. Monitoram e fazem aplicação de insumos em áreas específicas das lavouras. Mas, com baixa autonomia, não substituem um pulverizador, por exemplo. O produtor é tecnificado, do pequeno ao grande. Então, esse conhecimento precisa ser multiplicado a serviço da propriedade".
O coordenador do Senar-RS também destacou a importância da oficina sobre manejo do solo para a obtenção de melhor rendimento nas lavouras. Com boa estrutura radicular e solos menos compactados, o estresse hídrico das plantas é menor.
"Raízes mais profundas buscam água onde outras já não alcançam. Sabemos que é preciso melhorar os processos de irrigação e a legislação ambiental, mas também é fundamental um bom sistema de solos. Técnicas como o plantio direto e a rotação de culturas, mantendo o solo sempre coberto são muito valiosas. Por isso temos de valorizar o Programa Duas Safras. A área de trigo aumentou muito no período anterior, gerando ótimos resultados ao produtor e ajudando a mitigar as perdas com a soja e o milho, por causa da estiagem", diz Moraes.
Ele calcula que cerca de 170 pequenos grupos tenham sido orientados no estande do Senar durante o período da Expodireto. Somente no ano passado, o Serviço alcançou um público estimado em 100 mil pessoas, abordando especialmente a aplicação correta e segura de defensivos agrícolas, para quase 10% do total. Mas outras áreas, como educação ambiental, tratores agrícolas, operação e manutenção de colheitadeiras e manejo de ovelhas também tiveram importante demanda.
"Nós também oferecemos aos associados um programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), por meio do qual os produtores rurais podem explorar novas ferramentas que fazem seus negócios crescerem. Acompanhamento técnico durante dois anos é feito diretamente nas propriedades, conduzido por agentes especializados em levar soluções individuais para cada demanda", acrescenta Moraes.
O serviço permite aprimorar técnicas e gerenciamento, tornando a produção mais eficiente e rentável.

Sucessão rural pautou debates em Não-Me-Toque

"Ninguém consegue viver sem o agronegócio." A frase foi dita pela engenheira agrônoma e influenciadora do agro, Camila Lima, para alertar a nova geração sobre a importância de seguir o caminho dos pais e no campo. Ela foi a palestrante do 11º Fórum do Jovem Cooperativista, realizado na manhã de sexta-feira, dia de encerramento da 23ª Expodireto Cotrijal.
Com o tema "O Agro, negócio da geração 5.0", Camila reforçou ao público que é essencial que as próprias famílias conscientizem os jovens sobre os propósitos da atividade do campo. 
"Precisamos mostrar o quanto, cada vez mais, podemos ter um campo produtivo, rentável e sustentável e o papel importantíssimo que a juventude possui. Temos que mostrar quem são os agricultores e pecuaristas no mundo de hoje, afinal de contas, ninguém consegue viver sem o agronegócio", afirma.
Opinião semelhante foi compartilhada pela jovem cooperativa Rauéli Larissa Barboza, 22 anos, que está concluindo o curso de Agronomia e, em breve, iniciará um estágio na área. Após a formatura, seus planos envolvem prestar assistência na propriedade da família, localizada em Não-Me-Toque, e também atuar como engenheira agrônoma.
"No semestre passado, fiz um artigo sobre sucessão familiar e entrevistei meus amigos que cursaram Agronomia com o propósito de ficar na propriedade. O diálogo com a família foi fundamental para eles permanecerem no campo, principalmente a conversa com os pais, para saber se eles querem que o filho siga na atividade", explica a jovem.
Richard Heller, 30 anos, cursou Administração, fez pós-graduação em Comércio Exterior, trabalhou em uma empresa de equipamentos agrícolas e, há quatro anos, retornou para atuar na propriedade de sua família em Não-Me-Toque. Para ele, a experiência de seguir os passos dos pais tem sido enriquecedora.  "O fundamental, hoje, é a internet no campo, que já está sendo estruturada, mas ainda não está completa, e é um empecilho há vários anos", comenta.