Eduardo Leite
A compreensão do nosso passado, a realização do presente e a evolução para o futuro passam, necessariamente, pelo incentivo às descobertas e ao conhecimento construídos pela ciência. Com essa certeza, os gaúchos e gaúchas contam, há 60 anos, com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul como um pilar essencial para fomentar uma sociedade que alia questionamento, consciência e inovação, reafirmando seu compromisso de ocupar um lugar de destaque na vanguarda do progresso humano.
Como líder de um governo que tem entre seus valores inegociáveis a confiança na ciência, é motivo de redobrado orgulho celebrar esse marco na história da Fapergs e da sua colaboração inestimável para o Rio Grande. Instituída por lei em 31 de dezembro de 1964, é a segunda fundação de amparo à pesquisa mais antiga do Brasil.
E ao longo dessas seis décadas, consolidou-se como um dos mais relevantes e respeitados organismos da área de Inovação, Ciência e Tecnologia, tanto em nível nacional quanto internacionalmente.
Muitos são os indicadores do sucesso da Fapergs e da sua contribuição para posicionar o Rio Grande do Sul na dianteira do cenário brasileiro de pesquisa. O incentivo à produção de conhecimento proporcionado pela fundação está diretamente relacionado às posições de destaque ocupadas pelo Estado em rankings de inovação, bem como à alta qualidade do Ensino Superior e dos trabalhos realizados por nossos pesquisadores.
Estão em solo gaúcho as melhores universidades federal (Ufrgs) e privada (Pucrs) do País, segundo o Ranking Universitário da Folha. O Rio Grande do Sul é 1º lugar em produtividade acadêmica do Brasil, considerando a quantidade de artigos científicos produzidos em relação ao tamanho da população, de acordo com dados da plataforma Scival, reconhecida internacionalmente por suas métricas de produtividade acadêmica.
Em números absolutos, o Estado tem a quarta maior produção científica do País, mesmo tendo apenas a sexta maior população no território nacional.
Mais que quantidade, a qualidade da produção científica gaúcha está significativamente acima da média nacional, conforme o indicador chamado FWCI (Field-Weighted Citation Impact), que mede o número de citações de cada artigo, ponderado com a média de citações de artigos da mesma área.
Com FWCI igual a 1, o impacto é igual à média mundial. Entre 2021 e 2024, o Rio Grande do Sul teve nota 1,07 (a mais alta entre as 27 unidades federativas), enquanto que o mesmo índice para o Brasil foi de 0,87.
Também somos o Estado com o maior percentual de docentes com mestrado e doutorado em cursos presenciais, conforme o último Censo da Educação Superior.
O Rio Grande ainda é líder em inovação no Ranking de Competitividade dos Estados elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), posição que já havia ocupado em 2021 e 2022 - ano passado, estávamos em segundo lugar.
No Atlas da Inovação, lançado pela Rede de Observatórios do Sistema Indústria e pelo Observatório Nacional da Indústria, ocupamos a vice-liderança entre os estados com maior número de iniciativas na área.
Cada um desses indicadores está diretamente atrelado à missão da Fapergs em alavancar a produção científica, o desenvolvimento tecnológico e a inovação nas instituições de pesquisa e no setor produtivo gaúchos. Pela confiança do papel estratégico da Fapergs para consolidar o Rio Grande do Sul como polo de inovação e celeiro de conhecimento, o governo do Estado tem multiplicado nos últimos anos os investimentos em ações da Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) e da fundação.
Só o Avançar na Inovação, anunciado em setembro de 2021, destinou R$ 112,3 milhões a projetos da pasta, o que permitiu reforçar o papel da Fapergs como agente estratégico na promoção do desenvolvimento. Ao longo de 2022, a fundação lançou uma série de editais e chamadas públicas de financiamento a pesquisas em áreas como saúde, semicondutores, agro, clima, startups e educação.
Naquele ano, também com recursos do Avançar, o orçamento da Fapergs, originalmente de cerca de R$ 30 milhões, foi suplementado e superou os R$ 96 milhões, o maior valor já registrado em suas seis décadas de história.
Em 2023, voltamos a superar o recorde de investimentos na Sict e na Fapergs, somando R$ 131,9 milhões de orçamento. Foi também a oportunidade de abertura de edital para pagamento de bolsas pelo período de 24 meses, no total de R$ 14,5 milhões, permitindo a fixação de mais 120 jovens doutores no Estado, somando-se a outros 80 que já haviam sido contemplados no edital original de 2022. Uma ação fundamental para garantir a permanência de talentos e fortalecer a pesquisa gaúcha.
O ano passado também marcou a renovação do compromisso da Fapergs com o desenvolvimento sustentável do Estado. Em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), foram destinados R$ 15 milhões para a execução do Programa de Monitoramento de Emissão de Gases de Efeito Estufa nos Campos e Florestas.
Um compromisso que ganhou ainda mais relevância em 2024, diante da maior catástrofe climática da nossa história. Além da contribuição essencial para a compreensão das causas, dos riscos e impactos da tragédia, a ciência terá papel preponderante nas ações de reconstrução resiliente que vamos empreender.
Nesse sentido, conectada ao Plano Rio Grande, que concentra todas as estratégias de recuperação do Estado, a Fapergs lançou o Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Voltado a Desastres Climáticos, com investimento de R$ 30 milhões.
Outros R$ 14,4 milhões serão aplicados no edital do Programa Manutenção de Talentos Tecnológicos - Emergência Climática, focado no incentivo a projetos de inovação desenvolvidos por startups gaúchas.
Para 2025, já asseguramos orçamento de R$ 121 milhões para investimento em projetos da Sict e da Fapergs. E seguimos trabalhando para ampliar esse montante, o que vai nos permitir anunciar, em breve, o maior investimento da história do Estado em inovação, ciência e tecnologia.
Com profundo orgulho do legado construído pela Fapergs, foco na reconstrução e olhos no futuro, reafirmo o compromisso contínuo do fortalecimento da fundação para fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico do Rio Grande.
Celebrar os 60 anos da Fapergs é mais do que reverenciar um passado de conquistas. É renovar a confiança na ciência como motor do progresso e na pesquisa como alicerce de um futuro mais próspero e sustentável.
Que o legado desta fundação continue inspirando novas gerações a transformar desafios em oportunidades e posicionar o Rio Grande do Sul na vanguarda do conhecimento.
Governador do Rio Grande do Sul