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Publicada em 18 de Outubro de 2024 às 00:15

IA potencializa atuação dos médicos

Especialistas destacam que o uso da ferramenta tem ajudado no trabalho diário dos médicos

Especialistas destacam que o uso da ferramenta tem ajudado no trabalho diário dos médicos

/Pressfoto/Freepik/Divulgação/JC
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Luciane Medeiros
Luciane Medeiros Editora Assistente
A Inteligência Artificial (IA) se faz cada dia mais presente nos hospitais brasileiros. Seja por meio de ferramentas para gestão hospitalar ou na análise de exames, facilitando a tomada de decisões, as inovações tecnológicas vêm oferecendo importantes contribuições à rotina dos médicos e impactando no atendimento prestado aos pacientes. No Rio Grande do Sul, diversas iniciativas de IA vêm sendo implementadas no ambiente hospitalar, sendo aliadas para uma melhor atuação dos médicos.
A Inteligência Artificial (IA) se faz cada dia mais presente nos hospitais brasileiros. Seja por meio de ferramentas para gestão hospitalar ou na análise de exames, facilitando a tomada de decisões, as inovações tecnológicas vêm oferecendo importantes contribuições à rotina dos médicos e impactando no atendimento prestado aos pacientes. No Rio Grande do Sul, diversas iniciativas de IA vêm sendo implementadas no ambiente hospitalar, sendo aliadas para uma melhor atuação dos médicos.
O coordenador do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (Nitt) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor do curso de Medicina, Hugo Goulart de Oliveira, pontua que a Inteligência Artificial assumiu uma velocidade maior na última década e é importante transportar isso para a cultura organizacional das instituições. Ele ressalta que neste primeiro momento é preciso sempre contar com a capacidade humana de julgar e avaliar as informações, e amadurecer todo o processo que envolve o uso de Inteligência Artificial, contando com a participação do paciente no entendimento do que está sendo feito com a tecnologia e o que está sendo feito com o pensamento humano.
"O Hospital de Clínicas tem explorado soluções de Inteligência Artificial com o objetivo de aprimorar tanto processos administrativos quanto diagnósticos médicos. Estes processos estão em fase de testes antes de qualquer implementação em maior escala", esclarece Oliveira.
Em 2022, dois projetos do HCPA envolvendo IA foram selecionados em edital pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação. O Desafio Deep Radio, proposto pelo Serviço de Física Médica e Radioproteção para encontrar solução de IA para analisar exames de raio-x de tórax, recebeu R$ 3,6 milhões, enquanto o Comply, sugerido pelo Serviço de Compras, que auxilia na indicação em casos de compra de órteses, próteses e materiais especiais, obteve R$ 4,2 milhões.
"A ideia é que possamos utilizar Inteligência Artificial para nos proporcionar melhores condições de atender os pacientes que fazem diagnóstico de imagem. Inicialmente começamos com raio-X de tórax", explica Oliveira. 
O HCPA realiza 100 raio-X de tórax por dia, exames que são feitos no ambulatório em pacientes que estão com algum problema e entram em uma fila para serem avaliados. "Muitas vezes, há achados que são significativos e que precisariam da avaliação do radiologista de uma maneira mais urgente, mais precoce, salienta o coordenador. É uma maneira de usar a Inteligência Artificial de uma maneira escalonada, onde o médico radiologista vai ser beneficiado e o paciente também em última análise", afirma.
O Comply, por sua vez, vai otimizar as compras de órtese, próteses e materiais especiais. Quando é feito algum procedimento cirúrgico ou não, que depende de algo implantável no paciente, há uma série de medidas que precisam ser levadas em consideração - desde o que o médico quer, o que o paciente precisa, quem é o melhor fornecedor, melhor preço e disponibilidade. A IA reduz o tempo para que essas informações sejam reunidas, mas a intenção, diz o coordenador do Nitt, é levar essa agilidade a outras áreas, envolvendo toda a trilha de cuidado dos pacientes. Oliveira cita como exemplo um paciente que está com o procedimento agendado e precisa ser alterado porque a realização de um transplante vai ocorrer na sala onde ele seria atendido. "Ele vai ter o procedimento reagendado e automaticamente pode receber uma mensagem que não precisa ir para o hospital, de que será informada a nova data. Isso facilita e tira os transtornos do processo todo que envolve o atendimento em saúde", salienta.
"A nossa visão é que a Inteligência Artificial vai muito mais potencializar os médicos do que substituir. Essa é a visão de quem estuda a IA tanto do ponto de vista acadêmico quanto de business, a ideia na área da saúde nunca é de substituição", complementa Lucas Silva, professor do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e lotado no Serviço de Medicina de Emergência do HCPA. A IA pode ajudar em várias frentes da Medicina, desde a administrativa ate a parte do diagnóstico por imagem, mas uma das grandes tendências que vem sendo estudada é na tomada de decisões dos médicos. "Muitas vezes temos que tomar decisões com pouca informação, mas os médicos por vezes não têm tempo de sumarizar todos esses dados. A IA pode ajudar muito a buscar informações que o profissional não consegue acessar rapidamente com o prontuário", exemplifica Silva.
 

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