O texto a seguir foi escrito pela jornalista Eduarda Streb, muito conhecida no Rio Grande do Sul e que enfrentou um câncer de mama. Abaixo, ela conta a experiência e fala da relação com os médicos.
Tiraram o meu chão! Foi a sensação que tive quando recebi a notícia de que estava com câncer de mama. A pior de todas as notícias para esta jornalista acostumada a contar histórias. Eu já tinha ouvido muitas mulheres falarem sobre isso. Mas quando o diagnóstico é seu, bate um medo, uma angústia, uma dor, que jamais pensei enfrentar aos 48 anos, sendo mãe de uma menina de 11 e no auge da minha carreira.
Sempre fui de evitar hospital. Quando tive apendicite, falei pro médico que eu não poderia internar porque eu tinha uma viagem de trabalho com o Internacional, na Libertadores. No mesmo livro de recordações desta repórter esportiva, lembro que sofri uma pedrada no Grenal e pedi que me levassem para a redação porque tinha que fechar a reportagem. Claro que não tive argumentos suficientes para seguir minhas atividades.
Tive que me dar prioridade. Assim como quando recebi meu diagnóstico, em dezembro de 2021. E foi neste ambiente hospitalar que conheci o real significado da palavra ACOLHIMENTO. De enfermeiras que cuidaram da minha medicação, do meu catéter, das minhas dores, e dos efeitos da quimioterapia, como se fossem da minha família. E dos inúmeros médicos que conheci, que me trataram e me surpreenderam.
Posso garantir que eles não são mais os mesmos. Além de todo o conhecimento e capacidade, esses profissionais da saúde nunca estiveram tão próximos e sensíveis. Mesmo com tantos casos novos de câncer que surgem a cada dia, se mostram cada vez mais disponíveis para falar sobre o assunto de forma simples nas redes sociais, participam de mutirões para prevenção do câncer de mama — oferecendo consultas e exames para quem não tem plano de saúde — e, inclusive, atendem às dúvidas de pacientes no WhatsApp, proporcionando conforto e segurança aos pacientes. Sinto que a medicina está mais humanizada e individualizada, com atenção voltada às necessidades específicas de cada paciente. Porque somos únicos.
E é tão bom contar com estes profissionais, além dos avanços significativos de novos tratamentos para a doença. Porque depois de superar o câncer com cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou qualquer outro recurso, é preciso retomar a vida seguindo uma série de cuidados ligados à nutrição, à atividade física, ao estado emocional e social.
A vida de quem recebe um diagnóstico de câncer muda para sempre. A cada dor, a cada sensação diferente, associamos a alguma situação da doença. É um medo constante de que ela volte. Por isso, é tão importante o controle, especialmente nos primeiros anos após o tratamento, porque lutamos contra um adversário silencioso, perigoso, agressivo. E quanto antes soubermos que ele existe, mais chances teremos de enfrentá-lo. E com a orientação de pessoas tão capacitadas e empáticas, fica muito melhor. Gratidão.