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Publicada em 24 de Maio de 2024 às 00:15

Mais de 60% das indústrias filiadas à Abicalçados precisaram suspender atividades

Fábricas que atuam no Vale do Taquari tiveram destruição total de suas estruturas; queda na produção chegou a 35%

Fábricas que atuam no Vale do Taquari tiveram destruição total de suas estruturas; queda na produção chegou a 35%

Abicalçados/Divulgação/JC
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Ana Esteves
As regiões mais afetadas pelas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, desde o final de abril, são as mesmas que abrigam as principais plantas fabris da indústria calçadista gaúcha. As perdas foram enormes e têm reflexo em toda cadeia. Conforme levantamento preliminar da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), 60% dos seus associados precisaram paralisar as atividades, muitos, como os que atuam no Vale do Taquari, tiveram destruição total de suas estruturas. A queda na produção chegou a 35% no mês de maio, em algumas unidades.
As regiões mais afetadas pelas enchentes que assolam o Rio Grande do Sul, desde o final de abril, são as mesmas que abrigam as principais plantas fabris da indústria calçadista gaúcha. As perdas foram enormes e têm reflexo em toda cadeia. Conforme levantamento preliminar da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), 60% dos seus associados precisaram paralisar as atividades, muitos, como os que atuam no Vale do Taquari, tiveram destruição total de suas estruturas. A queda na produção chegou a 35% no mês de maio, em algumas unidades.
"Dados iniciais apontam perdas de matéria-prima chegando a R$ 60 milhões. A devastação no Vale do Taquari se assemelha aos danos do furacão Katrina", afirma o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
A lista de problemas é sem fim e vai desde a necessidade de reconstruir indústrias, recuperar maquinário, ajudar os mais de 4,8 mil colaboradores que perderam tudo a se reerguerem. No caso das fábricas que não foram fortemente impactadas, surge a dificuldade de obtenção de matéria-prima para seguir produzindo e de escoar a produção. "Além disso, os danos das enchentes às redes varejistas refletem diretamente, pois houve muito cancelamento de pedidos", acrescenta Ferreira. O setor responsável por 24% da produção nacional de calçados tinha expectativa de crescimento entre 1% e 2% em 2024 e agora se depara com cenário de perdas. "Ainda é cedo para estimar de quanto será o prejuízo, mas com certeza esses percentuais de incremento não se confirmarão", diz o dirigente.
Logo após o início da crise climática, a associação, em conjunto com outras entidades da cadeia produtiva do calçado, lançou a campanha Movimento Próximos Passos RS, cujo objetivo é reconstruir o setor que conta com aproximadamente 3 mil empresas e cerca de 120 mil trabalhadores que vivem da atividade.
As doações recolhidas via Pix ou depósito (nacional ou internacional) estão sendo alocadas em um fundo para posterior destinação a entidades de auxílio mapeadas nas cidades atingidas. "A meta é dar dignidade e condições de moradia para as famílias que dependem da cadeia calçadista para que, depois, tenhamos um setor inteiro restabelecido", diz Ferreira.
Além da Abicalçados, participam do movimento a Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Para Silvana Dilly, superintendente da Assintecal, a união das entidades e empresas que fazem parte do ecossistema do calçado será fundamental para a recuperação da atividade.
"Um período de grave crise, com uma catástrofe climática como nunca vista no Rio Grande do Sul, exige medidas urgentes de auxílio. A resposta da união entre entidades e empresas não somente do Estado, mas de todo o Brasil, é igualmente histórica e irá ajudar milhares de pessoas envolvidas na produção do calçado", diz.
Segundo o presidente-executivo do CICB, José Fernando Bello, a indústria está unida e comprometida pela recuperação do Rio Grande do Sul, com apoio às famílias atingidas, muitas das quais ligadas à produção de couro, que é uma força cultural e econômica tradicional do Estado. "As cheias impactaram a vida nesse território, mas, ao mesmo tempo, trouxeram à tona uma potência imensa de solidariedade e cooperação de empresas e pessoas. Iremos juntos superar esse desafio", comenta o dirigente.
A Abicalçados realizou ainda uma pesquisa para identificar o real impacto da tragédia em cada uma das empresas, para depois promover iniciativas assertivas que ajudem na reconstrução do setor. "A ideia é identificar as áreas afetadas, o tamanho dos prejuízos, mapear quais indústrias pararam, o quanto impactou nas produções para que, só então, tenhamos noção de quando será possível voltar a operar", disse Ferreira. O levantamento, que é rápido de ser respondido, foi disparado para toda a base de associados da Abicalçados no Rio Grande do Sul. "Infelizmente, muitas empresas ainda estão com grandes dificuldades para responder, mas assim que tivermos divulgaremos os números e, imediatamente, iniciaremos medidas para auxiliar o restabelecimento da atividade", comenta o presidente-executivo.
Maior exportador e segundo maior produtor de calçados do País, o Rio Grande do Sul possui 1,8 mil empresas de calçados que empregam, diretamente, mais de 85 mil pessoas.
Através de nota, a Calçados Beira Rio, que tem unidades fabris em municípios severamente atingidos, como Roca Sales e Candelária, disse que "neste momento crítico, decidimos direcionar nosso foco e recursos para atender às necessidades urgentes das comunidades locais. As inundações que marcaram as últimas semanas devastaram residências, inclusive as de muitos de nossos trabalhadores, e desafiaram a operacionalidade de nossa extensa cadeia de fornecedores e prestadores de serviços. Estamos dedicados a perseverar na restauração não apenas de nossas operações, mas principalmente no apoio à recuperação socioeconômica dos municípios afetados. Nosso objetivo é claro: assegurar a preservação dos empregos, gerar renda e contribuir significativamente para a economia local por meio da arrecadação de impostos."

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