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Publicada em 24 de Maio de 2024 às 00:15

Indústria moveleira tem estoque para cerca de 20 dias

Após a enchente, Euclides Longhi, presidente da Movergs, acredita que o segundo semestre de 2024 será mais favorável para o setor de móveis

Após a enchente, Euclides Longhi, presidente da Movergs, acredita que o segundo semestre de 2024 será mais favorável para o setor de móveis

/Augusto Tomasi/Divulgação/JC
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Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
A possibilidade de ruptura da produção por falta de alguns itens é um dos problemas que mais afligem a indústria moveleira do Rio Grande do Sul. De acordo com a Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul), a maioria das empresas trabalha com estoque de matérias-primas, mas suficiente para um período de 15 a 20 dias.
A possibilidade de ruptura da produção por falta de alguns itens é um dos problemas que mais afligem a indústria moveleira do Rio Grande do Sul. De acordo com a Movergs (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul), a maioria das empresas trabalha com estoque de matérias-primas, mas suficiente para um período de 15 a 20 dias.
De acordo com Euclides Longhi, presidente da entidade, de forma geral, as empresas que possuem centro de distribuição em outros estados mantiveram seu faturamento e entrega. As localizadas no Rio Grande do Sul estão buscando rotas alternativas para escoar a produção e já conseguem realizar entregas em São Paulo, mesmo que os prazos possam ser mais longos. "Ainda estamos fazendo um levantamento junto às indústrias, mas é possível que algumas tenham reduzido ou até mesmo parado a operação. A Movergs está em contato com as empresas e percebe que as indústrias estão genuinamente preocupadas com seus funcionários, algumas inclusive prestando apoio psicológico", explica.
A entidade é uma das participantes da campanha denominada "Unidos por Bento", iniciativa do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves, que está captando recursos até 30 de maio para ajudar a reconstruir a vida das famílias atingidas pelo desastre climático. "Entendemos que, neste momento, o foco ainda é em salvar vidas no Estado, em especial nas regiões Metropolitana de Porto Alegre e Central. Na Serra, os resgates foram finalizados, mas ainda há muito trabalho a ser feito. Assim que o foco for a reconstrução dos lares, a entidade sensibilizará para a doação de móveis", afirmou.
No primeiro trimestre do ano, o setor mobiliário apurou faturamento superior a R$ 2,8 bilhões, acréscimo de 2,2% no comparativo com igual período do ano anterior. No mesmo período foram criados 282 novos postos de trabalho, elevando para mais de 36 mil o quadro total da atividade no Estado, que engloba em torno de 2,4 mil empresas.
As exportações avançaram 5,9%, para perto de US$ 55 milhões, com expressivo aumento de compras pelos mercados do Chile, México e Emirados Árabes. Estados Unidos, Chile, Uruguai, Peru, Reino Unido, México, Paraguai, Panamá, Argentina e Emirados Árabes Unidos compõem os top 10 de principais importadores dos mobiliários gaúchos.
O presidente da entidade, Euclides Longhi, comemorou os resultados, porém, alerta para possíveis desafios nos próximos meses, especialmente após a situação de calamidade enfrentada pelo Estado. "O faturamento ficou acima da inflação, mas as previsões do mercado não são muito positivas. Além da projeção da taxa Selic ter subido de 9% para 9,5%, medidas como a desoneração da folha de pagamento e os cortes de benefícios fiscais no Rio Grande do Sul podem tornar o ano ainda mais desafiador para as empresas. A isto somam-se as incontáveis consequências causadas pela tragédia climática que atingiu mais de 85% dos municípios", pondera Longhi.
O faturamento do setor no ano passado foi de R$ 11,9 bilhões, aumento de 3,4% sobre o anterior, inferior ao IPCA de 4,62%. De acordo com dados fornecidos pelo IBGE, a produção do setor moveleiro gaúcho foi 2,7% menor. Já o balanço do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados aponta que o ano encerrou com retração de 2,36% no comparativo com 2022, passando de 36.727 para 35.860 profissionais em atividade no Rio Grande do Sul.
Para o presidente da entidade, o desempenho do segmento é reflexo de um conjunto de fatores que impactam as indústrias moveleiras de todo o Brasil. "Além dos altos custos de produção, ainda estamos em um momento de redução nas compras de bens duráveis, como móveis. Havendo manutenção efetiva do controle inflacionário, diminuição dos juros, incentivo ao consumo, ao crédito e ao mercado imobiliário, é possível que o segundo semestre de 2024 seja mais favorável para o setor moveleiro", explica.
As exportações somaram perto de US$ 246 milhões, retração de 3,4% em relação a igual período de 2022. O diretor internacional da Movergs, Daniel Segalin, destaca que as mudanças no ranking dos principais importadores podem apontar novas oportunidades a serem exploradas. "Enquanto Estados Unidos e Chile reduziram suas compras, Uruguai, Paraguai e México aumentaram as importações de móveis gaúchos. É sempre importante diversificar as frentes de atuação para fazer bons negócios com parceiros internacionais", assinala. 

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