Eventos climáticos extremos, como o que atingiu o Rio Grande do Sul, estão cada vez mais presentes na preocupação não apenas de governos, mas também das indústrias. As organizações são afetadas direta ou indiretamente por catástrofes dessa magnitude, mas é importante lembrar que o contexto de risco corporativo é crescente e abrangente - engloba desde um ataque cibernético a conflitos geopolíticos, sem deixar de lado, claro, os fatores ambientais. Nesse contexto mais complexo, os recursos tecnológicos são tanto ativos que exigem medidas protetivas, pois determinam a capacidade produtiva empresarial, quanto ferramentas para prevenir riscos e atenuar seus efeitos.
Salesforce aponta quatro etapas para plano de prevenção a desastres
Hoe destaca importância das indústrias digitalizarem documentos
Salesforce/Divulgação/JCA transformação digital, por si só, já traz respostas para situações desafiadoras, como o fato de uma empresa ser afetada por uma enchente.
"No setor industrial, destaco em especial a necessidade de digitalização de documentos e processos de negócios, pois isso garante que as empresas mantenham histórico das suas operações mesmo quando as instalações físicas são afetadas", afirma Daniel Hoe, VP de Marketing da Salesforce para a América Latina.
O cenário ideal, no entanto, é planejar e prevenir riscos. Hoje lista quatro recomendações essenciais para elaboração de um plano de prevenção a desastres, conforme indicações da plataforma Trailhead, da Salesforce.
1. Defina seus ativos principais: o primeiro ponto é saber o que precisa ser protegido.
"Convoque sua equipe de gerência para discutir o impacto de possíveis perdas e como mitigar tais ameaças", esclarece Hoe.
2. Identifique soluções de recuperação: na sequência, é preciso definir quais meios podem ser adotados para recuperar esses ativos. "Por exemplo, planeje salvar dados em um disco de backup, servidor ou armazenamento em nuvem, ou talvez replicar completamente dados em um local externo seguro."
3. Desenvolva e comunique um plano de governança: as pessoas precisam estar instruídas sobre como agir. "No caso de uma emergência, todos na organização devem saber quem é o responsável por declarar oficialmente o desastre e decretar uma cadeia de comunicação."
4. Revise e pratique seu plano regularmente: Hoe comenta que "para colocar o plano em prática de forma eficaz, é importante revisá-lo com os funcionários regularmente". Esse processo pressupõe, por exemplo, que o líder e sua equipe participem de exercícios de mesa e simulações para testar o plano.
Com experiência na Ucrânia, AWS apoia ações no RS
Fernanda alerta que não existe tecnologia infalível
Paulo Vitale/Divulgação/JC"Não existe tecnologia infalível, muito pelo contrário, a busca pela resiliência dos negócios, dos serviços ao cidadão, parte do princípio de que tudo falha o tempo todo", argumenta Fernanda Spinardi, Head of Customer Solutions Management da Amazon Web Services (AWS). O que vai determinar a capacidade de resposta de uma empresa ou de um governo é a sua arquitetura tecnológica.
A AWS, por exemplo, desenha sua infraestrutura de computação em nuvem distribuída em várias regiões no mundo todo, sendo que cada uma dessas regiões tem três ou mais datacenters - cada datacenter fica próximo o suficiente para sustentar operações de sincronia de dados, mas ao mesmo tempo longe o suficiente para evitar que a mesma falha catastrófica os atinja ao mesmo tempo. "Numa situação como a que estamos observando no Rio Grande do Sul, clientes que operavam na nuvem da AWS já dispõem de uma infraestrutura física resiliente", frisa.
Fernanda explica que, na nuvem, os recursos de tecnologia da informação ficam disponíveis sob demanda e podem ser iniciados instantaneamente. Isso facilita a retomada. Foi esse tipo de estratégia que a AWS colocou em prática na Ucrânia, em 2022, quando o país entrou em guerra.
IA é aliada para interpretar imagens e alertas
Moura diz que, em enchentes, fábrica devem ser capazes de monitorar o nível da água
Arquivo pessoal/Divulgação/JCA junção de sistemas de imagens e inteligência artificial é cada vez mais promissora sob muitos aspectos, incluindo a prevenção a desastres. O fundador e CEO da PIXForce, Daniel Moura, relata que uma medida adotada nesse sentido são as réguas visuais, que definem padrões de atenção.
Em relação a uma enchente, por exemplo, a primeira coisa que uma fábrica pode fazer é monitorar o nível da água. "Existem sensores que podem ser usados, mas uma forma muito efetiva são as chamadas réguas visuais. Elas permitem verificar o nível. É possível instalar uma câmera voltada para essa régua e enviar um alerta quando chegar a um nível crítico."
Outro recurso associado é a utilização de imagens de satélite, que podem ser verificadas com recorrência, permitindo o monitoramento de situações críticas, como eventos climáticos extremos. "É praticamente em tempo real e você consegue ver diariamente as áreas afetadas." Mesmo em um cenário de muitas nuvens, é possível realizar o monitoramento graças a tecnologia embarcada em satélites que permite a análise mesmo que o céu esteja encoberto.
Frases destaque
Apesar de toda a destruição física, quando há um plano de contingência e os dados estão na nuvem, o governo continua conseguindo servir seu cidadão e as empresas privadas podem manter suas operações. Esse não foi o caso em muitas das guerras ou desastres naturais. Quando as pessoas e os governos começaram a se reconstruir, muitas vezes, foram forçados a fazê-lo quase que do zero. Nesse contexto, seja na guerra moderna, na guerra cibernética ou eventos climáticos extremos, os dados têm uma importância vital para serem protegidos."
Fernanda Spinardi, Head of Customer Solutions Management na AWS
A tecnologia é o diferencial das empresas em qualquer indústria. Todos os processos críticos como atendimento ao cliente, vendas, finanças e operações são suportados por tecnologia. Uma abordagem baseada em computação em nuvem permite que as empresas estejam protegidas de desastres naturais ou outros problemas associados à localização física de servidores."
Daniel Hoe, VP de Marketing da Salesforce para a América Latina
O governo ou mesmo uma grande indústria pode usar imagens de satélite para fazer uma avaliação não apenas da sua área próxima, mas de todo o Estado ou de toda uma bacia, como, no caso do Rio Grande do Sul, da Bacia do Caí, para acompanhar se estão aumentando as áreas de inundação. A partir disso, se prevê o volume que vai chegar ao Guaíba. Essas imagens podem ser usadas para isso e conseguiria fazer uma análise preditiva."
Daniel Moura, fundador e CEO da PIXForce