Integrante da segunda geração do JC, Delmar Jayme Jarros, 87 anos, trabalhou no comando do jornal ao lado da mãe, Zaida Jarros, por três décadas, atuando depois no Conselho de Administração do Jornal do Comércio.
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Desde criança se interessou pelo empreendimento comandado pelo pai, Jenor Cardoso Jarros. Em 1952, aos 15 anos, começou a trabalhar na empresa. Sua primeira tarefa, como outros jovens que buscavam emprego no veículo de comunicação, foi como entregador.
Distribuía o então Consultor do Comércio aos assinantes na avenida Farrapos. Num primeiro momento, a pé. Depois, inovou ao fazer a entrega de bicicleta. Passou por diversos setores da empresa, auxiliou na impressão do jornal, mas se firmou no setor administrativo. Aliás, para trabalhar, Delmar passou a estudar no turno da noite - foi assim que concluiu o curso técnico de Contabilidade na ACM.
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Depois de servir ao Exército, passou a se dedicar em tempo integral ao jornal. E, após 16 anos de atividade, tornou-se diretor administrativo em 1968, quando o Jornal do Comércio se instalou na nova sede da avenida João Pessoa. No ano seguinte, acompanhou a negociação do pai na compra de uma impressora offset, importada dos Estados Unidos. O prédio já havia sido reformado para abrigar o equipamento.
Mas o fundador do JC faleceu antes de a máquina encomendada chegar ao destino. Delmar teve de retomar as negociações. "Fui ao banco e me disseram que o aval para o empréstimo era para o seu Jenor. Aí tive que pegar confiança, levar os balancetes até liberarem o dinheiro. E a impressora lá no cais, em Nova York, só esperando a autorização", lembra.
Atuando na retaguarda, o representante da segunda geração da família Jarros no Jornal do Comércio teve o auxílio da mãe, Zaida, na linha de frente. "A vida inteira ela foi uma conselheira do pai no jornal. E depois, passou a dar expediente diário no jornal, fazia muito bem o marketing, e assim como o pai, tinha muita visão das coisas, sabia que caminho seguir. E dava muita credibilidade à empresa", conta Delmar.
Ele seguiu a filosofia dos pais, de avançar sempre com os pés no chão. "Íamos progredindo pouco a pouco, conforme as necessidades. Não era mudar por mudar", conta. O modelo ajudou nos momentos difíceis, como nos anos 1980, quando Porto Alegre chegou a ter apenas dois diários. "Havia hiperinflação, que chegava a 80% ao mês, sem falar nas mudanças da moeda... Isso afetava toda a economia da empresa."
Delmar salienta que nos 90 anos o Jornal do Comércio se manteve como uma empresa familiar, com capital próprio. A terceira geração, com seus três filhos, Cristina Ribeiro Jarros, Jenor Cardoso Jarros Neto e Valéria Jarros Tumelero, teve o reforço do genro, Mércio Tumelero (diretor-presidente do JC).
Diretor administrativo por três décadas, Delmar elogia a profissionalização da gestão. "No meu tempo, havia um certo paternalismo, no sentido de que eu era responsável pelas centenas de colaboradores. E o Mércio distribuiu mais as responsabilidades, indicou seus executivos para cada setor", observa.