Pedro Carrizo, especial para o JC
A indústria automotiva segue em busca de retomar o patamar pré-pandemia na produção e venda de veículos zero no Brasil, mas o alto custo de crédito - que encarece as compras à prazo - e a supervalorização dos veículos freiam a retomada. Em Gravataí, o parque fabril da GM, o maior da América do Sul e um dos mais produtivos da montadora no continente, enfrenta as mesmas dificuldades.
Segundo Marcel Querotti, diretor-executivo de Manufatura da GM Gravataí, além da paralisação e de layoffs que precisaram ser feitos durante a pandemia, a montadora utilizou os mecanismos criados pelo governo para lidar com os momentos mais críticos. "Porém, todos os investimentos da GM na região foram mantidos", salienta.
Até a eclosão da Covid-19, a indústria automotiva vinha crescendo. Assim como muitos setores da economia, o segmento sofreu os impactos de lockdowns. Mas diferente de outras indústrias, a automotiva ainda não conseguiu se recuperar plenamente do baque.
Este Dia da Indústria, no entanto, pode representar uma virada de chave para o setor. O governo federal deve anunciar hoje um plano de incentivos, com intenção de reduzir os preços dos carros populares para uma faixa de R$ 50 mil e R$ 60 mil, por meio de descontos de impostos federais e estaduais.
Ainda não há muitos detalhes sobre como o plano vai funcionar e a expectativa é grande por novas informações, que devem ser anunciadas em breve.
"De toda forma, seguimos avaliando com atenção as condições do mercado e fazendo ajustes em nossa estratégia quando necessário. Agora, a produção obedece ao ritmo do mercado. Quando necessário, aumentamos o volume e os turnos, de forma a atender com precisão e qualidade nossos clientes", diz Querotti.
À revelia da desvantagem dos fatores externos, a GM celebrou um marco de sua operação no Rio Grande do Sul, iniciada em 2000. Em março deste ano, a fábrica chegou a marca de 4,5 milhões de veículos produzidos em Gravataí. A cerimônia reuniu colaboradores, associações representativas e autoridades políticas, como o governador Eduardo Leite.
O Chevrolet Onix produzido na cor vermelha simbolizou o feito histórico. Hoje, o complexo industrial produz as versões hatch e sedã do modelo, que é líder de vendas na América do Sul.
Quando iniciou as operações no Estado, o Chevrolet Celta era o carro-chefe da montadora.
A fábrica da GM em Gravataí é a maior da América do Sul, com capacidade produtiva de 330 mil unidades por ano.
Desde sua inauguração, a unidade passou por três importantes expansões, que somaram um investimento de cerca de R$ 4,5 bilhões. Após fabricar o Celta, as reformas e ampliações viabilizaram a produção do Prisma, do Onix e, mais recentemente, do novo Onix e novo Onix Plus.
"Para este ano, temos lançamentos importantes que têm o potencial de alavancar as vendas, como a Nova Montana, que chegou às concessionárias em fevereiro, e a Silverado chegará às concessionárias no quarto trimestre do ano", projeta Querotti.
A produção de veículos no Brasil aumentou 8% no primeiro trimestre de 2023, enquanto a venda subiu 16,3%, ambos em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, mostrou a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Apesar de o número representar alta em relação ao ano passado, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, lembra que o primeiro trimestre de 2022 foi o pior resultado da indústria automobilística desde 2004.
"Nós estamos repetindo em 2023 o pior trimestre desde 2004", disse Leite, ao comparar os dados da produção em 2022 e em 2023.