Jornal do Comércio - Como a associação dos servidores está vendo essa questão dos surtos de Covid-19 no Conceição?
Arlindo Ritter - A diretoria do GHC segue uma tendência do governo federal de negligenciar as questões preventivas, uma linha negacionista. Seu corpo diretivo e de gerências (é composto por) mais de 20 externos ao quadro do GHC, indicações do ministro Ônix Lorenzoni, sem o devido conhecimento da área da saúde. Inclusive, alguns, sendo alvo de representação no Ministério Público Federal (MPF) e no Tribunal de Contas da União, por falta de credencial técnica/legal para assunção aos cargos. Ocorreu nas últimas semanas um afrouxamento das medidas preventivas e de isolamento dos pacientes, com o desmonte dos serviços de enfrentamento à Covid. Internaram pacientes com isolamento de contato (KPC, enterobacter, acinetobacter) e respiratório (Covid-19). Desastre anunciado.
JC - Vocês têm conhecimento sobre o estado de saúde dos servidores infectados?
Ritter - Essa é a nossa luta. Foram 3.500 trabalhadores dos hospitais do GHC, até o momento, com diagnóstico positivo para Covid-19 e não há um serviço de rastreamento destes colegas em relação às sequelas. Mesmo com as duas doses da vacina, ocorreram as novas contaminações. O GHC não se responsabiliza pela saúde dos trabalhadores. Lembrando que, em março e início de abril de 2020, travamos uma batalha por fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual e afastamento de gestantes, lactantes e trabalhadores com comorbidades da assistência da linha de frente. A luta política das entidades, ASERGHC e Sindisaúde, acabou sendo tema de mediação no Tribunal Regional do Trabalho.
JC - Não foi criado nenhum tipo de centro de acompanhamento dos profissionais infectados para avaliar as sequelas?
Ritter - Não, essa é a nossa luta. Inclusive, oficiamos a direção do GHC sobre assistência de saúde aos trabalhadores e aguardamos retorno da pauta há três semanas. Há muitos casos de sequela no campo de saúde mental.