O Brasil chegou a 300.015 mortes pelo novo coronavírus nesta quarta-feira (24). São mais de 300 mil despedidas em pouco mais de um ano de pandemia - muitas delas em meio ao colapso hospitalar e sem a assistência médica necessária. Para se ter uma ideia, é como se o total da população da cidade gaúcha de Santa Maria (282,6 mil), somada a de Não-Me-Toque (17,6 mil), sumisse do mapa.
Porém, pode haver um "represamento de dados" no País, uma vez que nesta quarta-feira o Ministério da Saúde passou a exigir, sem aviso prévio, dados adicionais para o preenchimento de óbitos pelo coronavírus no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe). Entre os dados exigidos estão número de CPF, cartão de vacinação do SUS, declaração de estrangeiro e a confirmação ou não se o paciente já havia se imunizado contra o coronavírus.
Já no fim do dia, com atrasos na notificação de óbitos, o Ministério voltou atrás e tornou as informações optativas. Porém, o reflexo pode ser sentido nos dados de São Paulo, que registrou 281 óbitos nas últimas 24 horas, uma queda de 24,3% em relação ao dia anterior.
Na véspera, o Estado já havia batido o seu recorde com 1.021 mortes pelo coronavírus, o que representou quase um terço do total do País, que ultrapassou pela primeira vez a marca das 3 mil vidas perdidas para a doença.
Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) informaram que fizeram um pedido ao Ministério da Saúde de retirada temporária da obrigatoriedade de preenchimento dos dados.
Mesmo com menor número de óbitos contabilizados nesta quarta, o descontrole da pandemia no Brasil tem reflexo no mundo. Na sexta-feira (19), o País completou duas semanas como a nação com mais mortes diárias por Covid-19 no mundo, apontam dados da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford (Reino Unido).
Nessa última semana, o Brasil foi responsável por 27% dos óbitos de todo o planeta. O País ultrapassou os Estados Unidos na sexta-feira (5), quando registrou 1,8 mil novos óbitos (ante 1.763 dos EUA). A partir daí, a diferença só aumentou.