"Compraremos todas as vacinas certificadas pela Anvisa, de acordo com a demanda." A frase é do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, dita em reunião nesta terça-feira (8) com governadores, e o chefe do Palácio Piratini, Eduardo Leite (PSDB), fez questão de reproduzir. Mesmo assim, Leite disse que emitiu pedido de compra de doses da vacina chinesa, em produção no Instituto Butantã, pelo governo paulista.
A ausência de acordo para a aquisição da Sinovac, em último caso do Butantã, enquanto o governo federal já tem com outras fontes de imunizantes, foi cobrada pelo governador gaúcho do ministro. Segundo Eduardo Leite, Pazuello teria sugerido que o empecilho seria o acordo existente por meio do governo de João Doria (PSDB), que
marcou para 25 de janeiro, aniversário da capital São Paulo, a largada da imunização, mesmo sem ter ainda a garantia de registro.
"Não houve frustração sobre o que o ministério se comprometeu a fazer até agora (leitos, testes, equipamentos), então isso (sobre a compra de vacinas certificadas) nos dá confiança que mais uma vez na vacina terá política do plano nacional de imunização", ponderou o governador.
O ministério já tem contrato com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, para compra de 100 milhões de doses, além de outras 60 milhões a serem produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com repasse de insumos e transferência de tecnologia.
O lote deve ter primeiras 15 milhões de doses entregues em janeiro, o mesmo número em fevereiro e depois novas entregas até o fim do primeiro semestre. O valor por unidade é de US$ 3,75 (quase R$ 20,00, pela cotação do dólar oficial). O governo também vai adquirir mais de 40 milhões de doses do consórcio mundial de pesquisa da vacina, do qual o Brasil é signatário, e também
negocia 70 milhões de imunizantes da Pfizer.
Leite afirmou, após a reunião, que a manifestação do ministro tranquiliza e sinaliza para a aquisição de todas as vacinas. O governo vai liderar a política nacional, citou o governador. Hoje há pedidos na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para análise de resultados da Sinovac e Oxford/AstraZeneca.
Sobre a resposta genérica de Pazuello para não ter acordo com o Butantã, o chefe do Piratini disse que pediu que a pasta analise as "possibilidades jurídicas" para fazer firmar um memorando com a instituição paulista. "Para dar maior garantia de compra da vacina", justificou.
Outras duas solicitações foram endereçadas por Leite: organização de um cronograma indicando a capacidade de distribuição das vacinas e uma comunicação central e com clareza para a população sobre a estratégia do governo federal e repassando a garantia que Pazuello deu na sua afirmação.
A manifestação do governador indica que o fator ideológico e de disputa entre Brasília e São Paulo ainda está influenciando o futuro programa.
"Diante da lamentável politização do tema da vacina, pode ser que, de um lado, haja comunicação de menos, e, de outro, demais. Precisa prevalecer o caráter técnico e não politico do tema", defendeu o governador, que justificou ainda que a busca em paralelo pelas doses do Butantã atendem à "responsabilidade com 11,5 milhões de gaúchos".
Até agora, o
plano geral a ser coordenado pela União para a imunização define grupos prioritários e quatro fases. Os primeiros a receber serão idosos acima de 75 anos, profissionais de saúde, pessoas com mais de 60 anos que estão em instituições de longa permanência (asilos) e populações indígenas.
O governo gaúcho
começa a preparar sua estratégia local, como reforço em equipamentos de refrigeração para armazenar doses, mas depende das definições nacionais para fechar qualquer cronograma ou alcance e número de pessoas e quando serão imunizadas, segundo a secretária da Saúde, Arita Bergamnn. Arita disse que sugeriu ao ministro que os professores sejam incluídos nos grupos que receberão primeiro a vacina.