A plataforma de Leitos e Insumos do Ministério da Saúde, lançada há uma semana com o objetivo de dar transparência às ações de combate ao coronavírus (Covid-19) no País, mostrou uma realidade diferente da almejada esta semana. O motivo é que os dados que deveriam ser confiáveis, por serem de uma instituição oficial, induziram profissionais de comunicação ao erro.
Com base nos números publicados pelo ministério, o
Jornal do Comércio publicou no dia 7 de abril uma matéria sobre o baixo número de leitos de UTI no Rio Grande do Sul, se comparado aos demais estados da Região Sul do País - Santa Catarina e Paraná. A reportagem
"Número de leitos de UTI no RS é o menor do Sul do País" mostrava um comparativo entre os três estados e levava em consideração o número de habitantes e o de leitos de UTI disponíveis para tratar casos graves da Covid-19.
Conforme a plataforma, o Rio Grande do Sul possuía 837 leitos para uma população estimada em 11,3 milhões de habitantes. A diferença, se comparada à Santa Catarina, com 7,1 milhões de pessoas e um número de leitos de 1.630, representava cerca de 94,7% leitos a mais do que o Rio Grande do Sul. O mesmo comparativo, feito com o Paraná, que possui uma população estimada em 11,4 milhões de habitantes e 2.006 leitos, mostrava uma superioridade de cerca de 139,6%.
Os números do Ministério da Saúde, no entanto, foram equivocadamente trocados entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelos técnicos da pasta. A correção aconteceu somente após a publicação da matéria. Portanto, ao contrário do informado, o Rio Grande do Sul possui 94,7% leitos a mais que Santa Catarina (837), totalizando, então, 1.630. A diferença entre o estado gaúcho e o paranaense, com 2.006 leitos, é de 376, ou seja, 23% superior.
Apesar da correção feita na plataforma do Ministério da Saúde, vale ressaltar que os dados divulgados pela pasta são também utilizados por órgãos oficiais de saúde do Rio Grande do Sul, e estes, também, podem ser levados ao erro.
De acordo com um levantamento realizado pela Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), no entanto, o Estado tem cerca de mil leitos, com uma ocupação de 70%. "Devemos suportar de 8 a 10 mil pessoas contaminadas, não necessariamente casos confirmados. Mais do que isso a coisa se complica bastante", argumenta o presidente da Famurs, Eduardo Freire, ao reforçar que devem ser abertos mais 250 leitos até o final de maio. Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde não se manifestou de forma oficial.