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Publicada em 04 de Julho de 2024 às 17:46

Apesar das enchentes, Coprel pretende manter investimentos previstos para 2024

Presidente da cooperativa, Jânio Vital Stefanello projeta aporte acima de R$ 140 milhões neste ano

Presidente da cooperativa, Jânio Vital Stefanello projeta aporte acima de R$ 140 milhões neste ano

Coprel/Divulgação/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Mesmo com os impactos que as chuvas e as cheias causaram no Rio Grande do Sul e também no sistema elétrico gaúcho, a Coprel planeja sustentar os aportes previstos para este ano, que ultrapassam o patamar de R$ 140 milhões. O presidente da cooperativa de energia e da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop), Jânio Vital Stefanello, ressalta que as associações desse segmento esperam contar com o apoio governamental para ter acesso a recursos e recuperar suas redes elétricas e usinas afetadas pelo fenômeno climático. Atualmente, a Coprel, que tem sede em Ibirubá, atende a 72 municípios e possui 56 mil sócios, além de 18,4 mil quilômetros de rede.Jornal do Comércio - Os severos eventos climáticos que atingiram o Rio Grande do Sul tiveram impactos muito intensos na Coprel?Jânio Vital Stefanello - Nós tivemos (reflexos), não no grau de impacto como houve na Certel (cooperativa de Teutônia), por exemplo, mas tivemos municípios como Tunas, parte de Espumoso, Jacuizinho, Salto do Jacuí, afetados. Especialmente Salto do Jacuí, porque a subestação da CPFL lá ficou embaixo d'água, então as conexões que tínhamos por aquela região tiveram que vir por Tapera. Graças a Deus nós conseguimos minimizar os impactos, mas tivemos perdas, além da distribuição, na geração. Houve a inundação de uma usina (a pequena central hidrelétrica - PCH - Ernesto Jorge Dreher, que possui 17,87 MW de potência instalada) de uma empresa coligada nossa, a BME Energia.JC - Qual foi o tamanho do prejuízo financeiro da Coprel com as chuvas no Estado?Stefanello - Na distribuição, os impactos até que não foram tão significativos, foram na faixa de R$ 5 milhões. Na geração, nós acreditamos que vai na faixa de R$ 15 milhões. Então, são uns R$ 20 milhões para nós recompormos o sistema. Estamos correndo atrás de recursos, que até agora não conseguimos ter acesso, mas entregamos para o governador (Eduardo Leite), para o ministro extraordinário (de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta), na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e no ministério de Minas e Energia o pleito do cooperativismo através da nossa federação, a Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs). Estamos tentando enquadrar as cooperativas para poder acessar recursos e fazer a recomposição. Enquanto isso, estamos fazendo com recursos das próprias cooperativas.JC - Então, a Coprel pretende manter seus planos de investimentos para este ano?Stefanello - Vamos continuar na luta de buscar recursos e manter os investimentos. Nós tínhamos um plano de investimento na geração de em torno de R$ 52 milhões, projeção para 2024, especialmente na PCH Santo Antônio do Jacuí, que vendeu energia em leilão. Infelizmente, a chuva vai atrasar um pouco o cronograma de obras, mas como os recursos já estão alocados e o plano está contratado, vamos tocá-la para frente.JC - E na área da distribuição, o que a cooperativa planeja fazer?Stefanello - Na distribuição, se olharmos o programa de investimento para a Coprel, tínhamos quase R$ 93 milhões para este ano. Esse montante contempla, entre outras ações, uma subestação nova em Não-Me-Toque, uma subestação importante para aquela região que vai dar muito mais segurança e confiabilidade no fornecimento de energia. Desse investimento, que é de (um total) em torno de R$ 25 milhões, neste ano a projeção é investir quase R$ 19 milhões. Então, esse é um empreendimento que já está andando, são investimentos que a gente não vai parar. E temos planos de redes trifásicas no Interior.JC - Para não onerar demasiadamente as cooperativas de energia e as tarifas de seus associados afetados com as cheias, o ideal seria criar uma espécie de "colchão" com ações do poder público para amortizar os custos?Stefanello - Esse é o grande pleito que estamos levando para o órgão regulador. Temos feito inúmeras reuniões, há sensibilidade, mas existe também o papel da política pública. Então, estamos trabalhando junto ao ministério Extraordinário do Sul, com o ministro Paulo Pimenta, também com a Secretaria estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, mostrando o impacto nessas cooperativas para que a recomposição do sistema seja feita.JC - Os órgãos regulatórios e governamentais estão abertos aos argumentos das cooperativas?Stefanello - É um momento desafiador que o Estado está passando, é algo nunca visto, então a gente precisa ter um olhar diferente do convencional. Esperamos que a gente possa sensibilizar tanto o órgão regulador como o governo para que olhem para as cooperativas que são pequenos agentes lá no Interior. O ideal seria que já tivesse a regra do jogo estruturada, mas está aberto. Eu sinto que há uma sensibilidade, há um interesse de buscar saídas e acho que o melhor caminho é construirmos juntos uma metodologia para que o impacto na ponta seja o mínimo possível, principalmente, neste momento de renda baixa, de dificuldade de pagamento de conta de luz.JC - Como no pós-enchente haverá várias ações que terão que ser feitas no Rio Grande do Sul, o senhor pensa que existe o risco de que o programa Energia Forte no Campo do governo estadual, que busca fortalecer a estrutura elétrica no meio rural, seja descontinuado por falta de foco?Stefanello - Eu vejo o programa como mais necessário ainda, porque o produtor vai ter que melhorar o seu sistema (de fornecimento de energia) para melhorar sua renda. Cada vez que a gente chega no Interior, com rede trifásica, quando a gente possibilita ao produtor aumentar seu tambo de leite, incrementar o seu aviário, sua irrigação ou alguma atividade econômica, está melhorando a vida dele. E o Energia Forte é um belíssimo programa, de melhoria de renda e também, acima de tudo, de melhoria da vida das pessoas no Interior.JC - O evento climático que atingiu o Rio Grande do Sul mudará a forma das empresas de energia atuarem?Stefanello - Uma coisa que precisamos colocar no radar, não só no nosso, mas de todas as empresas, é olhar isso com uma visão mais estratégica. Qual é a garantia para esses ativos que nós temos? Qual é o seguro que temos para isso? Como podemos mitigar esse risco? Estamos nos desafiando a buscar soluções diferentes que temos hoje para buscarmos parceiros nessa hora ou criar fundos para contingências mais fortes e também seguros maiores para essas eventualidades. A gente tem que ver que o clima mudou e precisamos estar atentos a essas mudanças para manter esses riscos mapeados dentro do nosso planejamento e colocar isso como um fator que vai ser normal.JC - Há exemplos que podem ser aproveitados quanto à proteção dos sistemas?Stefanello - Acho que vale a pena a gente pensar sobre o que existe em outros países, outros modelos, qual é o custo disso. Por exemplo, não dá para ter usinas sem ter seguros robustos, não somente dos equipamentos, mas também da receita futura que podes perder. A meta é buscar soluções, às vezes sacrificando margem, mas em benefício da segurança. O componente da segurança, a partir de agora, precisa ser olhado com carinho nos nossos investimentos futuros. Em 2019, nos Estados Unidos, em Memphis, fomos olhar uma cooperativa de telecomunicações e havia uma associação que tinha o centro de operação na parte superior, que podia ser afetado por um ciclone. Mas, do lado, enterrado, tinha um centro de operação subterrâneo funcionando paralelamente. Um sistema todo protegido.
Mesmo com os impactos que as chuvas e as cheias causaram no Rio Grande do Sul e também no sistema elétrico gaúcho, a Coprel planeja sustentar os aportes previstos para este ano, que ultrapassam o patamar de R$ 140 milhões. O presidente da cooperativa de energia e da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop), Jânio Vital Stefanello, ressalta que as associações desse segmento esperam contar com o apoio governamental para ter acesso a recursos e recuperar suas redes elétricas e usinas afetadas pelo fenômeno climático. Atualmente, a Coprel, que tem sede em Ibirubá, atende a 72 municípios e possui 56 mil sócios, além de 18,4 mil quilômetros de rede.

Jornal do Comércio - Os severos eventos climáticos que atingiram o Rio Grande do Sul tiveram impactos muito intensos na Coprel?

Jânio Vital Stefanello - Nós tivemos (reflexos), não no grau de impacto como houve na Certel (cooperativa de Teutônia), por exemplo, mas tivemos municípios como Tunas, parte de Espumoso, Jacuizinho, Salto do Jacuí, afetados. Especialmente Salto do Jacuí, porque a subestação da CPFL lá ficou embaixo d'água, então as conexões que tínhamos por aquela região tiveram que vir por Tapera. Graças a Deus nós conseguimos minimizar os impactos, mas tivemos perdas, além da distribuição, na geração. Houve a inundação de uma usina (a pequena central hidrelétrica - PCH - Ernesto Jorge Dreher, que possui 17,87 MW de potência instalada) de uma empresa coligada nossa, a BME Energia.

JC - Qual foi o tamanho do prejuízo financeiro da Coprel com as chuvas no Estado?

Stefanello - Na distribuição, os impactos até que não foram tão significativos, foram na faixa de R$ 5 milhões. Na geração, nós acreditamos que vai na faixa de R$ 15 milhões. Então, são uns R$ 20 milhões para nós recompormos o sistema. Estamos correndo atrás de recursos, que até agora não conseguimos ter acesso, mas entregamos para o governador (Eduardo Leite), para o ministro extraordinário (de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta), na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e no ministério de Minas e Energia o pleito do cooperativismo através da nossa federação, a Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs). Estamos tentando enquadrar as cooperativas para poder acessar recursos e fazer a recomposição. Enquanto isso, estamos fazendo com recursos das próprias cooperativas.

JC - Então, a Coprel pretende manter seus planos de investimentos para este ano?

Stefanello - Vamos continuar na luta de buscar recursos e manter os investimentos. Nós tínhamos um plano de investimento na geração de em torno de R$ 52 milhões, projeção para 2024, especialmente na PCH Santo Antônio do Jacuí, que vendeu energia em leilão. Infelizmente, a chuva vai atrasar um pouco o cronograma de obras, mas como os recursos já estão alocados e o plano está contratado, vamos tocá-la para frente.

JC - E na área da distribuição, o que a cooperativa planeja fazer?

Stefanello - Na distribuição, se olharmos o programa de investimento para a Coprel, tínhamos quase R$ 93 milhões para este ano. Esse montante contempla, entre outras ações, uma subestação nova em Não-Me-Toque, uma subestação importante para aquela região que vai dar muito mais segurança e confiabilidade no fornecimento de energia. Desse investimento, que é de (um total) em torno de R$ 25 milhões, neste ano a projeção é investir quase R$ 19 milhões. Então, esse é um empreendimento que já está andando, são investimentos que a gente não vai parar. E temos planos de redes trifásicas no Interior.

JC - Para não onerar demasiadamente as cooperativas de energia e as tarifas de seus associados afetados com as cheias, o ideal seria criar uma espécie de "colchão" com ações do poder público para amortizar os custos?

Stefanello - Esse é o grande pleito que estamos levando para o órgão regulador. Temos feito inúmeras reuniões, há sensibilidade, mas existe também o papel da política pública. Então, estamos trabalhando junto ao ministério Extraordinário do Sul, com o ministro Paulo Pimenta, também com a Secretaria estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, mostrando o impacto nessas cooperativas para que a recomposição do sistema seja feita.

JC - Os órgãos regulatórios e governamentais estão abertos aos argumentos das cooperativas?

Stefanello - É um momento desafiador que o Estado está passando, é algo nunca visto, então a gente precisa ter um olhar diferente do convencional. Esperamos que a gente possa sensibilizar tanto o órgão regulador como o governo para que olhem para as cooperativas que são pequenos agentes lá no Interior. O ideal seria que já tivesse a regra do jogo estruturada, mas está aberto. Eu sinto que há uma sensibilidade, há um interesse de buscar saídas e acho que o melhor caminho é construirmos juntos uma metodologia para que o impacto na ponta seja o mínimo possível, principalmente, neste momento de renda baixa, de dificuldade de pagamento de conta de luz.

JC - Como no pós-enchente haverá várias ações que terão que ser feitas no Rio Grande do Sul, o senhor pensa que existe o risco de que o programa Energia Forte no Campo do governo estadual, que busca fortalecer a estrutura elétrica no meio rural, seja descontinuado por falta de foco?

Stefanello - Eu vejo o programa como mais necessário ainda, porque o produtor vai ter que melhorar o seu sistema (de fornecimento de energia) para melhorar sua renda. Cada vez que a gente chega no Interior, com rede trifásica, quando a gente possibilita ao produtor aumentar seu tambo de leite, incrementar o seu aviário, sua irrigação ou alguma atividade econômica, está melhorando a vida dele. E o Energia Forte é um belíssimo programa, de melhoria de renda e também, acima de tudo, de melhoria da vida das pessoas no Interior.

JC - O evento climático que atingiu o Rio Grande do Sul mudará a forma das empresas de energia atuarem?

Stefanello - Uma coisa que precisamos colocar no radar, não só no nosso, mas de todas as empresas, é olhar isso com uma visão mais estratégica. Qual é a garantia para esses ativos que nós temos? Qual é o seguro que temos para isso? Como podemos mitigar esse risco? Estamos nos desafiando a buscar soluções diferentes que temos hoje para buscarmos parceiros nessa hora ou criar fundos para contingências mais fortes e também seguros maiores para essas eventualidades. A gente tem que ver que o clima mudou e precisamos estar atentos a essas mudanças para manter esses riscos mapeados dentro do nosso planejamento e colocar isso como um fator que vai ser normal.

JC - Há exemplos que podem ser aproveitados quanto à proteção dos sistemas?

Stefanello - Acho que vale a pena a gente pensar sobre o que existe em outros países, outros modelos, qual é o custo disso. Por exemplo, não dá para ter usinas sem ter seguros robustos, não somente dos equipamentos, mas também da receita futura que podes perder. A meta é buscar soluções, às vezes sacrificando margem, mas em benefício da segurança. O componente da segurança, a partir de agora, precisa ser olhado com carinho nos nossos investimentos futuros. Em 2019, nos Estados Unidos, em Memphis, fomos olhar uma cooperativa de telecomunicações e havia uma associação que tinha o centro de operação na parte superior, que podia ser afetado por um ciclone. Mas, do lado, enterrado, tinha um centro de operação subterrâneo funcionando paralelamente. Um sistema todo protegido.

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