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Publicada em 04 de Julho de 2024 às 19:42

Cooperativas do crédito têm incremento de 29,3% em faturamento

Cé celebra a marca de 100 mil cooperados na Unicred Central Geração

Cé celebra a marca de 100 mil cooperados na Unicred Central Geração

/Unicred/Divulgação/JC
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As associações de crédito são o ramo do cooperativismo que mais cresce no Estado. Conforme balanço divulgado em junho pela Ocergs/Sescoop-RS o setor teve incremento de 29,3% em faturamento, saltando de R$ 18,3 bilhões em 2022 para R$ 24,2 bilhões, em 2023.
As associações de crédito são o ramo do cooperativismo que mais cresce no Estado. Conforme balanço divulgado em junho pela Ocergs/Sescoop-RS o setor teve incremento de 29,3% em faturamento, saltando de R$ 18,3 bilhões em 2022 para R$ 24,2 bilhões, em 2023.
Para o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, o crescimento das entidades de crédito está diretamente relacionado ao desenvolvimento regional, pela possibilidade de impulsionar as localidades onde as cooperativas atuam. "Tem cada vez mais pessoas conhecendo o cooperativismo de crédito e por isso tem aumentado a procura, especialmente por parte de pessoas físicas. No caso do Sicredi, verificamos um crescimento de 20% a 25% ao ano, o que é muito bom, ainda mais quando a gente olha o crescimento do PIB do País."
Segundo ele, mesmo com o cenário de tragédia e crise que se abateu sobre o Estado, desde que iniciaram as enchentes, em abril deste ano, a tendência é de que o Sicredi mantenha a tendência de crescimento que vem apresentando ano após ano. Num comparativo entre maio de 2023 com maio de 2024, houve um incremento de 11% em faturamento, saltando de R$ 120 bilhões contabilizados em 2023 para R$ 133 bilhões, em 2024.
"Nesse ritmo, podemos chegar a um crescimento de 23%, em 2024. Considerando que o PIB não cresce quase, no Estado e no País, então é um grande crescimento", avalia Port. Em relação às sobras, o aumento também foi expressivo, chegando a 26%: em 2022 foram contabilizados R$ 2,7 bilhões em sobras, já no ano passado esse montante chegou a R$ 3,5 bilhões.
Conforme o presidente do Conselho de Administração da Unicred Central Geração, Antônio César de Oliveira Cé, a cooperativa encerrou o ano de 2023 com um total de 96.265 cooperados, quase 30% a mais do que o observado ao fim de 2022. Além disso, no último ano, foi registrado crescimento de 21,41% na carteira de crédito, 29,44% no capital social e 26,08% em ativos. "Hoje, já atingimos pela primeira vez na história a marca de 100 mil cooperados na Central Geração, algo muito relevante para todos nós e nossos cooperados", afirma Cé.
O presidente da Confederação Cresol, Cledir Magri, afirma que, em termos de faturamento, a cooperativa fechou 2023 com o resultado de R$ 502,6 milhões, bem como ativos totais de R$ 31,3 bilhões, depósitos totais de R$ 15,5 bilhões e carteira de crédito total de R$ 23,8 bilhões. "Temos uma perspectiva de seguir crescendo neste ano, apesar dos inúmeros desafios. Crescemos em 30% no número de cooperados, com 900 mil e caminhamos para chegar a 1 milhão ainda em 2024", afirma.
Para Magri, o atual cenário é bastante desafiador, no campo econômico, político e climático e o papel do cooperativismo é essencial em momentos como esse. Funciona como uma engrenagem de desenvolvimento social, no qual os recursos captados pelas cooperativas são destinados para pessoas da própria comunidade, fazendo com que ela se desenvolva e gere mais recursos, que permanecem na comunidade, gerando o círculo virtuoso. A Cresol expandiu sua presença, inaugurando 125 novos pontos de atendimento, com 99 agências, 18 salas de negócios e oito unidades da Cresol Conecta, uma agência digital.
Durante o auge da crise, além do apoio aos associados, as cooperativas se voltaram para ações de voluntariado: o Sistema Unicred, através do Instituto Unicred, realizou uma campanha para arrecadação de recursos como forma de auxiliar as famílias impactadas pelas chuvas. A ação foi aberta para o público geral e buscou arrecadar recursos financeiros para o atendimento das necessidades mais emergentes das regiões afetadas, auxiliando na recuperação das cidades e no acolhimento das famílias atingidas.
"Também buscamos permanente alinhamento com prefeituras, defesa civil e governo do Estado para identificar o que era mais importante, urgente e essencial em termos de arrecadação de recursos. Água e materiais de higiene e limpeza foram nossas primeiras doações. Logo na sequência, com a chegada do frio mais intenso, mapeamos a necessidade de doarmos cobertores. Também alinhamos com os órgãos competentes sobre os pontos de distribuição mais estratégicos para que esses produtos pudessem chegar com mais rapidez nas comunidades que necessitavam", detalha Cé.
O presidente do Sicredi, Márcio Port, afirma que a mobilização foi grande no sentido de organizar a distribuição dos donativos e também através de doações via Pix, as quais a cada doação se dobrava o valor, até arrecadar R$ 22 milhões. "Nós colocamos mais R$ 110 milhões", sublinha.
A Cresol também se mobilizou para auxiliar as comunidades atingidas, tanto para público interno como externo. "Aos nossos colaboradores, realizamos campanhas internas para arrecadar valores aos atingidos pelas enchentes, com auxílios financeiros, psicológicos e estruturais para tentar amenizar os impactos, além da antecipação da primeira parcela do 13º salário."
Além disso, promoveu campanhas nacionais para arrecadação e doações de alimentos, água, vestimentas, itens de higiene, entre outros. "Tivemos muitos dos nossos colaboradores na linha de frente nos locais atingidos, ajudando nos resgates de pessoas e na destinação das doações." Para os cooperados, foram implementadas medidas como a possibilidade de prorrogação de parcelas ou refinanciamento com condições diferenciadas, a disponibilização de linha de crédito emergencial para pessoa física e jurídica, com carência estendida e taxa reduzida, suspensão de negativações por 60 dias, entre outras medidas.
A cooperativa conta ainda com linhas de crédito emergenciais com carência estendida, taxa reduzida e outras condições: para os cooperados Pessoa Jurídica, há disponibilização de Créditos de Repasse, com prorrogações alinhadas com portarias lançadas por BNDES, Fungetur, Finep e demais parceiros da Cresol, proporcionando um alívio financeiro essencial para a continuidade das atividades empresariais.
 

Especialista destaca papel do segmento na reconstrução do Rio Grande do Sul

As cooperativas de crédito estão entre os setores mais demandados, durante a crise desencadeada pela catástrofe climática, pela alta procura por linhas de crédito, seja por parte de empresas ou pessoas físicas. Conforme a sócia da PWC Brasil, especialista em serviços financeiros e líder do Centro de Excelência para Cooperativas de Crédito, Elisa Simão, esse ramo do cooperativismo é essencial no processo de reconstrução e retomada econômica do Rio Grande do Sul.
"A oferta de linhas de crédito é bem variada, a começar pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe Solidário), que teve alta adesão. Com ele, as cooperativas podem auxiliar ainda mais no desenvolvimento e fortalecimento de operações, além de dar um respiro para o capital de giro das empresas gaúchas, extremamente impactadas pelas enchentes ocorridas no Estado", disse a especialista.
Para ela, as cooperativas de crédito têm uma grande vantagem em relação às instituições financeiras tradicionais, que é a presença em 98% dos municípios do Rio Grande do Sul. Essa capilaridade faz com que elas tenham maior proximidade e conhecimento sobre o perfil de crédito de seus cooperados, de forma a se destacar pela agilidade no atendimento e no processo de análise e liberação de crédito.
"O grande diferencial está no papel que desempenham na transformação socioeconômica, já que conseguem chegar e ofertar produtos e serviços financeiros em localidades onde a disponibilidade de atendimento pelo sistema financeiro tradicional é baixa", avalia.
Elisa destaca ainda uma série de medidas tomadas pelas cooperativas para auxiliar pessoas e empresas atingidas pelas enchentes: bloqueio temporário de protestos e negativações automáticas de títulos, postergação de vencimento de parcelas de créditos tomados por cooperados, isenção, por três meses, das taxas de desconto e cobrança de aluguel de máquinas de cartão de crédito e débito utilizadas em estabelecimentos comerciais de associados PJ e ainda linhas de crédito especiais a pessoa física, crédito rural, imobiliário e renegociação de dívidas.
Segundo ela, caso essas medidas não tivessem sido tomadas no curto prazo, as cooperativas de crédito e demais instituições financeiras que tivessem a necessidade de renegociar as dívidas de seus cooperados devido às enchentes, seriam alvo de aumento dos seus índices de provisionamento para créditos de liquidação duvidosa e, por consequência, de destaque de capital.
 

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