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Publicada em 04 de Julho de 2024 às 18:18

Cooperativas gaúchas consolidam participação relevante no PIB do RS

Cooperativas do RS crescem, mesmo com impacto de adversidades climáticas na agropecuária

Cooperativas do RS crescem, mesmo com impacto de adversidades climáticas na agropecuária

TÂNIA MEINERZ/JC
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Ana Esteves
As cooperativas gaúchas são uma das molas propulsoras da economia do Rio Grande do Sul. Independentemente de circunstâncias e adversidades conjunturais, registram aumento nas suas receitas ano após ano.
As cooperativas gaúchas são uma das molas propulsoras da economia do Rio Grande do Sul. Independentemente de circunstâncias e adversidades conjunturais, registram aumento nas suas receitas ano após ano.
O faturamento dessas organizações deu um salto nesta década. Em 2020, foram R$ 52,1 bilhões, número que foi a R$ 71,2 bilhões em 2021, R$ 83,5 bilhões em 2022 e R$ 86,3 bilhões no ano passado, 3,3% superior a 2022, conforme dados divulgados em junho pela Ocergs/Sescoop-RS.
A participação das cooperativas no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul também se consolidou acima de 10% das riquezas produzidas em solo gaúcho. Conforme levantamento da Ocergs/Sescoop-RS, em 2019 a fatia do PIB relativa ao setor foi de 10,1%; em 2020, foi de 11,1%; em 2021 de 12,2%; em 2022 saltou para 14,1%. O percentual teve uma oscilação no ano passado, quando a participação das cooperativas no PIB ficou em 13,4%.

Faturamento das cooperativas do Rio Grande do Sul
Faturamento das cooperativas do Rio Grande do Sul ARTE/JC
De qualquer forma, a curva nos últimos anos é ascendente. E o crescimento na participação das cooperativas no PIB gaúcho tem sido verificado de forma mais contundente nos ramos de crédito e infraestrutura, especialmente nos últimos anos, quando o ramo agropecuário foi impactado por três secas e variações nos preços agrícolas, afetando os resultados.
"Em 2023, houve uma pequena queda na participação das cooperativas em relação ao PIB gaúcho, de 0,6 ponto percentual, convergente com a retração das grandes atividades agropecuárias gaúchas, que apresentaram PIB negativo na maioria dos trimestres devido à seca", explica o presidente da Ocergs, Darci Hartmann.
Para ele, os números demonstraram real incremento do sistema, mostrando que o modelo econômico social do cooperativismo está crescendo cada vez mais, através da sua profissionalização e da gestão dos seus quadros. "O cooperativismo está num processo de crescimento", completa.
Segundo o dirigente, o resultado positivo relativo aos ingressos de 2023 veio, apesar da estiagem que prejudicou a safra de verão 2022/2023 e das chuvas que marcaram a primavera do ano passado, muito atrelado ao bom desempenho das cooperativas de crédito. "O ano de 2023 foi bastante positivo e estamos trabalhando com muita intensidade para que possamos colocar em prática o projeto que temos de faturar R$ 150 bilhões em cinco anos, apesar de todos os desafios de 2024", afirma o presidente.
Outro ponto de destaque do relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2024, divulgado em junho pela Ocergs/Sescoop-RS é o crescimento de 20% nas sobras (parte da receita que supera as despesas, que é dividida entre os associados) que alcançaram R$ 5,11 bilhões em 2023. Em 2022, foram R$ 4,2 bilhões.

Desempenho do PIB gaúcho ao longo dos anos
Desempenho do PIB gaúcho ao longo dos anos ARTE/JC

Cooperativas de crédito puxaram elevação no faturamento de 2023

O relatório de 2023 demonstrou que entre os setores que mais alavancaram os ingressos está o das cooperativas de crédito que tiveram incremento de 29,3% em faturamento, saltando de R$ 18,3 bilhões em 2022 para R$ 24,2 bilhões, em 2023. Em relação às sobras, o aumento também foi expressivo, chegando a 26%: em 2022 foram contabilizados R$ 2,7 bilhões em sobras, já em 2023 esse montante chegou a R$ 3,5 bilhões.
"Mesmo diante de todo o cenário que temos percebido, as cooperativas de crédito seguem crescendo. Isso se deve ao fato de que operações de crédito são o motor da economia e acabam aquecendo comércio, indústrias, serviços. Então, o crescimento do setor de crédito é uma consequência do crescimento da vida econômica, financeira das próprias pessoas que são associadas das cooperativas", avalia o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port.
O cenário também foi positivo para cooperativas do ramo da saúde, com incremento de 12,6% nos ingressos - em 2023 o faturamento chegou a R$ 9,4 bilhões, ante R$ 8,3 bilhões de 2022. O vice-presidente de Integração e Relações Estaduais da Unimed Federação/RS, Jorge Martines, diz que a solidez financeira e a responsabilidade com o caixa são características da Unimed no RS, e que cada passo dado é pensado, com foco na sustentabilidade do negócio e na prestação de um atendimento de excelência aos mais de 2 milhões de beneficiários. "E a Unimed está com um número de cooperados superior a 16,6 mil médicos, em todo o Estado, e se mantém em crescimento".
Conforme o levantamento da Ocergs/Sescoop-RS, o incremento nos ingressos também foi verificado entre as cooperativas do setor de infraestrutura, com 9,7% de aumento num comparativo entre o valor de 2023, R$ 1,7 bilhão, e 2022 quando foi contabilizado R$ 1,5 bilhão. As sobras também tiveram aumento de 2%, subindo de R$ 169,5 milhões em 2022 para R$ 173,5 milhões em 2023.
Para 2024, o setor concentra esforços em um acesso facilitado a recursos financeiros oriundos do governo federal, para buscar recuperar os prejuízos causados pela tragédia climática que devastou o Estado, em maio, e seguir em rota de crescimento. "Hoje, estamos com boas tratativas com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que está sensibilizada e enxergando que o prejuízo foi muito grande", enfatiza o presidente da Certel e da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs), Erineo José Hennemann.

Ramo do agro supera adversidades climáticas e segue investindo

O setor de cooperativas agropecuárias teve queda, em função das sucessivas quebras de safra geradas por dois períodos de estiagens consecutivos no Estado, que afetaram lavouras nos períodos de 2021/2022 e 2022/2023.
Em 2024, foi a vez do excesso de chuvas registrado entre os meses de abril e maio, frustrar a expectativa boa que os produtores vinham tendo frente à safra de verão, que transcorreu dentro da normalidade, com a possibilidade de volumes recordes nas lavouras, em especial para a soja.
Conforme o levantamento da Ocergs/Sescoop-RS houve queda de 7,7% no faturamento das cooperativas do agro, caindo de R$ 52,63 bilhões, em 2022 para R$ 48,6 bilhões em 2023. As sobras também tiveram queda de 2%, com R$ 1,03 bilhões em 2022 para R$ 1,01 bilhão, em 2023. "O faturamento das cooperativas agropecuárias representa 56,3% do total dos sete ramos do cooperativismo no Estado. O valor das sobras equivale a 19,8% nesse cenário", afirma Darci Hartmann, da Ocergs.
Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Paulo Pires, o cooperativismo gaúcho vem vencendo desafios, mas com resultado. "Nós temos mais de 10 anos de resultados. E, principalmente, não tenho dúvida de dizer que no setor agropecuário, quem mais investe em armazenagem e estruturas físicas, novas unidades, enfim, é o cooperativismo agropecuário. Não há dúvida que o cooperativismo tem cumprido seu papel."

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