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Coprel pretende levar serviço de internet para mais municípios
Tradicionalmente consolidada na área de geração e distribuição de energia, a Coprel cada vez expande mais sua atuação na área de Telecom. Atualmente, a cooperativa de Ibirubá tem uma abrangência sobre 74 municípios e fornece o serviço de internet para 45 deles.
De acordo com o presidente da Coprel, Jânio Vital Stefanello, mais 18 cidades devem receber esse serviço por parte da associação já em 2023. A expectativa é levar a internet a todas as localidades em que a associação tem presença em um período de três a cinco anos.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, ele dá mais detalhes sobre o projeto e quais os benefícios da iniciativa para o meio rural.
Jornal do Comércio - Qual é a perspectiva de investimento da Coprel neste ano?
Jânio Vital Stefanello - Entre a área de distribuição e geração de energia e Telecom, nós devemos chegar a algo próximo de R$ 150 milhões em investimentos.
JC - O segmento de internet tem crescido muito ultimamente, como está o desempenho da cooperativa nesse campo?
Stefanello - Na Telecom, eu não vou falar números por causa da concorrência, mas em percentual crescemos em quantidade de clientes 31% em 2022 e projetamos para este ano um aumento na faixa de 22%. A gente está fazendo aquisições de pequenos provedores e está ampliando a área de atuação. A Coprel opera hoje em 74 municípios e estamos com internet, até agora, em 45 cidades. Estamos lutando para chegar em todas as áreas em que atuamos. Neste ano, a estratégia é chegar a mais 18 municípios.
JC - É uma tarefa muito árdua alcançar todos os municípios em que a cooperativa atua com a internet?
Stefanello - Se os programas federais e estaduais que estão sendo trabalhados para se ter uma política pública sobre esse tema forem implementados, isso será mais fácil. Hoje, a parceria que nós temos é com os municípios. A gente fala com os prefeitos e eles ajudam a construir parte da linha troncal de fibra ótica, sob a rede de energia, para poder levar a internet na casa da família rural.
JC - Tendo as condições favoráveis é viável chegar em todos os municípios abrangidos pela cooperativa em quanto tempo?
Stefanello - Acredito que entre três a cinco anos nós podemos universalizar a internet. Municípios como Marau e Gentil já são 100% atendidos, fechamos agora com Condor. Estamos fazendo o trabalho com as prefeituras e parte do investimento sai das sobras da cooperativa. Por isso eu digo que a cooperativa tem que ter resultado econômico para que ele se transforme em um benefício para os produtores. A distribuição de sobras em programas sociais cresceu 30,7% de 2021 a 2022, o que representou cerca de
R$ 32 milhões a partir dos resultados da Coprel Distribuidora, Coprel Geração, Coprel Telecom e agora temos a Coprel Comercializadora.
JC - Qual é o benefício para o meio rural com a propagação da internet?
Stefanello - Esse modelo permite disponibilizar no Interior a tecnologia que se tem na cidade e com isso o produtor pode ter o filho estudando a distância e fazer toda sua operação comercial e bancária. Isso contribui para a permanência do jovem no campo e a sucessão rural. Hoje, tem uma coisa muito feroz no Interior que nos preocupa, nós que somos cooperativas e trabalhamos muito com agricultores que são pequenos e médios produtores, que é o êxodo rural. Quando o produtor não consegue fazer a sucessão, ele vende a propriedade para o vizinho que tem mais capacidade e vai embora. Nós precisamos manter esse meio rural ativo com os jovens.
JC - Quanto à distribuição de energia, como foi o desempenho da cooperativa no ano passado e o que esperar para 2023?
Stefanello - Tivemos um crescimento no consumo de energia no ano passado (em relação a 2021) de 10,17% e a projeção para 2023 é de incremento de 4,5%.
JC - O que explica o crescimento de mais de 10% no consumo de energia em 2022?
Stefanello - Com a seca, a irrigação explodiu na área da Coprel. Quase metade do consumo foi devido à irrigação e ao parque metalmecânico, às agroindústrias que têm na nossa região. Nas regiões de Ibirubá, Panambi, Não-Me-Toque, Marau, Tapejara e a área industrial de Passo Fundo há uma produção altamente diversificada, com frango, leite e grãos. Quanto mais diversificada a propriedade, melhor é a renda.
JC - Como está sendo a expansão da rede elétrica trifásica por parte da Coprel?
Stefanello - Fizemos mais de 350 quilômetros de rede trifásica no ano passado e para 2023 estamos projetando cerca de 380 quilômetros. Isso trará muito benefício para o consumidor. O produtor que quer aumentar sua escala, seja de leite ou um aviário, vai ter energia suficiente.
JC - Qual a perspectiva de finalização das obras da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Tio Hugo que a Coprel está construindo entre os municípios de Tio Hugo e Ibirapuitã, no Rio Jacuí?
Stefanello - A boa notícia é que fizemos o enchimento do lago em junho e caminhamos agora para fazer o comissionamento (verificação e testes) de todas as máquinas e os processos de integração. Temos que conectar a usina na nossa subestação que estamos construindo ao lado, que vai receber a energia tanto da PCH Tio Hugo como da próxima usina, a PCH Santo Antônio do Jacuí, que vai ser construída a partir do ano que vem. Acreditamos que no final de agosto e início de setembro ela vai estar toda concluída. Com a usina, de 10,1 MW de capacidade (o que equivale a cerca de 0,25% da demanda média de energia dos gaúchos) e a subestação, chega a cerca de R$ 120 milhões o investimento no complexo.
JC - E qual é o planejamento quanto à PCH Santo Antônio do Jacuí?
Stefanello - Esse projeto está em uma fase bem adiantada de orçamento, de formatação, de otimização, vamos dizer assim. Queremos iniciar em janeiro de 2024 a construção da usina, porque a entrega da energia é em 2026 (conforme prevê o contrato do leilão de energia vencido pelo empreendimento no ano passado e que garantiu a comercialização da sua geração). O investimento na usina (que tem potência de 5,2 MW) é de cerca de R$ 55 milhões.
JC - Como está a avaliação de projetos com outras fontes, como a eólica e a solar?
Stefanello - Com os leilões não acontecendo devido à sobra de energia que tem no mercado, estamos focados em concluir a PCH Tio Hugo e no próximo ano a PCH Santo Antônio do Jacuí. Continuamos olhando projetos solares e eólicos, mas enquanto não houver leilões consistentes, temos que observar com muita cautela e priorizar os investimentos que estamos fazendo.
JC - Ao final do ano passado a Coprel anunciou uma nova identidade visual. Qual foi o objetivo dessa medida?
Stefanello - Um dos pontos mais importantes da ação é mostrar que somos uma só Coprel. Mas temos a área de energia, que cuida da geração, da distribuição e da comercialização, o segmento de soluções, que presta serviços como, por exemplo, operação e manutenção de usinas e subestações, e tem a Telecom, que é o nosso braço da internet.
JC - A comercializadora é o braço da cooperativa que opera no mercado livre de energia (no qual os grandes consumidores podem escolher de quem vão comprar a geração). Como está sendo o desempenho nessa área?
Stefanello - Acho que a grande inovação para o nosso futuro é a Coprel comercializadora. Porque esse ambiente livre, que vai se expandir nos próximos anos, deve permitir baixar o custo da energia para os nossos associados e clientes, até fora da nossa área de atuação, pois a comercializadora poderá agir em outras regiões. A ideia é pegarmos a energia das nossas usinas e disponibilizar no ambiente do livre mercado para esses produtores, para as empresas, para as agroindústrias e baixar os custos deles. Conforme for se abrindo esse mercado, nosso plano é ter energia disponível a um preço competitivo.