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AGRONEGÓCIO

- Publicada em 30 de Junho de 2023 às 00:10

Expansão no agro se mantém apesar do mau tempo

A agropecuária se mantém puxando o desempenho do modelo associativo no Rio Grande do Sul: de cada R$ 100 faturados pelas cooperativas, R$ 63,5 foram da atividade

A agropecuária se mantém puxando o desempenho do modelo associativo no Rio Grande do Sul: de cada R$ 100 faturados pelas cooperativas, R$ 63,5 foram da atividade


/Wenderson Araujo/CNA/Divulgação/JC
Karen Viscardi, especial para o JC
Karen Viscardi, especial para o JC
As condições climáticas adversas e os preços de commodities em queda desaceleraram, mas não impediram o crescimento das cooperativas agropecuárias do Rio Grande do Sul em 2022. O faturamento alcançou R$ 52 bilhões, alta de 2,2% na comparação ao ano anterior. O resultado foi ainda melhor para os associados, que receberam
R$ 1,15 bilhão em sobras, incremento de 11,6%, segundo o relatório Expressão do Cooperativismo Gaúcho 2023, do Sistema Ocergs - Sindicato e Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul.
A agropecuária se mantém puxando o desempenho do modelo associativo no Estado. Para se ter uma ideia de sua representatividade, de cada R$ 100 faturados pelas cooperativas gaúchas no ano passado, R$ 63,5 foram provenientes da agropecuária. O setor chegou a
R$ 32,9 bilhões em ativos, 13,6% superior a 2021. Na mesma base de comparação, o patrimônio líquido somou R$ 8,2 bilhões, alta de 5,5%.
O faturamento das cooperativas do setor representa 63,5% do total dos sete ramos de cooperativismo no Rio Grande do Sul, e as sobras correspondem a 26,6% do total.
"O sistema cooperativo agropecuário do Rio Grande do Sul vive um bom momento. O que prejudicou foram os períodos de estiagem, que reduziram o volume de safra. Mas problemas pontuais sempre vão ocorrer, pois fazem parte da nossa atividade, somos uma indústria a céu aberto", compara o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (Fecoagro), Paulo Pires. De acordo com o dirigente, a média de crescimento das organizações gaúchas era extraordinária até a frustração das duas últimas safras.
Hoje, o momento é de superação entre as cooperativas agropecuárias vinculadas à Fecoagro, que representam 95% do setor no Estado em faturamento. No geral, os resultados mostram estabilidade, com um pequeno crescimento. O maior desafio é das organizações que atuam na área de grãos. Este ano, o cenário é de queda nos preços dos produtos agrícolas e da produção.
"Em um momento de dificuldade, o cooperativismo tem uma maior capacidade de superação. Enquanto dirigentes de cooperativas, precisamos de decisões estratégicas para fortalecer o sistema e enfrentar a competição, que é feroz", reforça Pires, destacando que entre as estratégias para consolidar o setor estão as fusões e incorporações, que ocorrem em todo o mundo.
No Rio Grande do Sul, o movimento tem ajudado a elevar a fatia do cooperativismo na atividade econômica. Entre os exemplos está a incorporação da Coagrisol, de Soledade, pela Cotrijal, de Não-Me-Toque, que ocorreu entre 2021 e 2022. "Geralmente, a negociação necessita de investimento. Hoje, além da dificuldade de crédito pelo juro muito caro, as frustrações de safra fazem as cooperativas terem menor capacidade para incorporar outras. É momento de cautela, mantendo o mínimo de investimento para os negócios andarem", observa Pires.
Entre os líderes de cooperativas, é consenso a necessidade de duas políticas públicas de fomento: um Plano Safra robusto (divulgado nesta terça-feira) e medidas de incentivo às cooperativas e a seus produtores. A pressão incluiu visitas de lideranças gaúchas do agro a Brasília, com pedido de implementação de uma política pública que dê condições ao homem do campo de continuar produzindo.
As 95 cooperativas congregam 278,1 mil produtores associados e empregam diretamente mais de 41,5 mil trabalhadores. Operam em diversas áreas de negócios e prestam vários serviços aos produtores associados, como assistência técnica, social e educacional, fornecimento de insumos, recebimento, armazenamento, industrialização e comercialização da produção. Entre os números do setor, 51 cooperativas possuem planta agroindustrial, onde processam a matéria-prima e agregam valor em mais de 100 produtos diferentes e 22 cooperativas na central de compras movimentaram cerca de R$155 milhões em 2022.
 

Cooperativas agro

Número de cooperativas
e principais atividades

Grãos 58
Insumos 46
Varejo 40

Industrialização
de proteína animal 21

Escolas técnicas
de produção rural 2

Vinícolas 6
Serviços 17
Federações 3
Ingressos
R$ 52 bilhões
2,2%
Ativos
R$ 32,9 bilhões
13,6%
Sobras
R$ 1,15 bilhão
11,6%
Patrimônio líquido
R$ 8,2 bilhões
5,5%