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ENERGIA

- Publicada em 30 de Junho de 2023 às 00:10

Certel prepara construção de sua maior usina

Erineo José Hennemann, presidente da cooperativa, detalha investimento de R$ 250 milhões no rio Taquari

Erineo José Hennemann, presidente da cooperativa, detalha investimento de R$ 250 milhões no rio Taquari


/Gabriela Santos/Divulgação/JC
Projetada para uma capacidade instalada de 35 MW (o que corresponde a cerca de 0,9% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul), a hidrelétrica Bom Retiro será a maior usina da cooperativa Certel, de Teutônia. O complexo será implementado no rio Taquari e abrangerá os municípios de Bom Retiro do Sul, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul, implicando um investimento de aproximadamente R$ 250 milhões. O presidente da Certel, Erineo José Hennemann, informa que neste ano o foco é desenvolver o projeto executivo do empreendimento, para iniciar as obras em 2024.
Projetada para uma capacidade instalada de 35 MW (o que corresponde a cerca de 0,9% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul), a hidrelétrica Bom Retiro será a maior usina da cooperativa Certel, de Teutônia. O complexo será implementado no rio Taquari e abrangerá os municípios de Bom Retiro do Sul, Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul, implicando um investimento de aproximadamente R$ 250 milhões. O presidente da Certel, Erineo José Hennemann, informa que neste ano o foco é desenvolver o projeto executivo do empreendimento, para iniciar as obras em 2024.
Jornal do Comércio - O projeto da hidrelétrica Bom Retiro é o maior já conduzido pela Certel, com investimento total estimado em cerca de R$ 250 milhões. O que deve ser feito neste ano em relação a essa obra?
Erineo José Hennemann - Para este ano está previsto um desembolso em torno de R$ 6 milhões (para essa iniciativa). É a parte necessária para acabar o projeto executivo e fazer os levantamentos com relação à conexão (na rede elétrica). Também vamos tratar dos acordos operacionais com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), porque ela é uma eclusa (estrutura já existente que auxilia a navegação na região) e vai passar a ser eclusa e hidrelétrica. Essa é a parte mais, digamos assim, burocrática e técnica que está avançando. Estamos pretendendo iniciar a obra em si, colocar as máquinas, em torno do segundo semestre de 2024.
JC - E qual seria a estimativa de finalização do empreendimento?
Hennemann - Ela deve ser concluída em cerca de 28 meses a partir do início das obras. Temos a informação de que será a primeira usina do Rio Grande do Sul a associar uma eclusa com uma hidrelétrica.

JC - Como foi planejada a construção da hidrelétrica junto à
eclusa?

Hennemann - Esse projeto não mexe com a estrutura que está lá. A barragem não será mexida. O que vai ser feito é no lado oposto da eclusa um desvio da água e vai ser construída a casa de máquinas. É um aproveitamento muito interessante porque não muda nada em relação ao barramento, ela só utiliza a água nas turbinas quando não tiver navegação. Existe esse acordo, que está sendo negociado com o Dnit, para fazermos essa operação do uso da geração e das comportas, sem prejudicar nenhuma das duas atividades.
JC- A cooperativa vai realizar a usina sozinha ou irá recorrer a parceiros?
Hennemann - A Certel vai conseguir fazer sozinha. A parte financeira já está bem encaminhada também. Ainda não está definido quem vai financiar, mas está bem encaminhado.
JC- A energia produzida será destinada a qual mercado?
Hennemann - Estamos pensando em leilões (mecanismos desenvolvidos pelo governo federal em que a energia mais competitiva é comercializada e disponibilizada no sistema elétrico interligado nacional). Deve haver um leilão mais para o final do ano, vamos ver como se comporta. Agora o preço da energia está bem reduzido, mas o País precisa crescer e só vai crescer se tiver energia limpa e à disposição. Há a energia eólica e a solar, porém elas existem somente quando tem sol ou vento. É preciso uma energia de base para dar suporte quando falta vento ou sol, então estamos dando um foco maior na energia hídrica.
JC - Quantos postos de trabalho deverão ser gerados com a implantação da usina?
Hennemann - Estimamos em torno de 500 novos empregos, diretos e indiretos. E estamos tentando fazer a compra de máquinas aqui no Rio Grande do Sul também para gerar retorno dentro do Estado, gerar renda. Temos empresas capacitadas para construírem os geradores, as turbinas. Então, estamos olhando muito intensamente com relação à industrialização desses produtos no nosso Estado.
JC - No total, qual o investimento previsto pela Certel para 2023?
Hennemann - Estamos com investimentos aprovados pelo conselho da cooperativa na ordem de R$ 74 milhões para este ano. E estão sendo realizados. Metade desse valor já está sendo aplicado.
JC - Em que ações serão aplicados esses recursos?
Hennemann - É em todo o grupo. Temos em torno de R$ 20 milhões na distribuidora de energia e o restante, os outros R$ 54 milhões, serão aportados na cooperativa de desenvolvimento que engloba a geração de energia, os artefatos de cimento e a rede de varejo. Desses R$ 54 milhões, os valores mais expressivos estão na construção da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Vale do Leite e da usina Bom Retiro.
JC - Como está o projeto da PCH Vale do Leite?
Hennemann - Esse é um empreendimento de R$ 65 milhões para uma capacidade de 6,4 MW. A parte financeira já está equalizada. É uma usina de cooperativa mesmo, porque ela é da Certel, financiada por cooperativas de crédito. Nós já iniciamos os investimentos na compra de equipamentos, adquirimos turbinas, painel de controle e a parte de monitoramento. Fechamos também a questão da construção civil para fazermos a obra. Os trabalhos, as obras físicas, deverão começar no segundo semestre do ano que vem.
JC - E qual a previsão de finalização?
Hennemann - Essa é 18 meses (após o começo das obras), 20 meses no máximo. E nessa usina vai ter uma inovação, com uma tecnologia ambientalmente correta, porque vai ser colocado um transformador que em vez de usar óleo mineral, que serve para refrigerar o equipamento, será utilizado óleo vegetal.
JC- Essa unidade também vai disputar leilão?

Hennemann - Ela ainda vai
concorrer.

JC - Como está o plano da Certel de também investir na geração de energia eólica?
Hennemann - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) exige um histórico de três anos de medição de ventos para definir se o local é propício para a geração eólica. Estamos fazendo isso há 20 meses (em Teutônia) e essa medição está dentro da normalidade, ou seja, está projetando a instalação de uma usina eólica. A gente está pensando em uma capacidade de 40 MW, mas só podemos dar início ao projeto oficialmente após três anos de medição. Contudo, já estamos começando a trabalhar e fazer estudos. É um projeto que demanda tempo, deve levar dois anos para a construção, e o investimento é um pouco maior. Não temos ainda o valor a ser investido, mas sabemos que é maior do que na hidreletricidade.
JC- A Certel tem planos para construir outras hidrelétricas?
Hennemann - No rio Forqueta serão um total de sete usinas que vamos implementar. Estamos construindo a terceira (PCH Vale do Leite), então tem mais quatro para serem construídas lá.
JC - As sete usinas, somadas, vão ter que capacidade instalada?
Hennemann - As sete, em conjunto, deverão totalizar acima de 50 MW. A ideia é que assim que finalize uma (hidrelétrica), se mobilize a outra. A projeção é terminar os aproveitamentos no rio por volta de 2030.
JC - Além de dirigir a Certel, o senhor é presidente da Federação das Cooperativas de Energia, Telefonia e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul (Fecoergs). Na sua opinião, quais são os desafios para as cooperativas nos próximos anos, principalmente para aquelas que atuam na área de eletrificação?
Hennemann - As taxas, prazos e custos financeiros do cooperativismo são um desafio. As cooperativas têm investimentos previstos e, necessariamente, não têm recursos próprios. Então, um dos maiores problemas que estamos enxergando é que esses investimentos, mesmo sendo de longo prazo, precisam de um juro menor. O custo do dinheiro está muito alto para fazer investimentos. Precisamos melhorar cada vez mais o nosso sistema e, para isso, precisamos de dinheiro.