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Publicada em 15 de Julho de 2024 às 12:47

Perda dos varejistas ultrapassará os R$ 10 bilhões

Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, lamenta que muitos negócios estão recomeçando do zero

Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, lamenta que muitos negócios estão recomeçando do zero

Federação Varejista do RS/Divulgação/JC
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Mauro Belo Schneider
Mauro Belo Schneider Editor-executivo
Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, calcula que as perdas do setor durante e no pós-enchente ultrapassará os R$ 10 bilhões inicialmente calculados pela entidade. O motivo é o impacto na área de turismo e eventos, pela questão aeroportuária e das rodovias. "Ainda teremos meses difíceis pela frente", alerta ele.  
Ivonei Pioner, presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, calcula que as perdas do setor durante e no pós-enchente ultrapassará os R$ 10 bilhões inicialmente calculados pela entidade. O motivo é o impacto na área de turismo e eventos, pela questão aeroportuária e das rodovias. "Ainda teremos meses difíceis pela frente", alerta ele.  
O dirigente está à frente da Federação Varejista, que atua em mais de 135 municípios gaúchos, contabilizando mais de 35 mil CNPJs. Confira abaixo outras análises feitas por Pioner para o especial Dia do Comércio. 
Jornal do Comércio - Qual avaliação a federação faz em relação aos setores associados depois da maior tragédia climática ocorrida no Rio Grande do Sul?
Ivonei Pioner - As consequências variam de região para região, de cidade para cidade, tudo de acordo com o nível do desastre em cada local. Em nível estadual, todos perderam, pois a economia é uma máquina com várias engrenagens. Em algum momento, alguns ganham e outros perdem, mas ao longo de um tempo maior, todos ganham ou perdem juntos. A história nos ensina isso. Neste momento, a sociedade como um todo está sendo impactada.
JC - Qual o impacto financeiro do setor?
Pioner - Inicialmente, havia um estudo que fizemos em que, entre perdas de estruturas físicas nas áreas de comércio e serviços, mais o faturamento de maio, chegamos a uma soma de R$ 10 bilhões. Mas o fato de a logística ter sido afetada e impactada em toda a cadeia produtiva, e na normalidade do dia a dia do Rio Grande do Sul, esse número será superado em muito. A área de turismo e eventos, pela questão aeroportuária e das rodovias, está sendo impactada sobremaneira. Ainda teremos meses difíceis pela frente.
JC - O senhor tem uma estimativa de tempo para recuperação do setor?
Pioner - Isso depende muito da atitude do poder público, em especial do governo federal. A estrutura logística, os recursos novos a fundo perdido para reestruturação de quem perdeu tudo, as políticas para além dos seis meses de auxílio na área trabalhista, as legislações que flexibilizem e reativem a economia imediatamente, são algumas das necessidades que imperam neste momento. E para isso acontecer é necessário um grande diálogo com a iniciativa privada com o objetivo de construirmos, unidos, esse ambiente robusto e favorável para a retomada.
JC - Como avalia as iniciativas do governo federal e estadual para socorrer o setor?
Pioner - A burocracia da máquina pública vem como um grande empecilho. Mas o mais duro é ver, principalmente o governo federal, colocar à frente os vieses políticos em detrimento ao povo do Rio Grande do Sul. São muitas narrativas e pouquíssimas entregas. O momento pré-eleições municipais no Brasil também acentua essa realidade. Não é hora para esse tipo de situação, pois gera um descaso com a realidade vivida pelo Estado.
JC - A federação percebe mudanças na forma de consumo das pessoas?
Pioner - Sim. O consumo diminuiu. Falta renda, insegurança no trabalho e nos empreendimentos, dificuldades para acesso a crédito e endividamento das famílias. Tudo isso é um pacote nefasto para o setor e para a economia.
JC - Como compara a situação com outros desafios passados?
Pioner - Este, certamente, é o pior desafio vivido pelo setor em todos os tempos. Não foi uma região do Estado. Não foi uma área da economia ou do setor. Praticamente todo o Estado foi impactado, e as repercussões apenas começaram a surgir. Na dificuldade vivida na pandemia, por exemplo, a economia parou por um tempo, mas ao retornar as estruturas físicas, os estoques e tudo mais estavam intactos. Agora, estamos saindo do zero e, ainda, dependendo da região onde está o negócio, cidades continuam sem ligações viárias ou com ligações precárias. Temos um cenário muito desafiador, com aumentos absurdos em muitos custos versus falta de capacidade financeira para o consumo.
JC - Quais as expectativas para o segundo semestre?
Pioner - As perspectivas mudam de região para região, de cidade para cidade, conforme o ocorrido em cada localidade. Mas, em nível estadual, a retração já está posta. A própria receita de tributos no Estado caiu mais de 20%, e isso mostra que a atividade econômica foi duramente afetada. Mais uma vez salientamos: os governos, federal e estadual, devem agir rapidamente, caso contrário, eles também pagarão um custo muito alto pela falta de agilidade e foco na reconstrução do Estado.

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