Sindilojas Porto Alegre aposta na inovação para fortalecer o varejo

Entidade desenvolve projetos para acelerar startups focadas em soluções para os lojistas da cidade

Por JC

Arcione Piva, do Sindilojas, diz que 2023 está longe de ser um ano ruim
Roberta Fofonka, especial para o JC
A loja física segue importante, mas o mundo pós-pandemia exige "algo a mais" para atender a um consumidor ávido por experiências. Nesse cenário, o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas Porto Alegre), Arcione Piva, detalha como a entidade está investindo em ações para conectar seus associados a startups e desenvolver soluções que atendam às novas necessidades do setor. Além disso, ele avalia o desempenho do varejo e aponta tendências para ficar de olho, como o uso da inteligência artificial e a criação de comunidades.
Jornal do Comércio - Como o Sindilojas avalia o desempenho dos lojistas da capital gaúcha até o momento em 2023 e o que é possível esperar para o resto do ano?
Arcione Piva - O primeiro semestre teve um desempenho bom, dentro do esperado para os varejistas da Capital. As pesquisas realizadas pelo Sindilojas demonstram esse fato. Não é o melhor momento para o comércio, mas longe de ser um ano apenas de maus resultados. Tanto que as perspectivas de venda de eletrodomésticos para o inverno são de boas vendas. Para o restante de 2023, espera-se um cenário mais otimista. A estabilidade do País e a possível diminuição na taxa de juros elevam a expectativa de que o consumidor compre mais.
JC - O governo federal lançou, recentemente, o Desenrola Brasil. Quais os possíveis impactos deste programa de renegociação de dívidas para o varejo?
Piva - Sair da inadimplência é o sonho de qualquer cidadão. Se há essa possibilidade, quem conseguir organizar a sua vida financeira vai obter sucesso. Nesse sentido, para o varejo, a princípio, este programa pode ajudar no aumento do consumo.
JC - Como outros fatores macroeconômicos, como a inflação, devem impactar no varejo no curto e médio prazo?
Piva - Com uma inflação menor, há o crescimento da produtividade, gerando redução nos custos de produção e consequentemente, mais consumo. Ao mesmo tempo, uma das nossas bandeiras no Sindilojas Porto Alegre é a redução e a simplificação dos tributos. Isso seria um ganho para o nosso setor.
JC - A direção atual do Sindilojas assumiu com o compromisso de fortalecer a cultura da inovação, principalmente no pequeno varejo. Quais ações têm sido desenvolvidas nesse sentido e quais seus impactos para os lojistas?
Piva - Nos últimos anos, o Sindilojas Porto Alegre vem agindo por conta própria e com alguns apoios em prol da inovação. O programa Deu Match é um exemplo disso. Em parceria com a Associação Gaúcha de Startups (AGS), essa ação tornou possível a conexão entre startups e lojistas para que soluções para o varejo fossem criadas. Neste ano, após realizar uma pesquisa de mercado, o Co.nectar Hub - um ambiente de inovação com foco no varejo e que também faz parte do Sindilojas POA - lançou o projeto Co.nectar Acelera. Até agora, são oito startups sendo aceleradas com foco em sanar as necessidades dos lojistas varejistas.
JC - Nesse sentido, como o varejo da Capital está se apresentando no mundo pós-pandemia?
Piva - O varejo de Porto Alegre não difere do restante do País. É preciso a aquisição de novas práticas, do envolvimento da tecnologia e de conexões com o cliente. A loja física não perdeu a sua importância, talvez tenha que mudar um pouco o seu conceito, como valorizar, cada vez mais, a experiência do consumidor. Isso tudo para ter um "algo mais" do que apenas atender bem e vender. Quanto à adoção de ferramentas, do CRM ao uso da Inteligência Artificial, eles assessoram com banco de dados assertivos e podem antecipar tendências.
JC - De olho em 2024, onde ainda é possível evoluir? Quais são as tendências para o setor no próximo ano?
Piva - A evolução na área do comércio já tem acontecido. Após a pandemia, houve mudanças significativas em nosso ramo, como o novo comportamento do consumidor. O varejo precisa se adaptar ao novo jeito de fazer varejo, à nova maneira do consumo por parte da nova geração. Isso é uma evolução imposta pelos novos tempos. Vejo como tendência o uso da Inteligência Artificial, tecnologias andando juntas, o foco na experiência do consumidor e a adoção, cada vez mais, de comunidades, o que significa estar próximo ao seu público, entender a maneira de que ele prefere consumir. Isso humaniza a marca e cria identificação.