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Controle da inflação e dos juros deve acelerar varejo
Presidente da CDL-POA, Irio Piva está otimista com as melhoras no cenário macroeconômico do Brasil
Roberta Fofonka, especial para o JC
Em junho de 2022, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) era de 11,89%, levando em conta o acumulado de 12 meses. Em junho deste ano, o IPCA bateu em 3,16% considerando o mesmo período. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA), Irio Piva, o controle do principal indicador da inflação no Brasil e a perspectiva de corte na taxa de juros apontam para um cenário positivo para o varejo no segundo semestre. Ao mesmo tempo, a entidade defende a implementação de um programa de recuperação fiscal para empresas prejudicadas pela pandemia de Covid-19.
Jornal do Comércio - Qual avaliação pode ser feita do desempenho do varejo até aqui em 2023 e o que é possível esperar até o fim do ano?
Irio Piva - Sempre que muda um governo, o primeiro momento é de expectativa e certa insegurança. Neste ano, especialmente, iniciamos ainda com fortes efeitos da inflação no Brasil e no mundo, situação causada por problemas de logística, guerra, pandemia, instabilidade política, entre outros fatores. Porém, agora que a inflação se mostra mais controlada e já vivemos um momento de certa tranquilidade, temos a perspectiva de um segundo semestre bem melhor para o varejo.
JC - Com o fim do estado de emergência instalado pela pandemia de Covid-19, como está a adaptação do varejo para trabalhar tanto no online como no presencial?
Piva - O jeito de comprar vinha sofrendo fortes mudanças mesmo antes da Covid-19. Porém, a pandemia acelerou esta transformação. Consumidores que não costumavam comprar online se viram obrigados a fazê-lo. Ao experimentarem as facilidades dos meios digitais, perceberam como pode ser prático e interessante o uso dessas ferramentas e as incluíram nos seus hábitos de consumo. Assim, passamos a viver em um mundo hiperconectado, onde o consumidor compra da maneira que melhor lhe convier, independentemente do setor. Ao mesmo tempo, entendemos que a loja física não desaparecerá. Pelo contrário, as pessoas querem, cada vez mais, se relacionar e viver experiências. O negócio que se adaptar a este novo momento tem tudo para seguir e ser ainda mais importante para este consumidor ávido por experiências e atenção.
JC - A CDL-POA divulga mensalmente o índice de inadimplência de empresas e pessoas físicas. Qual a importância desse mecanismo para os lojistas e qual avaliação pode ser feita dos seus resultados mais atuais?
Piva - A CDL-POA presta serviços extremamente relevantes para empresas de todos os segmentos, entregando informações que ajudam na tomada de decisão para conceder crédito com mais segurança. Neste contexto, a entidade também produz seu indicador de inadimplência, entregando ao mercado, mensalmente, informações sobre a limitação em crédito, cheque ou protesto de pessoas físicas e jurídicas no Rio Grande do Sul e na Capital. Sobre o cenário de inadimplência, em especial, a avaliação é de que está muito alta no momento. Isto é, basicamente, resultado da inflação, que vem corroendo o poder de compra das pessoas, além de juros muito altos, que dificultam o pagamento das dívidas de maneira muito profunda. A inflação parece estar controlada e, agora, precisamos que os juros baixem para atingirmos melhores níveis de inadimplência.
JC - Qual a expectativa do varejo com o corte previsto para a Selic em agosto?
Piva - Juros altos são extremamente danosos para a economia. É claro que a taxa de juros é uma ferramenta para controle da inflação, que também é muito danosa para o mercado. Entendo que já estamos com a inflação controlada e que logo teremos o início da redução dos juros. Quando isto acontecer, acredito que a economia voltará a crescer.
JC - A CDL-POA pleiteou um Refis para as empresas que fecharam durante a pandemia. Qual a importância desse projeto para o setor?
Piva - Sim, defendemos um Refis Estadual. Tratamos deste tema durante uma reunião que tivemos com o governador Eduardo Leite, na CDL-POA, junto às entidades empresariais. Entendemos que aqueles setores que ficaram com as lojas fechadas durante a pandemia tiveram enormes prejuízos e precisam de ajuda. Não é momento de aplicar multas ou juros abusivos para estas empresas que estão inadimplentes não por vontade, mas por uma situação fora de seu controle. Elas querem estar em dia com suas obrigações fiscais, querem pagar seus débitos, apenas precisam de condições viáveis para isso.
JC - Quais as perspectivas para o setor no próximo ano no Rio Grande do Sul?
Piva - O varejo é um setor muito dinâmico, está sempre atento ao que está acontecendo. Acredito que com o controle da inflação, a queda das taxas de juros, e os problemas de logística e abastecimento resolvidos, teremos todas as condições para um período muito positivo logo em frente.