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Publicada em 14 de Julho de 2023 às 00:10

Redução da carga tributária é uma das pautas da Fecomércio-RS para este ano

O presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, falou sobre os desafios e as perspectivas do setor

O presidente da entidade, Luiz Carlos Bohn, falou sobre os desafios e as perspectivas do setor

LUIZA PRADO/JC
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Maria Amélia Vargas
Maria Amélia Vargas Repórter
Com o objetivo de sensibilizar os parlamentares com relação ao possível aumento de impostos no setor de serviços, a Fecomércio-RS, em conjunto com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), tem atuado fortemente em Brasília nesse sentido. De acordo com o presidente Luiz Carlos Bohn, a reforma tributária é um tema de tamanha importância. "Há uma preocupação muito grande em relação a isso por parte do empresariado."
Com o objetivo de sensibilizar os parlamentares com relação ao possível aumento de impostos no setor de serviços, a Fecomércio-RS, em conjunto com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), tem atuado fortemente em Brasília nesse sentido. De acordo com o presidente Luiz Carlos Bohn, a reforma tributária é um tema de tamanha importância. "Há uma preocupação muito grande em relação a isso por parte do empresariado."
A inovação tem sido outro tema muito importante para a entidade. Ciente de que a jornada do cliente está se digitalizando de forma rápida, o Fecomércio Lab, inaugurado no ano passado, já apresenta seus primeiros resultados. Com mais de 150 horas de conteúdos transmitidos em eventos híbridos ou gravados, já está encaminhada a 3ª edição para incubação de startups exclusivamente do setor. "Temos visto a conexão de nossas startups com players mais tradicionais do varejo, da hotelaria e do setor imobiliário e ficamos muito felizes com esse movimento", comemora.
Jornal do Comércio - Quais são os principais destaques do setor no cenário atual?
Luiz Carlos Bohn - Estamos vivendo um cenário de desaceleração, tanto no comércio quanto nos serviços. Em ambos os setores, a conjuntura de inflação persistentemente alta, juros elevados e um grande percentual de famílias endividadas acabam limitando a expansão das atividades, mesmo em um cenário de geração ainda robusta de empregos, especialmente formais. No caso dos serviços, a normalização da economia torna as bases de comparação também mais elevadas, o que ajuda a explicar taxas de crescimento mais tímidas ao longo de 2023.
JC - Que pautas a entidade foca nesta gestão?
Bohn - Uma das principais pautas que a Fecomércio vem trabalhando é a reforma tributária. Em conjunto com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), estamos atuando fortemente para sensibilizar os parlamentares com relação ao possível aumento de carga tributária para o setor de serviços. Um tema de tamanha importância, que vem sendo fortemente debatido. Há uma preocupação muito grande em relação a isso por parte do empresariado.
JC - Em que a tecnologia tem influenciado na atuação do comércio contemporâneo?
Bohn - A digitalização mudou profundamente o comércio. A jornada do cliente está se digitalizando de forma muito rápida, mudando todas as expectativas do cliente quanto à acesso, precificação, experiência e tempos de entrega. Os primeiros grandes movimentos foram mapeados nos e-commerces e market-places, que se tornaram gigantes no mercado, com o amadurecimento do próprio cliente quanto a jornada digital. Mesmo os negócios com venda exclusivamente física precisam ter algum tipo de presença digital. Seja com uma rede social para seu cliente realizar agendamentos, tirar dúvidas ou ser impacto, como também alternativas mais leves de venda online.
JC - Quais foram as principais contribuições do Fecomércio Lab, inaugurado no ano passado, para o setor até o momento?
Bohn - O Lab se propôs a contribuir no fomento de uma cultura de inovação para o comércio gaúcho, nesse sentido entendemos que temos tido relativo sucesso. Já foram mais de 150 horas de conteúdos sobre inovação transmitidos em eventos híbridos ou gravados. Rodamos o primeiro edital de incubação de startups exclusivamente do setor, e hoje vamos para a 3ª edição, com 50 startups que passaram oficialmente pelos programas, além de startups conectadas de outros ecossistemas.
JC - Quais são os novos projetos da hub?
Bohn - Para os próximos anos miramos na ampliação dos programas de conexão e incubação de startups com o setor, mais jornadas de aprendizado para o empresariado que tem buscado transformação dos seus negócios e uma atuação cada vez mais híbrida, ou seja, com uma experiência presencial diferenciada no nosso espaço, mas sempre com o olhar em impactar todo o Rio Grande do Sul por meio dos nossos canais digitais.
JC - Como o senhor vê o cenário econômico brasileiro neste momento e suas consequências para o comércio?
Bohn - Vivemos um cenário desafiador. Se observarmos os dados do PIB do primeiro trimestre, basicamente o que tivemos foi um choque de oferta, fruto de um exímio resultado da agropecuária. Os serviços em geral também performaram bem, mas essencialmente só tivemos um crescimento de 1,9% na margem em virtude do aumento da produção e da produtividade agrícola. O consumo das famílias, maior componente do PIB do lado da demanda, vem desacelerando nos últimos trimestres. A inflação dos últimos anos (muito intensa em itens básicos), os juros altos e o elevado percentual de famílias endividadas explicam essa dinâmica, que só não é pior visto a performance recente do emprego formal, o aumento das transferências de renda (que aumentou o poder de compra dos mais pobres) e o processo de desinflação em curso proporcionam algum alívio ao orçamento das famílias. Todavia, a confiança do consumidor vem abaixo dos 100 pontos desde o início de 2014. Ainda que em alguns momentos tenhamos percebido alguma fagulha de retomada da confiança, há muito tempo já não temos um consumidor otimista. E isso torna o ato de vender muito mais complicado.
JC - Em relação aos associados, quais retornos eles têm dado em relação aos seus negócios? De que forma a Fecomércio-RS têm amparado estes empresários?
Bohn - Em geral, nossas sondagens rodadas no primeiro semestre têm evidenciado que a maioria do empresariado tem tido suas expectativas de vendas atendidas nos seis meses imediatamente anteriores. Vale ressaltar que provavelmente todos ajustaram suas expectativas a uma nova realidade.
JC - Sobre a questão da mão de obra e da empregabilidade, como está a situação do comércio neste momento?
Bohn - O emprego formal no comércio gaúcho está performando muito bem este ano. Enquanto de janeiro a abril de 2022, o comércio como um todo (incluindo varejo, atacado e comércio e reparação de veículos) havia destruído 1.936 postos de trabalho formais, no mesmo período de 2023 foram gerados 2.593 vínculos formais. Mesmo o comércio varejista, que nessa etapa do ano ainda apresenta saldo negativo em virtude dos desligamentos de trabalhadores contratados para atender ao aumento de demanda típico do fim do ano, tem tido um desempenho menos negativo. Nos primeiros quatro meses de 2022, o comércio varejista havia destruído 6.197 vínculos. Nesse mesmo intervalo em 2023, foram destruídos 2.988 vínculos, isto é, menos da metade. Os sinais que estamos tendo é que a economia brasileira como um todo ficou mais favorável à geração de empregos formais depois da reforma trabalhista. E, nesse sentido, acreditamos que qualquer tentativa de reversão é negativa com prejuízo à geração de empregos.
 

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