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FCDL-RS projeta crescimento do varejo em meio a desafios de 2022
Federação fez parcerias para levar tecnologia a empreendedores e desenvolveu plataforma online de vendas
A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS) avalia que 2022 apresenta grandes desafios para o comércio gaúcho. Apesar desse quadro, o cenário projetado pela entidade é de crescimento do varejo e de desempenho superior ao da economia. De acordo com o presidente da entidade, Vitor Augusto Koch, existe uma confiança no setor e na consolidação de empregos. O dirigente diz que o panorama é desafiador e cita questões como as pressões inflacionárias e aumento da taxa de juros.
Koch analisa que a aceleração inflacionária é um fenômeno mundial e está presente em países como Estados Unidos e Alemanha, e não é algo visto somente no Brasil. Ele lembra que o mundo também convive com o quadro de guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Entre as iniciativas adotadas no Brasil, Koch aponta que governo federal tomou medidas como a liberação do saque extraordinário do FGTS até R$ 1 mil, a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS, o pagamento do Auxílio Brasil, a redução do ICMS para combustíveis, energia elétrica, gás e serviços de comunicação.
As medidas do governo brasileiro, conforme Koch, tem o objetivo de permitir um distencionamento da economia. "Essas iniciativas ajudam a injetar mais recursos, o que leva a um incremento do consumo e, também, à geração de mais emprego e renda", explica.
Koch acrescenta que a recuperação ocorre simultaneamente à adoção de novas ferramentas de comercialização, formas de pagamento e mecanismos de divulgação de linhas de produtos.
Jornal do Comércio - Qual é a avaliação que a FCDL-RS faz sobre o ano passado?
Vitor Augusto Koch - Foi um ano de recomeço, de reconstrução. O comércio gaúcho conseguiu obter, após enfrentar uma série de obstáculos, um resultado bem consistente em 2021. Tanto que observamos um crescimento de 3,3% do varejo gaúcho geral e de 5,5% no varejo ampliado, que abrange venda de veículos e de material de construção, na comparação com 2020, segundo levantamento da nossa parceira Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs). Então, falando especificamente do comércio, esse desempenho pode ser considerado muito bom. Sinal de força, resilência e dinamismo do comércio gaúcho em todos os seus segmentos, lembrando que enfrentamos restrições sanitárias por quase quatro meses em 2021, e, também, a aceleração inflacionária e a elevação da taxa de juros. Além disso, o último ano trouxe uma reação dos indicadores de empregabilidade no Brasil e no Rio Grande do Sul. Em 2021, de cada cinco empregos criados no Rio Grande do Sul e no Brasil, um foi gerado no setor do comércio. Para que esse ritmo possa ser intensificado em 2022 e nos próximos anos, é fundamental intensificar e acelerar pautas como a simplificação de processos tributários e de registro de atividades, o que facilitará o empreendedorismo que propicia o surgimento de novos postos de trabalho e a maior geração de renda.
JC - Quais são as expectativas em relação a 2022?
Koch - Certamente que este 2022 é um ano de grandes desafios para o comércio gaúcho. O primeiro é a combinação de pressões inflacionárias e do aumento da taxa de juros. A aceleração inflacionária está acontecendo em nível mundial, até mesmo em economias que não enfrentavam esse tipo de problema, como Estados Unidos e Alemanha, por exemplo, que convivem, atualmente, com índices de inflação muito acima dos que se acostumaram. Acrescentamos a isso o conflito entre Rússia e Ucrânia, que dura quatro meses e temos mais um fator que amplia a pressão inflacionária, já em crescimento desde março de 2020 em função das medidas tomadas pelos países contra a pandemia da Covid-19. Diante desse cenário, temos várias medidas adotadas pelo governo federal que viabilizaram um distencionamento da economia brasileira. São iniciativas como a liberação do saque extraordinário do FGTS até R$ 1 mil, a antecipação do 13o salário para aposentados e pensionistas do INSS, o pagamento do Auxílio Brasil, a redução do ICMS para combustíveis, energia elétrica, gás e serviços de comunicação. Elas ajudam a injetar mais recursos na economia, o que leva a um incremento do consumo e, também, à geração de mais emprego e renda. Portanto, apesar dos desafios de 2022, nosso cenário é de que o crescimento do varejo gaúcho permaneça superior ao da economia e se consolide uma recuperação de estabelecimentos e empregos com consistência. Essa recuperação ocorre simultaneamente à adoção de novas ferramentas de comercialização, novas formas de pagamento e novos mecanismos de divulgação de linhas de produtos.
JC - Quais são os projetos atuais da entidade?
Koch - A FCDL-RS está sempre buscando inovar e criar produtos e soluções que viabilizem a sustentabilidade e o fortalecimento dos empreendimentos que atuam no comércio gaúcho, e, de modo geral, da economia do nosso Estado. Firmamos uma parceria de grande impacto para o mercado estadual de análise de crédito, somando esforços com a Quod, uma das principais empresas de inteligência de dados do Brasil e uma das gestoras do Cadastro Positivo. Nesta parceria com a Quod, colocamos em prática um novo modelo de avaliar a concessão de crédito, nos unindo a uma empresa com soluções de ponta de gestão de crédito, criada pelos cinco maiores bancos do Brasil. Em outra parceria, com a empresa Key Jump, a FCDL-RS está colocando em prática seu novo planejamento estratégico, buscando estar conectada com os novos tempos, utilizando conceitos e visões inovadoras que o mercado disponibiliza. Conhecimento, qualidade, visão estratégica, sustentabilidade financeira dos empreendimentos do comércio, senso coletivo e um associativismo bem representado são as premissas deste novo posicionamento. Estamos trabalhando, também, em outros projetos que irão beneficiar muito quem atua no comércio gaúcho, em especial as micro e pequenas empresas do setor. Um exemplo, é a criação de uma plataforma digital que irá viabilizar uma forte estrutura de comercialização de produtos em formato online para quem não reúne condições de fazer isso de forma individualizada.
JC - A FCDL continua apoiando os seus associados? De que modo?
Koch - Desde a sua criação, em 8 de julho de 1972, a FCDL-RS sempre apoiou seus associados. Temos cinco décadas de atuação norteadas por muito trabalho em favor da classe lojista e do desenvolvimento do comércio gaúcho. Representação, diálogo e o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social é o nosso compromisso e o nosso combustível.
JC - Como a FCDL analisa o atual momento, já que o Brasil vive um quadro de inflação em alta?
Koch - Neste início de segundo semestre, as perspectivas são mais alentadoras para o Brasil, pelo menos no que se refere à economia. Como já reiteramos, vivemos uma inflação que não é causada por alta demanda e sim pela falta de insumos que acabam elevando os preços dos produtos. Exemplo disso é o setor automobilístico, que teve os preços dos veículos majorados de forma muito forte pela escassez de peças. Diante do que foi estabelecido recentemente no País, avaliamos que o atual momento é bem melhor do que tínhamos há alguns meses.