A prefeitura de Guaíba espera avançar nos próximos meses em um objetivo perseguido desde 2024: a criação de um posto alfandegário no município. A estrutura é considerada decisiva para que a montadora japonesa Toyota amplie a operação do seu Centro de Distribuição em Guaíba.
Após ter se reunido na primeira quinzena de março com representantes da Alfândega da Receita Federal de Porto Alegre, o prefeito Marcelo Maranata (PDT) afirmou ao Jornal do Comércio que planeja solucionar as burocracias necessárias para a liberação da instalação da aduana em até 60 dias. O passo a passo a ser executado foi apresentado a ele pelo delegado e auditor fiscal Gastão Tonding e pela delegada substituta Ingrid Ruschel em encontro realizado na primeira quinzena de março.
A instalação de um posto alfandegário possibilitaria atrair novos investimentos para Guaíba. Entre eles, está uma parte do pacote de R$ 11 bilhões anunciado pela Toyota no Brasil para ser aplicado até 2030.
A montadora japonesa possui há 20 anos um Centro de Distribuição (CD) no município que responde por mais de 40% da arrecadação de receitas da cidade, dividindo com a CMPC o protagonismo na geração de impostos locais.
Maranata ressalta que não apenas a Toyota se beneficiará de um posto alfandegário: outras montadoras de carros também poderão usufruir da estrutura. "É uma ferramenta que vai impulsionar o município e nos dar condição de igualdade com outras unidades da federação. (O posto alfandegário) faz com que o desembaraço seja mais rápido e evita esse momento de fronteira onde o veículo e todos os produtos entram (no País) e acabam atrapalhando que a empresa tenha mais agilidade", observou o prefeito em entrevista ao JC, durante a apresentação da pesquisa Marcas de Quem Decide, no Teatro Fiergs.
Caso seja concretizada, a ampliação da Toyota poderá "nacionalizar" dois modelos novos de carros, sendo um deles híbrido, que passariam a ser finalizados no Brasil. Esse processo seria facilitado com a estrutura alfandegária, que poderia centralizar os processos de nacionalização de produtos. A novidade traria mais receitas ao País por meio da arrecadação fiscal.
Nesse sentido, a prefeitura também tem buscado vantagens competitivas. "Estamos conversando com o governo do Estado para que os incentivos para carros elétricos também sejam feitos para carros híbridos, para que Guaíba esteja na página número 1 para os investimentos da Toyota nos próximos anos", acrescenta Maranata.
Aduana pode atrair outros investimentos para Guaíba
Atualmente, o Rio Grande do Sul possui aduanas na Capital, Porto Alegre, e municípios estratégicos com postos alfandegários da Receita Federal, casos de Rio Grande, devido à chegada de produtos pelo porto, e de Uruguaiana, que possui fronteira com a Argentina. As estruturas são responsáveis pelo controle da entrada e saída de mercadorias no País e pela cobrança de tributos quando necessário.
Com a instalação de uma nova agência aduaneira em Guaíba, empresas estrangeiras poderão realizar investimentos no município. A cidade possui posição estratégica para a logística do transporte de mercadorias, que pode ser feito tanto por rodovias quanto por hidrovia.
À época ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o deputado federal Paulo Pimenta (PT) afirmou no ano passado ser favorável à instalação da estrutura alfandegária no município. "Tem o meu total apoio, tanto em relação à criação desta inédita agência aduaneira para facilitar os trâmites burocráticos da importação de veículos pela montadora (Toyota), quanto para garantirmos as melhorias condições de atrair para Guaíba o investimento na ampliação das atividades do centro de distribuição", afirmou na oportunidade.
Aliás, o potencial de atrair novos investimentos foi destacado por Pimenta: "Essa ideia abriria perspectivas para muita coisa além do setor automobilístico. Representará uma alternativa logística para Guaíba e para toda a Região Metropolitana, que terá um ganho competitivo muito importante. Apoio a iniciativa porque poderá representar uma solução burocrática em relação a embaraços de importação e exportação dos quais depende toda a produção industrial gaúcha".