A multinacional da Serra Gaúcha, Marcopolo, atraiu os holofotes na última Expomotorhome, no Paraná, em novembro. Foi o palco do lançamento do modelo Nomade, o primeiro motor-home desenvolvido e montado pela empresa, na sua fábrica em Caxias do Sul. A partir da ideia de um funcionário, o motor-home começou a ser desenvolvido pelas equipes da Marcopolo em agosto do ano passado. No início de novembro, o projeto tornou-se mais uma divisão criada na estrutura já existente da indústria, relacionado à Marcopolo Next, o braço inovador da multinacional.
A empresa não detalha quanto foi investido especificamente no desenvolvimento do modelo, mas é resultado de um ano considerado muito positivo pela empresa. Somente nos primeiros nove meses do ano, foram R$ 136,9 milhões investidos nas suas operações nacionais. Volume que já representa 12,1% a mais do que os investimentos no ano inteiro de 2023. Destes recursos, R$ 70 milhões foram aportados em melhorias de máquinas e equipamentos.
"Este é um dos melhores anos da história da Marcopolo, e quem comprova isso é o mercado de ações, com alta confiabilidade e excelente valorização. Vínhamos trabalhando muito em uma recuperação de mercado desde a pandemia, especialmente na área de inovação e desenvolvimento de novos projetos, como os ônibus elétricos, híbridos e as ações na descarbonização da produção e dos nossos veículos. Agora, entramos no mercado de motor-homes", aponta o presidente do Conselho de Administração da Marcopolo, Mauro Bellini.
No caso do motor-home, o veículo é movido a diesel. No entanto, o projeto inclui painéis solares que geram até 800W e garantem autonomia. Modelo totalmente desenvolvido na unidade gaúcha da Marcopolo, o motor-home envolveu ainda uma série de parcerias com outras gigantes da Serra, como a Agrale, que tem participação na parte estrutural do veículo, a Tramontina, que assina o projeto da cozinha do veículo que chega a 16 metros quadrados de área interna estendida, e a vinícola Casa Valduga, na ambientação.
Aportes em inovação
Atualmente, no Brasil comercializam-se em torno de 4 mil motor-homes por ano. A intenção da montadora é fomentar o mercado para ficar mais próximo aos 50 mil anuais dos Estados Unidos, por exemplo.
Ainda neste ano, a Marcopolo lançou o Volare Attack Hibrido, que é um microônibus com sistema de combustão de etanol para alimentar as baterias de um motor elétrico. É mais uma variação que se une aos ônibus 100% elétricos já no mercado. O modelo Attivi é fabricado em São Paulo.
No Rio Grande do Sul, a empresa investiu este ano ainda R$ 45 milhões na sua central de armazenamento e distribuição de produtos inflamáveis, que garante maior eficiência na produção. Outros R$ 13,1 milhões foram investidos nos primeiros nove meses do ano no aprimoramento da unidade Apolo, de produção de polímeros, inaugurada no ano passado, em Farroupilha. E a partir da Marcopolo Rail, outra unidade dentro da divisão Next, foi desenvolvido o veículo que movimenta o Trem do Pampa, na Fronteira.
Produção de ônibus em alta
O otimismo gerado em 2024, no entanto, está mesmo nos ônibus. O mercado brasileiro produziu o maior volume de veículos dos últimos dez anos, com um crescimento acima de 10% em relação ao ano passado. Com 9,8 mil unidades produzidas no Brasil, a empresa de Caxias do Sul responde por 49% do mercado, e produziu, até setembro, 24,5% a mais do que no mesmo período do ano passado. Deste volume, 90% é destinado ao mercado nacional. Ainda assim, a Marcopolo consolida-se como a maior exportadora do setor no Brasil, respondendo por 45% das vendas ao Exterior.
Participante do painel do Mapa Econômico do RS, promovido pelo Jornal do Comércio no começo da semana, Mauro Bellini definiu a sua expectativa para 2025:
"Estou cautelosamente otimista. Não acredito em grandes mudanças no mercado brasileiro, mas o Rio Grande do Sul, principalmente após as cheias, precisa de investimentos fortes em infraestrutura logística rodoviária".
Conforme a análise apresentada pela empresa aos seus investidores, há expectativa de ainda maior aquecimento nas vendas de ônibus "rodoviários" (turismo) pela renovação de frotas de transportadoras e pelo fenômeno provocado pelo aumento das passagens aéreas, que tem provocado migração de viajantes. Já no segmento "urbano", a maior renovação de frotas e o aumento da demanda pelos veículos elétricos, como acontece, por exemplo, em Porto Alegre, garantem o otimismo ao setor.
FICHA TÉCNICA
Investimento: R$ 136,9 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: Marcopolo
Cidades: Caxias do Sul e Farroupilha
Área: Indústria
Investimentos em 2023: R$ 122,1 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: Marcopolo
Cidades: Caxias do Sul e Farroupilha
Área: Indústria
Investimentos em 2023: R$ 122,1 milhões