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Indústria

- Publicada em 15 de Março de 2024 às 17:39

Tanac investe no RS para levar o tanino ao mundo, com mais plantio e pesquisa

Tanac prioriza desenvolvimento de sementes e mudas e a assistência técnica ao plantio de acácia

Tanac prioriza desenvolvimento de sementes e mudas e a assistência técnica ao plantio de acácia


Divulgação/Tanac/JC
É entre uma reunião e outra, com potenciais compradores na Europa, que o diretor presidente da Tanac, João Carlos Soares, atende à reportagem. Ele trata na Espanha de negociações para a venda do tanino, obtido a partir da casca de acácias, em um mercado com possibilidades cada vez maiores. No Rio Grande do Sul, a empresa, que tem sede em Montenegro, investe neste ano pelo menos R$ 5 milhões em pesquisas para abrir o leque de aplicações industriais deste produto.
É entre uma reunião e outra, com potenciais compradores na Europa, que o diretor presidente da Tanac, João Carlos Soares, atende à reportagem. Ele trata na Espanha de negociações para a venda do tanino, obtido a partir da casca de acácias, em um mercado com possibilidades cada vez maiores. No Rio Grande do Sul, a empresa, que tem sede em Montenegro, investe neste ano pelo menos R$ 5 milhões em pesquisas para abrir o leque de aplicações industriais deste produto.
O investimento em estudos laboratoriais é impulsionado responde por parte dos R$ 68 milhões previstos em investimentos da Tanac no Rio Grande do Sul neste ano, e são impulsionados não apenas pelo aumento da demanda do mercado europeu por matérias primas limpas e renováveis. A recente atualização do zoneamento ambiental para a silvicultura no Rio Grande do Sul, aprovada no segundo semestre do ano passado pelo Consema, após três anos de debates, permitirá o aumento da área plantada com florestas de acácia negra no Estado.
De acordo com Soares, serão R$ 60 mil investidos desde o desenvolvimento de sementes e mudas até a assistência técnica para o melhor manejo e o plantio de novas áreas florestais, especialmente na Metade Sul do Estado, entre os municípios de Encruzilhada do Sul, Cristal, Canguçu, Piratini e Pinheiro Machado.
"Hoje temos uma base com 38 mil hectares plantados, e o nosso plano é chegarmos a mais 7 mil hectares em 2024, em um sistema que inclui florestas próprias e o fomento a pequenos e médios produtores. Neste modelo, fornecemos as mudas com garantia da compra futura, mas durante o período de crescimento das plantas, nós já vamos pagando uma garantia a este produtor. É uma forma de fomentar a produção", explica o diretor.
Em Triunfo, a empresa mantém o maior viveiro de acácia negra do mundo, com 10 milhões de mudas desenvolvidas por ano. É a partir dali que a Tanac promove melhoramentos genéticos nas plantas. Em Montenegro, o trabalho é para desvendar em laboratório cada vez mais propriedades do tanino, que é retirado somente da casca da árvore.
Hoje, o tanino produzido no Rio Grande do Sul já é fornecido para o tratamento de água, de couro e na nutrição animal. Atualmente, as pesquisas apontam alto potencial para o fornecimento ao setor de fertilizantes, à produção de látex e até mesmo para o revestimento de baterias elétricas para carros.
"O uso do tanino como parte de fertilizantes, por exemplo, pode aumentar em até 15% o rendimento de culturas como soja, milho e feijão. As nossas pesquisas, em parceria com indústrias do setor, mostram que o tanino pode substituir a amônia na produção do látex em luvas cirúrgicas, por exemplo, eliminando problemas alérgicos que hoje são um empecilho para profissionais da saúde", comenta João Soares.
A empresa já mantém tratativas com uma fabricante de capital chinês e holandês, que produz baterias veiculares. O próximo passo, a partir do fortalecimento da sua área de pesquisa e desenvolvimento, será uma possível ampliação e modernização da indústria de Montenegro. Hoje, a produção de tanino chega a 30 mil toneladas por ano.
"A nossa expectativa é conseguirmos incrementar em até 30% a produção. Existe uma demanda crescente, não só na Europa, mas em todo o mundo, por produtos sustentáveis, e a nossa empresa já atua com uma pegada ecológica negativa. Hoje, capturamos mais gases do efeito estufa do que geramos", explica.
Investimentos em Rio Grande
E as perspectivas, ainda com um cronograma dependente do aquecimento do mercado, são de multiplicação de investimentos a partir de melhorias em Montenegro. A Tanac opera atualmente na produção de pellets e cavacos (a partir das toras de madeira) em Rio Grande. No futuro, estima João Carlos Soares, será preciso novos investimentos em um possível centro de distribuição com área para o transporte de conteineres, específico para o crescimento nas exportações do tanino.
Foi na cidade do Sul do Estado que a Tanac fez seu maior investimento no ano passado. Foram R$ 45 milhões aportados em novos equipamentos de picagem para a produção de cavacos. Com o atual picador, aponta o diretor, é possível garantir a produção dos três antigos equipamentos. A capacidade atual de produção de cavacos, que são fornecidos principalmente para o mercado chinês, chega a 1 milhão de metros cúbicos por ano (500 mil toneladas).
A empresa investe este ano em torno de R$ 3 milhões em estudos de engenharia para uma futura ampliação na unidade de produção de pellets. A ideia é ampliar de 200 mil para 300 mil toneladas do produto por ano.
"A operação em Rio Grande, do ponto de vista logístico, tanto pela proximidade das áreas plantadas quanto pelo acesso direto ao cais para exportação, é muito positiva, e nos garante competitividade. Por isso, cada vez mais olharemos para esta área para investirmos em operações mais eficientes na exportação tanto de pellets e cavacos quanto, cada vez mais, de tanino, que é o nosso material de muito valor agregado", aponta Soares.
FICHA TÉCNICA
Investimento: R$ 68 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: Tanac
Cidades: Montenegro e Rio Grande
Área: Indústria
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Investimentos em 2023: R$ 100 milhões