A perspectiva de uma safra positiva após sucessivas estiagens cria expectativa não somente no campo, mas também no Porto de Rio Grande, que representa o principal elo entre a produção gaúcha e o mundo. Depois da supersafra de 2021, esta será a primeira sem os efeitos da seca em que a estrutura portuária gaúcha é gerenciada pela empresa pública Portos RS e, como consequência dos investimentos que, desde maio de 2022, chegam a R$ 350 milhões - R$ 180 milhões somente no ano passado -, a estimativa é de que o tempo de espera de caminhões carregados com grãos na entrada do cais público, por exemplo, reduza em pelo menos 15%.
"Este é um dos gargalos da nossa estrutura portuária e que procuramos investir em melhorias nos últimos anos. Claro que os 15% são apenas uma estimativa. Vamos ver na prática como o sistema, que ainda passa por melhorias, funcionará. A tendência é termos uma estrutura mais econômica e competitiva do ponto de vista logístico, com o aumento da automação, do número de balanças e de outras estruturas essenciais. O produtor perderá menos tempo e terá melhor estrutura para a vazão da sua produção. Isso podemos assegurar", aponta o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.
Para este ano, a empresa projeta investir outros R$ 100 milhões no Estado. Após as obras de renovação da pavimentação da área do porto, que prosseguem neste ano, a prioridade está nos investimentos em tecnologia.
Em relação ao acesso de caminhões, por exemplo, foi implantado um sistema automatizado, que monitora os veículos circulando no porto e possibilita gerenciar este fluxo com maior precisão. A estrutura foi finalizada em fevereiro, e passa por testes antes do pico do escoamento da produção. Além disso, o sistema de agendamento de cargas e de digitalização de notas fiscais também estão em fase de implantação.
"Eu considero que, em 2023, tratamos de executar obras que eram essenciais para a circulação e maior eficiência do porto, especialmente em Rio Grande, agora, é o momento de mostrar que estamos melhor preparados", diz o dirigente.
E se do lado de fora da água há evolução, os aportes em 2024 devem ser ainda mais concentrados na aplicação de tecnologia para o monitoramento e navegação desde a barra até a hidrovia interior do Rio Grande do Sul. No ano passado, foi iniciada a dragagem dos canais interiores, que tinham previsão de finalizar no final deste verão, mas, em virtude principalmente do excesso de chuvas, tiveram o prazo estendido até o próximo verão, com aportes de R$ 77 milhões já iniciados no último ano.
"Nossa prioridade estará na concretização do novo sistema de monitoramento de tráfego, via radar. Por este sistema, além de termos controles mais eficientes da movimentação dos portos, em relação a chegadas, partidas e operações, nos permitirá prevenir possíveis problemas com embarcações ou cargas, ou ainda, gerenciar possíveis riscos que antes acabavam surpreendendo", aponta Klinger.
Ainda em 2023, a Portos RS contratou o sistema desenvolvido pela startup israelense Docktech para monitoramento dos canais. Em relação ao chamado VTS, que é o sistema de monitoramento do tráfego de embarcações, no ano passado já iniciaram testes e uma parte da operação. Neste ano, com a sequência dos investimentos, que implicam nas instalações de mais radares, câmeras, marégrafos e instrumentos de controle meteorológico, haverá a homologação final do sistema pela Antaq.
Para que se tenha uma ideia, o sistema permite que a administração do porto tenha acesso a todo o histórico de uma embarcação no momento em que ela vai acessar a barra. Desde informações sobre os portos por onde passou até detalhes sobre a carga que transporta.
Fenômenos extremos não afetaram os portos
Já em janeiro deste ano, a movimentação portuária mostrou números positivos, conforme o balanço da Portos RS. Foram movimentadas 3,3 milhões de toneladas entre os portos de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre. Volume 4,88% superior ao mesmo mês de 2023. Somente em Rio Grande, foram 3,1 milhões de toneladas.
O resultado dá sequência ao que se observou em todo o último ano, quando houve acréscimo de 13,88% na movimentação dos portos gaúchos em relação a 2022, e em especial, em Rio Grande, onde a alta foi de 14,4%, mesmo com a sucessão de eventos climáticos, como tempestades e ciclones, que também impactaram a costa gaúcha.
"Historicamente o acesso à barra é uma travessia desafiadora. Temos investido em maior tecnologia e em sistemas que nos permitem diagnosticar melhor todas as características da região tendo como um dos objetivos justamente minimizar efeitos adversos das mudanças climáticas. E temos obtido bons resultados. Podemos dizer que o impacto, no último ano, foi mínimo", garante Cristiano Klinger.
Segundo ele, foram somente 60 dias de barra fechada em Rio Grande em 2023, número inferior aos dois anos anteriores. O Porto de Rio Grande faz parte de um conjunto de portos brasileiros em fase de estudos pela Antaq sobre os impactos das mudanças climáticas na atividade portuária. O monitoramento é permanente.
Em Porto Alegre, houve o fechamento do porto durante as cheias, mas, afirma o diretor, com impacto estrutural mínimo.
FICHA TÉCNICA
Investimento: R$ 100 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: Portos RS
Cidade: Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre
Área: Infraestrutura
Estágio: Em execução
Empresa: Portos RS
Cidade: Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre
Área: Infraestrutura
Investimentos em 2022: R$ 180 milhões