Moinho Santa Maria investe para ampliar em 40% a produção de farinha de trigo

Empresa adquiriu segunda fábrica em Canoas, que elevará capacidade de produção total para mil toneladas diárias de farinha

Por Eduardo Torres

Moinho Santa Maria aportará pelo menos R$ 20 milhões em 2023
O Moinho Santa Maria, dono da marca de farinha de trigo Maria Inês, amplia, a partir deste ano, a sua capacidade de produção de farinhas em mais de 40%, chegando a 1 mil toneladas processadas diariamente. Uma ampliação concretizada a partir da compra, efetivada entre dezembro do ano passado e janeiro de 2023, das instalações do Moinho Cruzeiro do Sul, em Canoas. A aquisição do moinho que pertencia à multinacional Glencore, não tem o valor divulgado, mas, de acordo com o diretor-presidente do Moinho Santa Maria, José Antoniazzi, entre os primeiros desembolsos com a compra e os aportes em melhorias de maquinários e processos em suas unidades, a empresa investe em 2023 mais de R$ 20 milhões.

• LEIA TAMBÉM:
Este investimento está direcionado à produção em Santa Maria. São aportados R$ 8 milhões entre a aquisição de maquinário de envase importado da Suíça e a remodelação desta operação.
 

Presença no mercado

Fundada em 1950 no Centro do Rio Grande do Sul, há 12 anos o Moinho Santa Maria adquiriu a sua primeira operação em Canoas, no local onde até então operava o Moinho Guindane. Ao todo, as três unidades somarão 500 empregos diretos e indiretos até o final deste ano. "Nossa prioridade é a linha doméstica de farinhas, com a nossa marca, Maria Inês, e também com a terceirização desta produção de farinha para redes de varejo, por exemplo", explica José Antoniazzi.
O moinho fabrica, por exemplo, as linhas próprias de farinha do Carrefour, Super e Rede Vivo. Mas também atende a linha de panificação, com pré-misturas, destinadas principalmente ao mercado do Sudeste do Brasil. E há a linha de farinhas destinadas à indústria, com fornecimento para grandes clientes como a Nestlé, Bauducco e Germani.
A partir das fábricas gaúchas, os produtos hoje chegam a toda a região Sul e, no Sudeste, a empresa mantém inclusive um centro de distribuição, em Guarulhos. "Hoje temos uma das marcas de farinha preferidas pelo consumidor do Rio Grande do Sul. Historicamente, sempre atendemos muito bem o interior do Estado, mas, hoje, já somos a segunda farinha na preferência de consumo na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) e estamos consolidados também em Santa Catarina. Em São Paulo, nossa atenção está destinada realmente à panificação", diz o diretor da empresa.

Boas perspectivas para o trigo

E a perspectiva é de maior presença, qualidade e competitividade no mercado brasileiro de farinhas. Resultado da melhoria na safra do trigo gaúcho. Para que se tenha uma ideia, há cinco anos, a produção do Moinho Santa Maria utilizava 40% do trigo vindo da Argentina. Hoje, este índice caiu para 10%.
"Há uma conjunção de fatores, mas o principal é que melhorou muito a qualidade do nosso trigo. Nestes dois últimos anos, especialmente, o produtor gaúcho investiu mais não apenas na produção, mas na pesquisa em melhorias do grão", aponta Antoniazzi.
A última safra de trigo gaúcha rendeu 6 milhões de toneladas. Por outro lado, há o agravamento da guerra entre a Rússia e Ucrânia, de onde vinham 33% do trigo usado no Brasil, e quebras na produção e na qualidade da Argentina e do Paraná. Com mais uma temporada de escassez, que afeta diretamente a soja, a tendência é, em 2023, mais uma vez a produção do trigo ganhar destaque na lavoura gaúcha.
Para que se tenha uma ideia, da competitividade que o processamento do trigo gaúcho ganha com o aumento da produção e da qualidade, a tonelada do trigo argentino custa R$ 2 mil ao moinho. O produto gaúcho custa R$ 1,4 mil.

FICHA TÉCNICA


Investimento: R$ 20 milhões
Estágio: Em execução
Empresa: Moinho Santa Maria
Cidade: Canoas e Santa Maria
Área: Indústria