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Publicada em 21 de Abril de 2025 às 18:12

A malha ferroviária e a competitividade do Rio Grande do Sul

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ARTE/JC
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A malha ferroviária do Rio Grande do Sul, já extremamente combalida antes das enchentes de um ano atrás, teve sua situação ainda mais agravada pelo desastre climático. O pior é que o modal, de extrema importância para escoar a safra agrícola gaúcha, ainda não passou pelas manutenções necessárias desde então.
A malha ferroviária do Rio Grande do Sul, já extremamente combalida antes das enchentes de um ano atrás, teve sua situação ainda mais agravada pelo desastre climático. O pior é que o modal, de extrema importância para escoar a safra agrícola gaúcha, ainda não passou pelas manutenções necessárias desde então.
Hoje, o RS possui uma malha de aproximadamente 3,3 mil quilômetros de linhas e ramais ferroviários, dos quais cerca de 1,5 mil quilômetros estão desativados ou com atividades suspensas. O sucateamento das ferrovias sob concessão federal - a cargo da Rumo Logística - causa perdas gigantescas ao Estado, repercutindo de forma veemente na competitividade.
A concessionária administra a Malha Sul desde 1997 e seu contrato é válido até 2027. Ou seja, são décadas de concessão sem modernização e investimentos, que resultaram em locomotivas e trilhos obsoletos.
Um estudo encomendado pelo governo, por meio da Portos RS, revelou dados alarmantes: uma queda de 50% na quantidade de cargas transportadas pela ferrovia gaúcha desde 2006 e a possibilidade de uma economia de, pelo menos, 22% no custo do frete até o Porto de Rio Grande, caso houvesse investimentos na revitalização do modal.
A análise, igualmente, destacou o sucateamento das ferrovias, o baixo aproveitamento para o escoamento de safras e os danos após as enchentes que isolaram as ferrovias gaúchas do restante do País. No desastre de maio, foram 759 quilômetros de atingidos. Até aquele mês, o Estado tinha em torno de 1,6 mil quilômetros de trilhos em condições de uso. Hoje são cerca de 900 quilômetros e, o mais grave, o RS perdeu a ligação férrea com o resto do País.
Um caso emblemático é o da empresa Braskem. Como os trens que traziam o álcool para o RS não tinham mais condições de chegar ao Polo Petroquímico de Triunfo, o transporte do líquido começou a ser feito pelo modal rodoviário, levando, em um ano, 12 mil caminhões a mais às rodovias para suprir essa demanda.
Daqui dois anos vence a concessão da Rumo e, diante da falta de investimentos, uma prorrogação de contrato não pode ao menos passar pela ideia do governo federal. O desenvolvimento do Brasil e do RS depende da diversificação de modais de transporte. Por isso, em uma nova concessão é fundamental que metas de recuperação de trechos e recomposição de rotas há muito paradas estejam nos planos.
 

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