A taxação de 25% sobre o aço e o alumínio por parte dos Estados Unidos já está valendo e a avaliação tanto do governo quanto do setor siderúrgico é que não será benéfica para nenhuma das partes.
Retaliar neste momento está fora de cogitação. Ainda que algumas indústrias acreditem que o governo deva tomar medidas mais duras de defesa comercial, por enquanto o que está no horizonte é a negociação. Algo a que Donald Trump é afeito.
De modo geral, o reflexo da sobretaxa na economia nacional deve ser baixo - apenas 0,01% do PIB e de 0,03% das exportações totais, segundo o Ipea -, mas com um impacto relevante para o setor siderúrgico, já que os EUA são o principal mercado externo para o aço e o ferro brasileiros - 54% das exportações, segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Por outro lado, os norte-americanos são extremamente dependentes dos produtos semiacabados fabricados por aqui. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, em 2022, o país foi destino de 49% do total do aço exportado. Apenas o Canadá superou o Brasil na venda de aço para os norte-americanos.
Já em 2024, o Brasil exportou US$ 5,7 bilhões em aço e ferro - supriu 60,7% da demanda por placas de aço - para os EUA e US$ 267 milhões em alumínio. No ano passado, os EUA precisaram importar 5,6 milhões de toneladas do produto por não ter oferta interna suficiente. Desse total, 3,4 milhões de toneladas foram do Brasil.
É justamente aí que os argumentos mais fortes devem ser usados. Isso porque, segundo quem acompanha o setor, dificilmente as empresas norte-americanas conseguirão suprir a demanda pelo aço brasileiro no curto prazo.
Outro argumento que deve ser usado é o da balança comercial. Em relação aos principais itens da cadeia do aço, os EUA são superavitários em US$ 3 bilhões.
No momento, a maior preocupação do governo é com a fragilidade dos anúncios de Trump, que prejudicam o comércio internacional e possuem potencial de impactar o crescimento econômico. Já as siderúrgicas pleiteiam medidas contra a inundação de aço chinês no mercado nacional, que entra a preços abaixo dos custos de produção. Ou seja, querem que o aço da China receba a mesma taxação de 25% que o exportado do Brasil aos EUA.
Em um mercado competitivo, cada detalhe conta. Se há protecionismo de Trump quanto ao aço que entra mais barato nos EUA do que o produzido por lá, o Brasil pode fazer o mesmo em relação à China. Por isso tudo, há uma crença de que com negociação, o tarifaço pode ser revertido ou amenizado.