Pouco mais de 40 dias se passaram desde a posse de Donald Trump para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos. E, a cada dia no cargo, o republicano reforça a ideia de querer tornar a América rica e grande novamente. Uma de suas premissas para alcançar esse objetivo é a guerra comercial.
Trump apropria-se da definição de América - no caso, do Norte -, hoje terceiro continente mais populoso do mundo. Ignora, propositalmente, o fato de que os nascidos do Chile ao Alasca são todos americanos.
A despeito dessa cisma do republicano, que até renomeou o Golfo do México de Golfo da América, e de seu planos expansionistas - como se os EUA fossem os donos do mundo -, como o desejo de assumir o controle da Groenlândia e retomar o Canal do Panamá, o isolacionismo econômico pregado até aqui não pode simplesmente ser invalidado. É uma ideia de governo que vem fazendo sentido no soberano território estadunidense, tanto que Trump foi esmagadoramente eleito.
Ainda assim, o jornal The Wall Street Journal, usualmente favorável ao republicano, questiona a falta de transparência do presidente quanto a suas ideias para a política externa. Esses movimentos, tomados em conjunto, sugerem uma visão de mundo que há muito tempo é o objetivo dos isolacionistas (norte) americanos: deixar a China dominar o Pacífico, a Rússia dominar a Europa e os EUA as Américas.
O que os "outros" americanos - os do Sul, os do Centro e os excluídos do Norte, Canadá e México -, os mais prejudicados até aqui, podem e devem é questionar as medidas e adotar suas próprias ações de defesa econômica, também como Estados soberanos que são.
Na terça-feira passaram a valer as tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México e uma taxa de 10% extra sobre importações chinesas, elevando o imposto a 20%. Canadá e China retaliaram com taxas sobre importações de muitos produtos dos EUA.
Sobre o Brasil, sobretaxado até agora no aço e no alumínio, Trump afirmou que as tarifas cobradas sobre os EUA são injustas e que haverá reciprocidade. Hoje, 48% das exportações dos EUA ao Brasil chegam sem imposto, e 15% têm taxação de até 2%, segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
O governo brasileiro ainda não definiu como reagirá caso o País seja taxado, mas a avaliação, até agora, é de que medidas unilaterais são contraproducentes para a melhoria da economia global, que desde a pandemia patina com inflação e juros em alta. Errado não está.