A escassez de mão de obra qualificada, há décadas, é apontada como impeditivo ao crescimento de diferentes setores econômicos no Brasil. Preocupa, contudo, que no último ano, empresários ligados ao comércio, serviços, indústria e construção civil venham enfrentando ainda mais dificuldade para preencher vagas de emprego, em um momento de mercado de trabalho aquecido.
O Brasil terminou 2024 com a menor taxa média de desemprego da história: 6,6%, ou seja, 7,4 milhões de pessoas desocupadas. Houve redução de 1,1 milhão de pessoas sem trabalho frente a 2023.
No Rio Grande do Sul, são 288 mil pessoas desocupadas, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Paradoxalmente, há ao menos 12 mil vagas abertas na indústria, no comércio e nos serviços que não conseguem ser ocupadas, muito pela falta de qualificação.
Não é de hoje que se bate na tecla da necessidade de maior qualificação profissional, mas o cenário, ao invés de melhorar, claramente vem se agravando. E, não deixa de ser surpreendente que, uma situação já discutida há décadas e que poderia, notoriamente, mudar a realidade econômico-social de milhares de famílias com emprego e renda, não melhore.
A falta de cursos profissionalizantes e técnicos que atendam às necessidades dos diferentes setores econômicos, somada aos avanço tecnológicos que exigem cada vez mais atualização, são um enorme entrave ao preenchimento de vagas que exigem habilidades e conhecimentos específicos. A situação tem se mostrado desafiadora para um País que aposta em uma nova era de industrialização para crescer.
O Mapa do Trabalho Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou no ano passado que, de 2025 a 2027, 14 milhões de profissionais precisarão passar por qualificação para atender à demanda da indústria.
São 2,2 milhões de novos profissionais que precisam ser formados e outros 11,8 milhões que já estão no mercado e necessitam de requalificação. O levantamento busca dar um norte para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) planejar ações para cursos qualificatórios.
No RS, por exemplo, por falta de mão de obra qualificada, a indústria de móveis - com forte presença em municípios da Serra - fechou o ano passado com recuo de 2,5% no total de empregos.
Um país que aposta na industrialização para alavancar seu potencial no mercado internacional, promover melhores empregos e aumentar a competitividade não pode se dar ao luxo de ter na falta de qualificação um obstáculo.