Todo final e começo de ano são épocas em que as famílias gastam mais. Se, em dezembro, as despesas aumentam em razão das compras de Natal, em janeiro, elas crescem por causa dos gastos com impostos e com as férias, principalmente com viagens. No caso do fim de ano, esse incremento nas despesas já se vê em novembro, como mostra a pesquisa da Fecomércio-RS que aponta que 93% das famílias gaúchas estavam endividadas naquele mês.
O alto índice é causado, principalmente, pelo uso dos cartões de crédito, na medida em que a pesquisa considera endividada uma pessoa que parcelou uma compra, pois ela contraiu uma dívida com promessa de pagamento. Já em relação às famílias com contas em atraso, o índice foi de 36,4%.
Os dados revelam um panorama diverso, visto que, ao mesmo tempo em que indicam um aumento da gama de pessoas com acesso ao crédito, também mostra que o zelo com as contas pessoais carece de mais investimento em educação financeira no Estado e no País como um todo.
O surgimento dos bancos digitais e as facilidades que lojistas proporcionam para a concessão de crédito aos compradores através de seus cartões próprios ampliaram as possibilidades das famílias em adquirir bens de consumo que, outrora, seriam inacessíveis, pois a compra à vista de produtos com maior valor não é possível para a maior parte da população.
Isso, entretanto, não veio acompanhado de uma cultura do planejamento financeiro. As escolas públicas, em sua esmagadora maioria, não possuem em seus currículos aulas que ensinem as crianças, desde cedo, a planejarem suas despesas de modo a manterem uma "vida financeira" equilibrada.
Cabe salientar, também, que, para uma população como a brasileira, com renda familiar per capita média de R$ 1.848 (dados de 2023), economizar e planejar não é uma tarefa fácil. Os gastos com alimentação, transporte, saúde e moradia batem à porta e, para quem ganha pouco, a luta é diária para dar conta das necessidades de sobrevivência.
Para quem pode, porém, um planejamento financeiro, além de organizar a vida do lar e evitar dificuldades, cria novas possibilidades de aplicações. Sempre que se gasta mais do que se arrecada surge um problema que precisa ser resolvido o quanto antes para que se evite a formação de uma "bola de neve". Listar despesas e receitas, prever gastos futuros e criar uma reserva são ações simples que geram resultados.