O ano de 2024 se encaminha para o fim marcado pelo mais grave episódio climático que o Rio Grande do Sul já passou. As enchentes históricas de maio destruíram famílias, levaram vidas, causaram perdas privadas e públicas, com impacto direto na economia do Estado.
A população reagiu, mostrou a resiliência inerente ao povo gaúcho e está dando a volta por cima. Prova disso é que a economia do RS deve crescer cerca de 4% em 2024, superando projeções anteriores. Fatores como a rápida recuperação, as ajudas financeiras pública e privada, um câmbio desvalorizado e a estabilidade na alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) contribuíram para isso.
De qualquer forma, a enchente e suas consequências devastadoras não podem ser esquecidas jamais. Governos, iniciativa privada e população devem trabalhar juntos para que o Brasil e o RS estejam cada vez mais preparados para enfrentar episódios relacionados ao clima, sejam eles secas, chuvas torrenciais, inundações, vendavais etc.
Por óbvio, o aquecimento do planeta tem sido um fator crucial na ocorrência cada vez maior desses desastres. Há o fator cíclico de alguns episódios, mas cientistas de todo o mundo são categóricos em afirmar que há a impressão digital do homem nas secas severas que atingiram a Itália e a América do Sul, nas enchentes fatais no Brasil, Nepal, Sudão e na Europa, nas ondas de calor no México, Mali e na Arábia Saudita, que mataram milhares de pessoas, e ciclones desastrosos nos EUA e nas Filipinas.
Pesquisadores vinculados ao Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus afirmam que este ano será o mais quente desde o início dos registros. E a expectativa é que as temperaturas extraordinariamente altas se mantenham pelo menos até os primeiros meses de 2025.
As mudanças climáticas são resultado, em grande escala, do aquecimento global causado pelo aumento da emissão de gases do efeito estufa, ou seja, dióxido de carbono proveniente da queima de combustíveis fósseis.
Por isso, governos nos três níveis e, igualmente empresas privadas, têm o compromisso, maior do que nunca, de promoverem o desenvolvimento tendo como pilar a sustentabilidade. Iniciativas que não busquem uma transição energética justa, a redução das emissões, a educação e conscientização ambiental e a resiliência climática, precisam ser repensadas urgentemente, sob pena de que, com cada vez mais frequência, o mundo tenha mais e mais tragédias climáticas.