Porto Alegre precisou de uma força-tarefa de limpeza, com 60 trabalhadores, após a realização da Noite dos Museus no último sábado. Entre copos de plástico, embalagens de comida e garrafas de vidro, a prefeitura recolheu cerca de quatro toneladas de resíduos. Situação decorrente tanto da falta de educação ambiental, quanto da falta de lixeiras em vias, parques e praças da cidade.
A capital dos gaúchos é uma cidade com poucas lixeiras. Isso é fato. O maior número de recipientes para o descarte de pequenos resíduos está instalado no Centro Histórico. Ainda assim, não são suficientes para a demanda gerada, vide a sujeira nas ruas e o acúmulo de lixo nas calçadas.
Em bairros próximos ao Centro, como Cidade Baixa, Santana e Farroupilha, os cestos coletores existentes, não raro, estão lotados e visivelmente sem higienização. E, na maior parte dos bairros periféricos, encontrar uma lixeira - isso inclui praças e parques - é tarefa quase impossível.
Em termos urbanísticos, o ideal seria que, em locais movimentados, estivesse instalado um recipiente a cada 50 a 100 metros. Porto Alegre possui cerca de 10 mil ruas, praças - 688 urbanizadas e 10 parques -, avenidas e largos, com em torno de 4 mil cestos coletores, segundo estimativa do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU).
Notoriamente, o problema da sujeira nas ruas não se refere apenas à lacuna de recipientes, mesmo que um maior número seja mais do que necessário. A falta de educação ambiental e de consciência por parte da população sobre a importância da limpeza urbana também é um fator - quase sempre há a possibilidade de carregar os materiais para descarte em casa.
Igualmente, é preciso repensar o uso dos contêineres para a coleta domiciliar. São 2.400 contêineres nos bairros centrais para o descarte de resíduos orgânicos e rejeitos. Não é incomum, porém, a mistura com materiais que deveriam ser destinados à reciclagem.
No ano passado, inclusive, a prefeitura admitiu que o modelo ainda apresentava problemas e que o uso adequado não havia sido incorporado. Tanto é que, muito devido a essa mistura, o índice de resíduos da coleta seletiva (o lixo seco) efetivamente reciclado em Porto Alegre é de apenas 2,1%.
Tanto a falta de cestos coletores para uso por pedestres, quanto a mistura de lixo orgânico e seco são fatores que contribuem para a sujeira nas ruas e suas consequências - alagamentos de vias e transbordamento de arroios, por exemplo. Situações que mostram que é bem-vinda e oportuna tanto melhor educação ambiental quanto uma maior número de recipientes.