O Brasil é uma nação continental, rica e desigual. Economicamente, o País cresce - Produto Interno Bruto (PIB) deve fechar 2024 com avanço de 3,2% -, mas a divisão dessa riqueza, mesmo que alcançando patamares que devem ser celebrados, está longe do ideal. Hoje, no Brasil, o total de pessoas na pobreza e na extrema pobreza é de 59 milhões.
Os dados da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2024, do IBGE, sobre as condições de vida da população, indicam que o País alcançou os menores níveis da série histórica iniciada em 2012. Numericamente, entre 2022 e 2023, 8,7 milhões de pessoas deixaram a condição de pobreza. Proporcionalmente, diminuiu de 31,6% para 27,4%. É a primeira vez que o percentual fica abaixo de 30% na série. Até então, a mínima havia sido registrada em 2014 (30,8%).
O aquecimento do mercado de trabalho e o pagamento de benefícios sociais como o Bolsa Família - medida que divide a sociedade - são dois fatores que contribuíram para que a pobreza e a extrema pobreza caíssem.
No caso do emprego, no acumulado de 2024, entre janeiro e outubro, o saldo superou 2 milhões de novas vagas. É o maior número de empregados com carteira assinada na história brasileira.
A baixa desocupação em todos os estados do País reflete a expansão da demanda por trabalhadores em diversas atividades econômicas, levando a taxa para valores próximos aos de 2013, quando esse indicador estava em seu menor patamar. Esse maior dinamismo puxou a queda no caso da pobreza.
Ainda que o maior número de pessoas empregadas tenha sido preponderante na redução dos indicadores, o pagamento de benefícios sociais também tem trazido consequências positivas no aspecto socioeconômico das famílias atendidas.
O Bolsa Família, um dos principais programas assistenciais, alcança 54 milhões de pessoas. As críticas ao benefício são de que o valor de R$ 600,00 (o mínimo pago) cria uma dependência e não prepara os que recebem para o mercado de trabalho.
Em resumo, tanto a queda do desemprego como o repasse de benefícios têm seu peso no que se refere à retirada de famílias da pobreza e da extrema pobreza. Sem os benefícios sociais como o Bolsa Família, a taxa de pobreza até continuaria em queda, conforme o IBGE, passando de 35,4% em 2022 para 32,4% em 2023.
Por outro lado, a proporção de pessoas extremamente pobres teria crescido caso os programas desaparecessem dos cálculos. O percentual aumentaria de 10,6% em 2022 para 11,2% em 2023.