Os números do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil têm sido uma grata surpresa a cada trimestre. Os mais recentes dados, divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a saúde econômica do País está melhor do que as projeções previam e deve fechar 2024 com um crescimento de 3,2% - percentual que ainda possui margem para subir -, um dos melhores índices entre os principais países da América Latina.
No trimestre que compreende julho, agosto e setembro, a economia avançou 0,9% no rastro de um crescimento de 1,4% no segundo trimestre. Foi o 13º período consecutivo com resultado positivo.
O principal motivo é o aumento da renda disponível, incluindo aí benefícios sociais, maior crédito e queda na taxa de desocupação - chegou a 6,9% no terceiro trimestre, a menor desde 2014 -, além das reformas que o País tem feito na última década, que incidem, cada uma de forma particular, na sustentação dos números.
Outra boa notícia foi uma correção do PIB de 2023 ante 2022, que passou de uma alta de 2,9% para 3,2%, após uma revisão na série da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS). Na atualização foram constatadas mudanças, principalmente em serviços profissionais.
Precisa ser registrado que o PIB mede o valor de mercado da produção de bens e serviços finais de uma nação, mas não de modo perfeito. Isso ocorre, justamente, por não levar em conta a forma como a riqueza é distribuída.
Assim, em um cenário de longo prazo, mesmo que capaz de ter reflexos na elevação do padrão de vida da população, pode ser freado pela alta da inflação e dos juros. Uma situação que acaba por penalizar a atividade econômica, barrando investimento e reduzindo o consumo.
Pode pesar, igualmente, a falta de controle das contas públicas. O pacote de corte de gastos anunciado na semana passada não foi bem recebido pelo mercado por misturar o benefício da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil com medidas de austeridade fiscal. O pacote prevê uma economia de R$ 70 bilhões em dois anos (R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026). Até 2030, a previsão é que possa chegar a R$ 327 bilhões.
As medidas até mostram uma boa vontade em equilibrar as contas públicas, mas especialistas em finanças estão céticos de que a economia anunciada para os próximos anos de fato ocorra. O desafio do governo será, justamente, fortalecer a economia e garantir que as conquistas perdurem.