A construção da ponte entre Rio Grande e São José do Norte tem potencial para mudar o destino da região Sul do Rio Grande do Sul, ao fomentar o desenvolvimento dessa parte do Estado que, historicamente, é mais empobrecida.
O engajamento por uma ligação a seco entre as duas cidades começou há 42 anos. Agora, a promessa, feita pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), é de que o edital de licitação para o projeto executivo seja publicado ainda em 2024.
Estudos sobre o impacto que a ponte teria na economia da região indicam a atração de turistas de países vizinhos e a ampliação do potencial portuário de Rio Grande. Há, inclusive, uma articulação entre autoridades dos litorais Norte e Sul, prefeitos e vereadores, sobre o estabelecimento de uma rota turística.
Alternativa às BR-116 e 392, utilizadas para acesso ao Porto de Rio Grande, a BR-101, que liga São José do Norte até Osório, diminui em 100 quilômetros o trajeto. Um dos motivos que dificulta a utilização dessa via hoje é o valor da balsa para atravessar o canal até Rio Grande, que pode chegar a R$ 500,00 para caminhões. Um custo elevado para o transporte de cargas.
Com a ponte, no entanto, seria muito mais rápido e barato para caminhões chegarem ao porto. Do ponto de vista portuário, por exemplo, a ponte pode destravar o desenvolvimento de terminais no lado de São José do Norte, onde, inclusive, o canal é mais profundo, o que garantiria maior potencial hidroviário ao RS.
A economia, da mesma forma, seria beneficiada pelo movimento de turistas. Estudos já realizados dão conta de que poderia haver uma movimentação de cerca de 200 mil turistas/ano pelo Litoral Sul, incluindo uruguaios e argentinos que vão para Santa Catarina.
A empresa que vencer a licitação do projeto executivo da Ponte da Fraternidade, como é chamada extraoficialmente, terá dois anos para desenvolvê-lo, a partir da assinatura do contrato.
Fato é que há espaço na Metade Sul para, melhorando a infraestrutura de forma geral, atrair novos investimentos e consolidar projetos já existentes. Um panorama futuro cujos efeitos serão maior geração de emprego e de arrecadação para os municípios litorâneos.
Naturalmente, a construção da ponte também é vista como um trunfo para o plano de produção de hidrogênio verde a partir de energia eólica offshore em Rio Grande, atualmente, em análise pelo Ibama. Hoje, do total de 27 projetos protocolados junto ao órgão federal na faixa junto ao litoral gaúcho, 20 estão localizados no Litoral Sul.