A história se repete. Agora, a tragédia foi na Espanha. E, lamentavelmente, a previsão é de que se repita de forma cada vez mais frequente. As cenas dantescas da enxurrada arrasadora na cidade de Valência são um lembrete de que se o mundo não frear a emissão de gases do efeito estufa, outras tragédias virão.
Depois de os gaúchos passarem, em abril e maio, pela pior tragédia climática do Rio Grande do Sul, não há como não se solidarizarem com as imagens de estradas e pontes destruídas, automóveis empilhados e casas levadas pela força da água na Espanha. Por lá, o número de vítimas fatais da tempestade, que vem sendo chamada de a "pior do século", já ultrapassa 200. Por aqui, foram 183 mortos.
Em oito horas, em algumas regiões espanholas o volume de chuva superou o que caiu em três dias no RS. Assim como aqui, os danos são extensos. Estradas estão inundadas e o transporte aéreo e por trens está paralisado.
Em Porto Alegre, o Aeroporto Salgado Filho levou cinco meses para se reestruturar e reabrir para pousos e decolagens. O Trensurb, sistema de trens metropolitano, pretende reativar a última estação ainda fechada por consequência da cheia em dezembro - sete meses após ser inundada.
Todas as regiões do mundo têm registrado chuvas históricas. Na Europa, a tempestade Boris provocou as piores inundações em duas décadas na Polônia, Áustria, República Checa, Hungria, Romênia e Eslováquia.
Na África, países como Somália, Quênia e Tanzânia sofreram com enchentes e deslizamentos intensificados pelo El Niño. Na Ásia, Xangai, na China, foi atingida pela pior tempestade em 70 anos.
Na América do Norte, o furacão Milton foi o segundo ciclone tropical mais intenso já registrado. No Canadá, o volume de chuva em julho ultrapassou o recorde estabelecido há 80 anos.
Em Valência, como em cidades gaúchas e outras do mundo, o serviço meteorológico emitiu alertas. Ainda assim, além de muita gente não ter tomado conhecimento, ainda há aqueles que não acreditam nos alertas e não se preparam.
A crise climática, provocada pelo aquecimento global e a queima de combustíveis fósseis, é apontada como agente causador da maior violência, frequência e impacto desses eventos. A meta mundial é limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, até 2030.
Cada país tem metas específicas. No Brasil, é de 53%. Estados e municípios, porém, podem e devem adotar iniciativas, principalmente aquelas que capacitem as cidades com meios mais eficientes de sustentabilidade.